O estudo promissor com o mosquito deve começar a ser conduzido no Estado no início de 2021. Um brasileiro pesquisador da Fiocruz de Minas Gerais, que trabalha na Austrália, viu com seus colegas de pesquisa que se o Aedes estiver com uma bactéria que é comum a outros mosquitos, ele deixa de transmitir as doenças. A pesquisa começou na Austrália e hoje sete países já estão conduzindo essa experiência, além do estado do Rio de Janeiro. No Ceará, os pesquisadores da Fiocruz terão que juntar essa bactéria com o mosquito, produzir esse novo Aedes e distribuir em larga escala para todo o Nordeste.

“Vai ser uma experiência muito importante, mas parou um pouco com a pandemia. O pesquisador ficou com medo de vir ao Ceará, ele já é idoso. Mas estamos trabalhando muito do projeto para termos R$ 12 milhões no orçamento do Ministério da Saúde para termos essa biofábrica aqui na Fiocruz, e eu espero que até dezembro a gente esteja com essa contratação feita, para que a empresa comece a construção”, afirma Carlile Lavor.

A bactéria que deverá ser introduzida no Aedes aegypti se chama Wolbachia. É comum em outros insetos, mas não no mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Os estudos verificaram que o Aedes pode passar a hospedar a bactéria em seu aparelho digestivo, deixando de ser capaz de transmitir essas doenças.

A unidade da Fiocruz no Ceará atua no Estado desde fevereiro de 2009 e inaugurou sua sede na cidade de Eusébio, em 2018. O núcleo promove o intercâmbio de profissionais e iniciativas para a estruturação das ações da fundação no Ceará.

Carlile Lavor, defensor do Sistema Único de Saúde (SUS), tem formação em Microbiologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Dirigiu o Laboratório de Microbiologia do Hospital das Clínicas e o laboratório do Hospital de Maracanaú. Foi professor da Universidade de Brasília (UnB) de 1969 a 1978.

Ex-prefeito de Jucás, presidiu a Associação dos Municípios do Ceará (Aprece). Premiado pelo Unicef por dedicar-se à escolarização infantil, representou o Brasil no Encontro Internacional dos Prefeitos Amigos da Criança, no México, em 1994.

Na África, foi consultor para o Ministério da Saúde de Angola nos anos 2007, 2008 e 2014 na implementação de programa de agentes de saúde. Também atuou como titular da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa), nos períodos de 1987 a 1988 e em 2015. Entre os anos de 2008 e 2014, coordenou o escritório da Fiocruz no Ceará.

Produzido por Helenir Medeiros e apresentado pelo jornalista Renato Abreu, o Questão de Ordem vai ao ar de segunda a quinta-feira, às 19h30, com reprise de uma das atrações da semana na sexta-feira. O programa é transmitido pela rádio FM Assembleia (96,7 MHz), de segunda a sexta-feira, às 22h.

WT/LF