O deputado Lucilvio Girão (SDD), em seu pronunciamento, ontem, na Assembleia Legislativa, lamentou o aumento de acidentes nas estradas cearenses e destacou que a maioria deles tem acontecido com os condutores de motocicletas. Ele ressaltou, que, geralmente, quando o motoqueiro sofre um acidente, vai a óbito ou fica com sequelas para o resto da vida. "O para-choque do motoqueiro é a face, o tórax dele. Quando sofre um acidente, geralmente vai a óbito, deixando viúvas e filhos pequenos, um problema social muito grave", ressaltou. O deputado orientou os condutores de motos a fazerem o uso de capacetes e chamou atenção daqueles que andam com até duas pessoas como passageiros. Segundo o parlamentar, os gestores municipais são obrigados a aumentar a fiscalização das vias e punir aqueles que insistirem na infração. Ele destacou que quando o governador ou prefeitos tentam tomar uma atitude mais enérgica, muitas vezes são criticados por boa parte da população que se revolta. O parlamentar destacou também que os acidentes de moto vêm causando a superlotação em unidades de saúde, como no Instituto Dr. José Frota (IJF), onde há dificuldades para se conseguir vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para esses motociclistas que estão ocupando os corredores do hospital. Segundo Girão, para os casos mais simples, pode-se demorar de quatro a cinco meses para que o acidentado consiga passar por uma cirurgia. Prejuízo "Aí vai atrás do INSS, de se aposentar, dando prejuízo à União, ao Estado e ao Município", lamentou Lucilvio. O deputado Tomaz Holanda (PMN) acrescentou que 50% dos pacientes que chegam ao IJF são acidentados de motos e lamentou não ver a fiscalização feita pelos gestores municipais. Já o deputado Fernando Hugo (SDD) clamou para que fosse criado um hospital de traumas para desafogar o Instituto José Frota e disse que nos equipamentos de saúde que existem algumas pessoas passam até três meses para passarem por uma cirurgia. "O que há de acidentados no IJF e em outros hospitais é uma coisa que exorbita. Por isso que tantas vezes eu tenho suplicado para o governador, para o prefeito de Fortaleza, para os prefeitos da Região Metropolitana de Fortaleza construírem aquele que é o sonho de cada cidadão, um hospital metropolitano, ali perto da BR 116 e CE 040", disse. Roberto Mesquita (PV) afirmou que defende que haja fiscalização para inibir ação de infratores, mas ressaltou que se opõe à chamada "indústria da multa", como a de colocação dos foto-sensores, que para ele são "verdadeiras ratoeiras, com o fito único de arrecadar". Ele ressaltou ainda que a Lei de trânsito obriga que haja uma sinalização para avisar sobre esses equipamentos, o que não estaria acontecendo. "Não se deve confundir a multa com a indústria para dar dinheiro às empresas que ganham com isso", reclamou. Programa O parlamentar propôs ainda que se criasse um programa de conscientização dos condutores de motocicleta sobre os perigos de se transitar de forma irregular nas vias do Estado. "Eu chego a imaginar que poderíamos ter algum tipo de medida para inibir e conscientizar o motoqueiro sobre os problemas ocasionados com o acidente", expôs. Para Hugo, "se o motociclista passasse duas horas no IJF, ele pensaria duas vezes". E questionou: "Já imaginou o tempo que eles passam em busca de cirurgia? Qual o valor disso para o Estado?". Em resposta, Lucilvio disse que o problema da saúde no Ceará passa por Brasília, uma vez que não houve aumento nos repasses para o Sistema Único de Saúde (SUS), o que fez com que os hospitais de referência do Estado fechassem suas portas.