Deputados estaduais avaliaram, a pedido do jornal O Estado, a decisão do Governo Federal de reduzir “à primeira vista”, 10 ministérios dos 39 existentes, com o intuito de cortar gastos do Governo. Para alguns, a reforma ministerial, que deverá extinguir cerca de mil cargos comissionados, foi avaliada como uma “boa medida”, contudo, os parlamentares ouvidos ponderaram que o anúncio foi tardio e não atende suficientemente ao problema do País, que está com a economia e a política abaladas. Entre os mais críticos, o deputado Renato Roseno, do Psol, afirmou que a iniciativa é uma “ação de cunho político” para minimizar as crises que abalam o Planalto.
“É jogo de cena”, ressaltou Roseno, com a justificativa de que o Ministério do Planejamento não fez nenhum estudo técnico para verbalizar a decisão. “Enquanto não sair o decreto do Ministério do Planejamento, dizendo o que exatamente vai acontecer, isso não significa nada”, disse.
Conforme o deputado, o anúncio é mais de “cunho político” para criar a ideia de que o Brasil está trabalhando para sair da crise. “O nosso problema, hoje, é da macroeconomia. Nós estamos com 47% do orçamento capturado pela dívida pública e ninguém fala isso”, questionou.
“Cosmética”
Entre os parlamentares que observam a medida como “boa” está o deputado tucano, Carlos Matos, que, contudo, a classificou a ação como “cosmética”, em razão de ela não “tocar” na essência do problema do País. “Primeiro que mil cargos, para o inchaço que houve em Brasília, não significam quase nada. A necessidade de redução dos 10 ministérios é desde sempre, mas o que está faltando é uma decisão corajosa de reduzir os gastos do Governo mesmo”, disse.
O parlamentar criticou que, enquanto a presidente anuncia redução dos ministérios, na semana passada, ela liberou R$ 15 bilhões para as empresas, sendo R$ 5 bilhões para indústrias automobilísticas, o que, segundo afirmou, deverá segurar 780 mil empregos. “O pequeno e médio empresário continuam pagando juros caros, altos. Os bancos tiveram o maior lucro da história e cresceram em ano de crise, 15% o lucro”, frisou, tecendo ainda duras críticas a presidente, afirmando que ela não tem mais o comando do País. “Ela está fazendo uma besteira atrás da outra. Até quando tenta acertar, ela erra”, disse.
Já o deputado petista Moisés Braz avaliou ser uma medida “importante” e que, agora, espera que essa seja uma política definitiva do Governo. “Eu não sei se seria reduzindo 10 ministérios que se resolva o problema, mas acho que se deveria cortar alguns postos e ministérios, tenho dúvidas quanto aos números”, opinou.
Conforme o petista, o Governo dá sinal de que quer cortar gastos, haja vista ser isso que a sociedade está esperando. “Se espera que o Planalto reaja e que isso seja positivo para que o País volte a crescer e gerar mais oportunidades para controlar os gastos do País”, pontuou.
Corte na carne
O peemedebista Danniel Oliveira também avaliou positivamente a decisão e ressaltou que o Governo ainda não tinha cortado da própria carne. Para Oliveira, o enxugamento da máquina pública já foi realizado tardiamente, porém, era necessário que, de maneira enérgica, ministérios que são ligados a outros, por exemplo, o da Mulher com o da Desigualdade sejam extintos. “Dentro de casa é que se dá o exemplo de economia. Que os órgãos públicos que estão sem utilização, sejam repassados à iniciativa privada e que sejam reduzidos os custos desses órgãos”, defendeu.
Papel
Para o deputado Roberto Mesquita (PV), a medida também é fundamental, desde que não faça parte de uma estratégia para encobrir o que nós estamos vivendo. “Nós temos uma presidente que virou uma zumbi, que não preside e não exercita o seu papel de presidente”, afirmou.
Segundo Mesquita, o Governo está paralisando o País. “Vê-la tomando essas iniciativas e reconhecendo os erros é louvável, desde que isso não faça parte de uma estratégia de criar uma agenda impositiva para cobrir outra”, pontuou.