Antônio Lima atua como gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Fortaleza e integra o comitê científico que auxilia os nove governadores do Consórcio Nordeste na tomada de decisões no combate à pandemia da Covid-19. Ele auxiliou diretamente na elaboração do Plano de Retorno das Atividades da AL.
“O plano de retorno gradual da AL foi muito bem organizado, com respeito às normas sanitárias, como realização de testagens nos parlamentares e funcionários, sanitização do ambiente, distribuição de material protetivo para uso dos presentes, medidas que devem ser tomadas por todas as organizações que estão retomando suas atividades, a fim de evitar um prolongamento da pandemia”, disse.
O especialista ressaltou que, atualmente, observa-se uma mudança no padrão da transmissão, que tem diminuído na região Nordeste e crescido nas regiões Sul e Centro-Oeste, principalmente em estados como São Paulo e Minas Gerais. Ele explicou que esse platô de estabilidade se deve a esse deslocamento da pandemia e também ao fato de que, desde o início, faltou uma coordenação nacional que pudesse articular ações em uma atmosfera mais colaborativa, menos negacionista e mais científica no tratamento da crise sanitária no País como um todo.
Antônio Lima informou que o Ceará se encontra em sua nona semana consecutiva de redução de casos, redução de óbitos e diminuição da taxa de ocupação dos leitos. Ele reforça, entretanto, a atenção aos protocolos de segurança no sentido de se precaver para um eventual repique.
Ele explicou ainda que, em algumas áreas do Estado, a situação é um pouco distinta de Fortaleza. A região Norte agora que começa a se estabilizar, de forma mais lenta, no trecho entre Sobral e a região da Ibiapaba, seguindo até a região litorânea. A região do Cariri é a que concentra a maior parte dos casos atualmente, mas nas últimas duas semanas também já começou a apresentar tendências à estabilização.
“É uma situação promissora, e não devemos deixar de seguir as recomendações sanitárias, como manter o isolamento e utilizar os instrumentos de proteção, como máscaras, pois são essas medidas que estão fazendo a diferença nos índices em várias localidades cearenses”, afirmou.
Sobre a possibilidade de um “efeito bumerangue” em Fortaleza, fruto da interiorização das contaminações, o epidemiologista afirmou que não acredita que isso possa acontecer. Segundo ele, a manutenção dos cuidados e o reforço dos protocolos têm sido fundamentais para a redução dos contágios e, se mantidos, podem evitar esse efeito. Ele lembrou que até o presidente dos EUA, Donald Trump, de postura negacionista em relação à pandemia, apareceu em público recomendando o uso de máscaras, visando prevenir uma explosão de casos no país.
Sobre a questão da adesão ao isolamento social nos bairros de Fortaleza, Antônio Lima considera que foi feito o possível por parte da população. Ele frisou que o isolamento social para as regiões periféricas é mais complexo e dificultado, devendo ser consideradas várias questões socioeconômicas que impedem um lockdown total. “Houve uma grande adesão no início, que foi sendo relaxada com o passar dos meses, mas, naquele momento, no início, a adesão em massa foi de grande importância no que parecia ser um crescimento exponencial de transmissão e mortes em Fortaleza.
Ele relembra que as medidas protetivas e o distanciamento social devem ser mantidos sempre que possível, tanto nos bairros quanto dentro de casa.
PE/LF