O deputado Heitor Férrer alega ter recebido uma mensagem da mãe de uma estudante da Uece, lamentando sobre os prejuízos da greve
FOTO: BRUNO GOMES
Motivado por uma mensagem enviada pela mãe de uma aluna da Universidade Estadual do Ceará (Uece) por meio das redes sociais, o deputado Heitor Férrer (PDT) lamentou, ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa, o prolongamento da greve das universidades estaduais. Na avaliação dele, a cada dia que a greve se estende, aumenta o prejuízo para os estudantes, professores, universidade e Estado.
Destacando a realização de duas greves em dois anos, Heitor apontou que a paralisação dos professores teve início em setembro do ano passado e se prolongou até janeiro deste ano. "Cinco meses de prejuízo para a universidade, para o ensino público, para os estudantes, para o Estado do Ceará. A primeira etapa foi suspensa no início de 2014", afirmou, apontando que, novamente em setembro, agora de 2014, a greve voltou a acontecer.
No entanto, o parlamentar ponderou que, ao contrário do que afirmava a mensagem que recebeu da mãe de uma aluna da Uece, a culpa não é dos professores. "O professor entra em greve porque chegou ao limite de suportar os desgovernos", criticou. "Já são mais três meses de prejuízo. Obviamente que não pudemos deixar de falar dessa greve, como se fosse a coisa mais natural do mundo, quando é uma tragédia", acrescentou.
O pedetista ressaltou que a greve é motivada pela falta de professores nas universidades, cuja carência é de 609 profissionais nas três universidades estaduais. "O que os professores querem é melhorar a universidade. Os professores não conseguem mais levar os cursos e exigem o mínimo, que é concurso público para contratar novos professores", defendeu.
Para Heitor, apesar de a gestão Cid Gomes (PROS) ter contribuído para melhor outros setores do serviço público, como a Defensoria Pública, a situação das estaduais é "demérito do governo". "O governo não resolveu. As universidades estão paradas. Os alunos estão parados. Os professores estão sofridos. A carência é de 609 professores, que é uma imensidão. É um número elevadíssimo de carência".
Acusações
Em aparte, o líder do Governo na Casa, José Sarto (PROS), rebateu as acusações do colega. Segundo afirmou, quase todas as reivindicações dos docentes teriam sido atendidas pelo governador, reconhecendo que houve um impasse devido à falta de consenso entre as universidades sobre a quantidade de vagas de professores que deveriam constar no edital. "Lamentavelmente, chegou o período eleitoral e o governo foi impedido de tomar certas atitudes", justificou.
"Dos seis pontos que foram levantados durante a greve, cinco foram atendidos logo após o acordo. E o governador foi a cada universidade, fez os seminários", apontou Sarto. Em resposta, Heitor destacou que o governo falhou em conseguir achar uma solução. "O importante é que haja uma solução, o que não houve. (O governador) falou com as universidades, mas não resolveu. O impasse posto impôs uma greve", reforçou.
A deputada Rachel Marques (PT), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Educação Superior da AL, que afirma ter acompanhado de perto a greve, corroborou com o discurso de Sarto, apontando que a maioria dos pontos foi acatada, faltando só o concurso. "Houve o compromisso por parte de governador eleito Camilo Santana de que ele faria o concurso no primeiro semestre de 2015", apontou.