A obra de 200 páginas, publicada pela Expressão Gráfica e Editora, surgiu a partir da percepção da autora de que, em tempos de comida industrializada, a experiência e a intuição do "saber fazer" figuram como um item raro nas cozinhas modernas.
Ao revisitar esses muitos saberes e memórias, Cléa Valle traça um perfil da culinária cearense, investigando os sabores e práticas corriqueiras, que fazem desse novo livro um convite a encarar a cozinha enquanto lugar de afeto.
Após morar no Rio de Janeiro nos anos de 1970, Cléa Valle retornou a Fortaleza movida pelo impulso de redescobrir e exaltar a comida do Ceará. "Lembro que fiz uma verdadeira saga nos restaurantes da cidade, nos botequins, nos hotéis; adentrava as casas de família, ia investigando a fundo nossa identidade gastronômica", conta.
A pesquisa inicial resultou no livro “O de comer no Ceará”, publicado em 1981. Anos mais tarde, reunindo saberes sobre a utilização do caju como matéria-prima para massas, molhos, biscoitos e outras receitas, publicou, em 2005, o livro “Os Sabores do Caju na Cozinha”.
Em "Trivialíssimas", sua mais recente publicação, Cléa Valle derrama todo o apreço pelos sabores cotidianos. "Eu sempre entendi que o trivial é a comida feita com amor. Sem dúvida, ela é muito mais saborosa que os banquetes, porque a preparação envolve afeto", considera. Apresentando mais de cem títulos culinários, ela explora diversos sabores e memórias colhidas na mesa cearense; em seu itinerário, um rico universo de ingredientes e métodos. Na última sessão do livro, com o título "Do trivial ao essencial", a autora dá dicas de seleção e organização de insumos e ingredientes.
Em meio a receitas de família e aos temperos "guardados a sete chaves", a autora celebra, em “Trivialíssimas", o encontro pessoal e afetivo com a cozinha simples e diária.
Com produção e apresentação da jornalista Rosanni Guerra, o Cabeceira vai ao ar às terças-feiras, às 19h20. A coordenação é de Clara Pinho, edição de Samuel Frota e imagens de Messias Gomes.
WT/CG