O deputado João Jaime (DEM)convocou seus pares de oposição na Assembleia Legislativa para formarem um "bloquinho" em alusão ao "blocão" na Câmara dos Deputados. Segundo ele, a ideia é tornar os discursos dos opositores mais coeso com um embate mais igualitário contra a maioria que é da base aliada. Alguns governistas mais insatisfeitos podem aderir ao grupo, acredita. Segundo disse, a oposição atualmente é difusa, pois nos próprios partidos dos deputados alguns apoiam o Governo, e a ideia é que eles se unam para fazer uma oposição organizada e unida, com uma pauta a ser tratada, exigindo funcionamento mais efetivo das comissões técnicas da Assembleia e a tramitação de matérias com os prazos adequados. "Mesmo que tenhamos candidatos a governador e presidente diferente, temos algo em comum que é nos opormos ao pensamento do Governo", disse ele. O parlamentar já conversou com alguns deputados e ressaltou que esses já se comprometeram em participar do grupo. "O objetivo do bloquinho é organizar a oposição e falar por uma linguagem só o que a sociedade acha que está errado. É uma paródia do blocão, porque o blocão quer apenas barganhar cargo e nós não queremos isso. Queremos representar a população que não se sente representada por esses partidos. Aqui nesta Casa tem deputados que não concordam com o que está acontecendo neste Estado", disparou. Qualificar O deputado afirmou que o momento é de fazer esse debate mais propositivo entre a oposição, e salientou que não existe qualquer motivação eleitoral por trás da tentativa de se criar esse grupo. Antônio Carlos (PT) não aceitou o convite de participar do bloco, visto que quem está propondo a constituição do bloquinho é o deputado João Jaime, do DEM, e ex-filiado ao PSDB. "Eu não posso constituir, participar de um bloco que tenha posição contrária ao meu partido. Eu tenho uma posição de liberdade em meu partido e acho desnecessário participar desse bloco, mesmo sendo contra a posição do PT de apoio ao Governo. Não me interessa estar neste bloco". Já Eliane Novais (PSB) afirmou que irá participar do grupo, e mostrou interesse em tornar coesa a posição dos opositores na Casa Legislativa. Segundo ela, diferentemente de quem vai compor o grupo, a ideia é melhorar o pleito para o Estado do Ceará para mostrar ao próximo governador aquilo que parte da população que quer. "O Cid se comportou desta forma e no próximo Governo nós não queremos isso. Queremos apenas qualificar o discurso", disse ela, afirmando que o "bloquinho vai dar certo" e que poderá até influenciar naqueles aliados mais insatisfeitos. Heitor Férrer (PDT), um dos principais opositores ao Governo Cid Gomes, defendeu a ideia para a defesa de temas e assuntos programáticos pela oposição. "Neste ano que as coisas começam a se definir, é importante este bloco, porque quem sabe até o PMDB como partido possa assumir a posição deste bloco. Eu estou dentro deste bloco", disse o pedetista. O líder do PMDB na Assembleia, deputado Danniel Oliveira, chegou a comentar com os colegas que é importante que se crie um bloco para fazer o contraponto às ideias massificadas da grande maioria da base aliada. Aderir "Isso é importante por que cada qual tem como contribuir e agora serão vários partidos. Tem o PR, o PSB, o DEM, o PDT do Heitor e o PV do deputado Roberto Mesquita. Por várias vezes eu dizia que era importante esta unidade. É bom que tenha sempre um opositor falando na tribuna da Casa", disse a deputada Fernanda Pessoa. Ela afirmou ainda que muitos deputados da base aliada podem também aderir ao grupo, visto a insatisfação que eles têm feito não só nos bastidores da Casa, mas também ao subirem na tribuna da Casa. Ely Aguiar (PSDC) disse que vai analisar a questão para ver se participa do grupo, mas ressaltou que a Assembleia Legislativa, praticamente, vem ao longo dos anos, homologando tudo o que o Governo do Estado encaminha para os parlamentares. Ele ressaltou ainda que somente Eliane Novais, Heitor Férrer, Fernanda Pessoa, Antônio Carlos e Roberto Mesquita, além de João Jaime poderiam participar do grupo. "Eu nunca fiz oposição leviana, mas sempre fiz de forma independente. Acredito que se não houver acordo no nome do Eunício, muita coisa vai mudar", disse ele, afirmando que não estava se comprometendo com o bloco. O líder do Governo na Casa, deputado José Sarto (PROS), criticou a motivação que levava os parlamentares a se unirem em um bloco, visto que, para ele, o grupo não visa apresentar teses ou projetos, mas apenas "chantagear o Governo do Estado". "A motivação é completamente não republicana. Não vejo como prática saudável arregimentar pessoas de ideologias diferentes para fazer trabalho nada republicano. Esse bloquinho não trará nada de importante para a política cearense" atacou o deputado José Sarto.