Inês de Barros Lima morreu no dia 21 de novembro deste ano e, ao longo da sua vida, realizou diversos trabalhos de assistência e acolhimento às pessoas em situação de rua. No evento, foi representada pela Irmã Vilanneide Ferreira de Souza, da Função Provincial das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.
O deputado Renato Roseno (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da AL, que realizou o evento, afirmou que o momento é de homenagear, mas também firmar o compromisso de manter viva a causa pela qual Irmã Inês lutou, que foi a de dar dignidade às pessoas em situação de rua, especialmente em um momento em que a vulnerabilidade vem aumentando. "Falta orçamento, falta política, falta compaixão", disse.
Irmã Vilanneide destacou o trabalho e dedicação de Irmã Inês, afirmando que o Prêmio é dedicado às pessoas em situação de rua, “as mais importantes desse momento”. Ela lembrou o acolhimento com que Irmã Inês recebia cada pessoa, chamando cada um pelo nome e buscando devolver a autoestima e dignidade.
Ela alertou ainda que Fortaleza tem mais de cinco mil pessoas em situação de rua que precisam de assistência, ressaltando ainda os impactos causados pela pandemia de Covid-19 e a necessidade de solidariedade para enfrentar o momento.
ACOLHIMENTO E DIGNIDADE
Antônio Josivan, do Movimento Nacional de Pessoas em Situação de Rua, relembrou que todos eram acolhidos nos braços da Irmã Inês, a “mãe dos necessitados”. “Onde houver um gesto de amor, lembraremos de ti, a mãe do povo da rua”, declarou.
Padre Lino Allegri, da Pastoral do Povo da Rua, afirmou que Irmã Inês vivenciou a presença de Deus no meio desse povo que é esquecido, não é reconhecido como gente e, por isso, não têm direitos respeitados. "Ela dedicou toda a sua força e empenho para mostrar que essas pessoas são gente", disse.
Frei Naílson, do Comitê Estadual de Pessoas em Situação de Rua, questionou como é possível ter tantas pessoas dormindo nas ruas e na praça em que aconteceu o evento, quando existem tantos prédios desocupados. “Bradamos que o povo da rua também tem direitos. Quem deve chegar primeiro a eles é a assistência, saúde, educação e não as forças de segurança. Herdamos essa missão de continuar lutando por mais vida e dignidade para a população”, afirmou, relembrando o legado de Irmã Inês.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Fortaleza, vereadora Larissa Gaspar (PT), agradeceu aos que lutam pelos direitos humanos e reafirmou o compromisso no trabalho contra as desigualdades.
Participaram ainda da entrega do Prêmio, que aconteceu pela primeira vez fora da AL, Paulo Pires, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE); Vicente Alfeu Teixeira, subdefensor da Defensoria Pública do Estado do Ceará; Miguel Rodrigues, advogado do Escritório Frei Tito de Alencar; Messias Douglas, do Fórum da Rua.
O evento atendeu requerimento do deputado Renato Roseno (Psol), com subscrição dos deputados Júlio César Filho (Cidadania), Walter Cavalcante (MDB) e Augusta Brito (PCdoB).
PRÊMIO FREI TITO
Anualmente, o Prêmio Frei Tito de Alencar marca o Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado em 10 de dezembro, com o reconhecimento do trabalho de pessoas e entidades dedicadas à defesa e efetivação dos direitos humanos no Ceará e no Brasil. O prêmio homenageia ainda o cearense Frei Tito, um símbolo da defesa dos direitos humanos durante a ditadura militar.
O Prêmio foi criado em 2001 pela Assembleia Legislativa do Ceará e premiou nos últimos anos o Movimento Feminino pela Anistia (2019); a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (2018), assassinada naquele ano; Maria Cineide Almeida (2017), do Movimento Organizado dos Trabalhadores e Trabalhadoras Urbanos (Motu/Ceará); e o advogado e ex-deputado João Alfredo Teles Neto (2016).
SA/LF