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Segunda, 16 Dezembro 2019 06:57

Elmano: “Ciro vai ter que superar que o PT é maior”

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O deputado estadual Elmano de Freitas (PT) conversou com O Estado sobre sua atuação parlamentar, as discussões com outras bancadas na Assembleia Legislativa (AL) e a relação com o PDT e o grupo político dos Ferreira Gomes. Ele se mostra otimista para 2020, com a liberdade do ex-presidente Lula e a perspectiva de mobilização da esquerda que isso deve impulsionar, defendendo o nome de Luizianne Lins para o Paço Municipal. Confira:   O Estado. Você apresentou recentemente o projeto de lei 649/2019, que institui a Semana do Laço Branco, para engajar um movimento de homens pelo fim da violência contra mulheres. Como se deu essa ideia?   Elmano de Freitas. Esse projeto surgiu a partir de conversas que tivemos com parlamentares mulheres da Casa, com a deputada Augusta Brito… Estávamos conversando e nessa conversa fui convencido da importância de termos uma iniciativa de homens que fossem solidários, especialmente contrários à violência contra a mulher, e que pudesse ter no Estado do Ceará uma semana de conscientização, de sensibilização, para superar um desses grandes desafios da sociedade. Especialmente no Ceará, que tem índices alarmantes de violência contra a mulher, para que os homens pudessem ter uma mudança cultural, comportamental, e com isso não termos mais violência contra as mulheres no nosso Estado.   OE. Qual a importância de esse serem os homens o foco dessa iniciativa?   EF. Porque os homens são os agressores. E isso advém, certamente, da nossa formação cultural, da nossa formação familiar. Muitas vezes os homens têm uma formação que os leva a acreditar que em alguma situação podem agredir alguém, especialmente mulheres, então é importante fazer ações para perdermos essa cultura e termos outro tipo de comportamento. Especialmente com nossos jovens, pessoas que estão em formação. Temos clareza de que isso vai se superar efetivamente com a organização das mulheres e a luta que as mulheres fazem para não serem vítimas de violência, mas achamos que contribui se trabalharmos a mudança com os homens, para que não tenhamos mais homens agressores.   OE. Como avalia a articulação da esquerda hoje em dia? O que falta nesse sentido?   EF. Estávamos com a ausência de uma grande liderança, com capacidade de dialogar com todas as forças da esquerda, e o presidente Lula favorece que esse diálogo possa acontecer. Por exemplo, tem tido muito atrito com o PDT e, mesmo o Ciro dizendo certas coisas sobre o presidente Lula, ele disse que se o Lula ligar ele vai atender, para poder conversar. Fez algumas críticas que eu acho muito injustas, mas aponta que há uma possibilidade de conversa. Então acho que a liberdade do presidente Lula favorece muito que a gente tenha uma maior capacidade de mobilização popular, de diálogo com a população, para explicar com maior tranquilidade quais são os malefícios que o governo Bolsonaro tem feito no nosso povo. E, ao mesmo tempo, reunir intelectuais e técnicos para apresentar ao nosso povo e às diversas forças de esquerda quais alternativas são as mais viáveis em oposição ao governo.   OE. Você mencionou o atrito com o PDT. Como enxerga o futuro dessa relação?   EF. Acho que vai depender muito dos processos. Vejo diferença entre Cid e Ciro, vejo diferença do Ivo com relação a Cid e Ciro… Não vejo Cid atacando o PT ou Lula, vejo isso muito na conduta do Ciro Gomes. Acho que ele vai ter que superar, porque evidentemente o PT e a esquerda brasileira são muito maiores que Ciro Gomes. Ele vai ter que entender que liderança não se constrói atacando outra liderança de esquerda, outra agremiação de esquerda, não é assim que se constrói um projeto para o País. Até os adversários que temos, às vezes no centro, a gente não constrói um processo de transformação apenas agredindo os outros, constrói entendendo quais são as divergências, quais as convergências e aprofundando as convergências. Por isso estou muito animado com a liberdade do presidente Lula, por causa da capacidade dele de dialogar, de ouvir o diferente, de aproveitar que alguém pensa diferente em um assunto mas em outro pensa parecido, então vamos juntar no que pensa parecido… Acho que ele vai ajudar muito e acho que a relação do PT com Ciro depende muito da mudança de postura do Ciro.   OE. Você estaria disposto a compor uma chapa com ela, como já fez na última eleição?   EF. Para mim, isso é pouco significativo, o importante agora é o PT estar unido e todo mundo envolvido na campanha, que eu quero que seja dela. Em segundo lugar, termos alianças, fazer um diálogo com o Psol, com o PCdoB, com o PSB… Na minha opinião, devemos priorizar uma aliança com o campo da esquerda, com alguns setores de centro, pessoas independentes, mas tem também com um conjunto de propostas para apresentar à população de Fortaleza. Com um nome forte, com boas propostas, acho que tem que ser esse o rumo da nossa campanha. Se está na chapa, se não está na chapa, acho que isso é a circunstância política que tem que definir. Pode ser que outro nome junte mais, e isso seria mais importante do que apenas uma questão pessoal de querer estar na chapa.   OE. O quão sólido está o nome de Luizianne no PT para ser lançado como candidatura?   EF. O PT não discutiu nomes, discutiu ter uma candidatura à Prefeitura de Fortaleza. O nome ainda vai ser debatido. Ela está discutindo e minha conversa com ela é no sentido de demonstrar que é o principal o nome, que tem mais experiência administrativa, que melhor conhece a cidade, foi vereadora de Fortaleza, foi deputada estadual, foi prefeita por oito anos, uma prefeita que depois de oito anos não há nenhum questionamento ético, acho que isso vale muito para a eleição de 2020.   OE. Após a soltura do Lula, muita gente se preocupa com o acirramento da polarização. O que pensa sobre isso?   EF. Penso exatamente oposto. A liberdade do Lula favorece o país a encontrar uma maior pacificação, porque ele primeiro dialoga. Ele já está marcando reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do DEM, com que o PT tem muitas divergências, mas ele vai dialogar, ver quais as pautas possíveis, quais assuntos são pertinentes ao País, e acho que ele é uma ponte importante para que as forças políticas do Brasil possam encontrar pontos de convergência.   OE. Você participou de discussões na Assembleia sobre projetos que pautam a discriminação religiosa. Como avalia que ficou essa questão?   EF. Acho que nós fomos maduros, porque apresentamos um projeto de lei que visa fundamentalmente garantir o respeito à religião e a fé de todas as pessoas. O que a bancada do PT propôs foi que uma pessoa que pratica um ato desrespeitoso de maneira grave deve ser multada, e nós estamos convencidos de que isso está correto. A deputada Dra. Silvana havia apresentado um projeto de lei que, na nossa opinião, censurava manifestação sob a possibilidade de ter um desrespeito à crença. O que fizemos foi negociar que a bancada do PT tira seu projeto e Silvana tira o seu, e nós e quem mais participasse elaborar um projeto em comum, porque todos nós estamos defendendo o respeito à crença, à fé e à religião do nosso povo.
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