A maioria dos participantes (52,5%) defendeu o adiamento das eleições, enquanto 31% avaliaram que o processo deve acontecer em outubro, na data prevista. Já 16,5% acreditam que ainda é cedo para qualquer decisão sobre o assunto.
Para o deputado Fernando Hugo (PP), é irracional realizar o processo eleitoral no cenário atual. “Realizar as eleições com todo o rito exigido pela Justiça Eleitoral já para outubro é uma irresponsabilidade. Já deveriam, a essa altura, o Tribunal Superior Eleitoral e os núcleos congressistas tomarem providências para marcar uma data futura. Se não pode prorrogar as eleições, deve-se ao menos proteger minimamente a população, adiando pelo tempo que for necessário. Temos todo o tempo previsto na lei para as eleições, mas vida a gente só tem uma”, alertou.
O resultado da enquete, segundo deputado Heitor Férrer (SD), reflete o cenário de incertezas causado pela Covid-19. “No momento, o foco absoluto deve estar em encontrar soluções para a pandemia. Esse resultado demonstra que a preocupação maior da população é garantir que todo o processo eleitoral possa ocorrer de forma tranquila e segura, quando a doença já esteja controlada. Caso isso não aconteça dentro dos prazos atuais estabelecidos pela Justiça Eleitoral, o caminho deve ser o de postergar o pleito. Mas esse é um debate que ainda precisa ser aprofundado e discutido com maturidade por todos os agentes envolvidos”, opinou.
O deputado Moisés Braz (PT) adiantou que o Partido dos Trabalhadores ainda não definiu oficialmente seu posicionamento, mas acredita que uma das saídas mais adequadas seja o adiamento das eleições 2020, porém sem prorrogação dos atuais mandatos.
“O coronavírus gerou uma situação completamente imprevisível e pode comprometer a realização de um processo democrático e igualitário de eleições municipais. Em um cenário como esse, o poder econômico, por exemplo, teria ainda maiores mecanismos e chances de fazer valer a sua força, o que pode significar mais um retrocesso em nossa já tão desrespeitada democracia”, ponderou.
De acordo com o cientista político e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) Josênio Parente, a opinião da maioria reflete a sensatez que a situação exige. “O mais sensato é adiar o processo eleitoral, mas na perspectiva de que esse prazo não extrapole a data exigida para a posse dos eleitos. Também é correto afirmar que ainda é cedo para tomar qualquer decisão, pois ainda estamos ensaiando um retorno pós-isolamento social, e nosso processo eleitoral, sendo ou não adiado, exigirá várias adaptações”, assinalou.
LA/LF