Você está aqui: Início Últimas Notícias Marina Silva define desmatamento da Amazônia como crime contra a humanidade
A convidada, que ganhou reconhecimento internacional pela defesa da Amazônia, define o atual ritmo de desmatamento da floresta brasileira como um crime contra a humanidade, com repercussões climáticas em todo o mundo. Marina alerta ainda para o impacto do desmatamento na geração de riquezas do Brasil, calculada por meio do PIB.
Para a ex-senadora, quando se destrói a floresta, o risco é enorme, já que a Amazônia é responsável pelo regime de chuva não só do Brasil, mas da América do Sul. “Essa destruição significa uma perda de 70% do PIB da América do Sul. A gente faz festa se crescer 1%, 2%, 3%. Imagine o que é perder 70% do PIB, com o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste virando um semiárido, e o semiárido virando um semideserto", assinalou.
Quanto ao governo de Jair Bolsonaro, em especial em relação à gestão ambiental, Marina Silva detalha que sua expectativa é que o impeachment do presidente seja apreciado pela Câmara dos Deputados. Para a ex-ministra, a reputação construída pelo Brasil na área climática e ambiental sofre retrocessos que comprometem a participação do País na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021, na Escócia, em novembro.
Segundo ela, as expectativas em relação ao Brasil são baixíssimas, inclusive, na última reunião que o presidente Biden fez para enfrentamento da insegurança climática, Bolsonaro não foi convidado. “Bolsonaro, na reunião da Cúpula do Clima, disse inverdades. Afirmou que o desmatamento estava sob controle e que a gestão ambiental havia sido ampliada. Uma semana depois, o Governo fez um corte de R$ 240 milhões no orçamento do Ministério do Meio Ambiente. O presidente Bolsonaro é um negacionista assumido, não defende políticas de enfrentamento ao problema da mudança climática”, lamentou.
O deputado Acrísio Sena (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Casa, participou do programa e salientou que o Governo Federal acumula recordes em desmatamentos e queimadas, acompanhados de um processo de esvaziamento dos órgãos de controle, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Para a ex-ministra, essa é a intenção do Governo Federal, demolir tudo que tenha relação com o meio ambiente. “Estamos vendo um grande desmonte do meio ambiente e dos órgãos ligados, além de uma tentativa de intimidação dos servidores públicos e substituição desses profissionais por pessoas ligadas à segurança e que não entendem nada de meio ambiente. São ataques diários aos povos indígenas e ativistas ambientais”, disse.
À frente do Ministério do Meio Ambiente, entre 2003 e 2008, Marina foi por três vezes candidata à Presidência da República, em 2010, 2014 e 2018, e cumpre agenda de articulações políticas, mas ainda não definiu se disputará as eleições em 2022.
“Eu quero ajudar a construir um debate, e não um embate. Ajudar em uma alternativa para que não voltemos a um passado que não faz autocrítica. Proponho debater o País com os empresários e com todos os trabalhadores, e não ficarmos reféns desse presente terrível, com um presidente antidemocrático, antidireitos humanos, antiambientalista e negacionista”, apontou.
Marina criticou ainda a instrumentalização em relação à fé e à política. “Isso não é bom nem para a política e nem para a fé. Quando se tem uma função pública, você governa para todas as pessoas, independente da fé, do credo e da orientação sexual, entre outros. Não podemos governar impondo a nossa fé. Inclusive, foi graças a Lutero que tivemos a separação da política e da igreja, e essa grande contribuição não pode ser esquecida”, frisou.
Durante a entrevista, Marina Silva destacou como estão sendo as articulações da Rede para as eleições de parlamentares no Congresso Nacional. São cinco senadores, porém um número abaixo do esperado para deputado federal. “A Rede não conseguiu a cláusula de barreira em 2018, mas decidimos continuar como um partido, mesmo sem fundo partidário. Estamos trabalhando para ter bons nomes de deputados e deputadas, senadores e senadoras”, explicou.
Conexão Assembleia é transmitido nas redes sociais da Assembleia Legislativa do Ceará, no YouTube e no Facebook, às segundas-feiras, a partir das 8h. A produção é veiculada também na TV Assembleia, às segundas-feiras, às 20h30. O programa também fica disponível no podcast da emissora. Basta procurar o canal nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts e Google Podcasts.
GM/AT/com Assessoria