O presidente Michel Temer (MDB) começou a fazer novas mudanças no primeiro escalão federal desde dezembro do ano passado. Uma das razões é a aproximação do calendário eleitoral. Parlamentares licenciados dos cargos ou nomes que pretendem iniciar carreira política precisam se afastar das atividades administrativas para se dedicar ao pleito que se aproxima.
Em meio ao calendário, pressão de aliados exige a desincompatibilização o quanto antes. Usar da máquina para se beneficiar eleitoralmente é a principal queixa de políticos que temem perder terreno para adversários nos Estados e municípios. Nos últimos dois meses, deixaram ministérios os deputados Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Ronaldo Nogueira (Trabalho) e Marcos Pereira (Indústria e Comércio). No Ceará, não é diferente. Apesar de o governador Camilo Santana (PT) ter declarado que os secretários deverão deixar os postos na data-limite, que é abril deste ano, cresce a pressão nos bastidores para que a mudança seja antecipada para evitar insatisfações na base.
O POVO apurou que vários deputados que fazem a sustentação política do governador na Assembleia Legislativa se sentem incomodados pelo fato de potenciais candidatos estarem sendo beneficiados eleitoralmente enquanto ocupam cargos no Executivo.
O secretário do Desenvolvimento Agrário, Dedé Teixeira (PT), tentou minimizar a pressão sobre a cobrança de aliados. “Em toda gestão tem cobrança de alguns da base, é natural”, disse. O deputado licenciado, que pretende deixar a pasta para se candidatar à reeleição, afirmou que vai aguardar decisão do governador para voltar à Assembleia Legislativa.
“Isso é uma decisão do governador em relação à estratégia do ano. Eu acho que isso (possível benefício do cargo para a disputa eleitoral) é irrelevante, o governo tem que funcionar. A campanha é só em agosto”, pontuou.
O deputado estadual Walter Cavalcante (PP) revela que “existem alguns deputados queixosos” e “que têm falado que alguns secretários deveriam sair logo”, antes de abril, que é a data exigida pelo calendário eleitoral. O parlamentar, no entanto, não vê problemas na desincompatibilização dos cargos somente na data-limite. “Não me incomoda em nada, não acho necessário sair logo”, diz.
No âmbito municipal, secretários do prefeito Roberto Cláudio (PDT) também devem deixar os cargos para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados ou na Assembleia Legislativa. Lá, porém, como a maioria dos vereadores não deve concorrer a cargos, a pressão é praticamente inexistente.
O líder do prefeito na Câmara, vereador Ésio Feitosa (PPL), alega não ter recebido pressão nesse sentido dos parlamentares da base aliada. “Não tenho conhecimento de insatisfação nesse nível”, disse. Na Câmara, o presidente da Casa, vereador Salmito Filho (PDT), pretende disputar uma vaga na Assembleia Legislativa e o vereador Adail Júnior (PDT) deve concorrer a deputado federal.
Pré-candidatos na gestão RC
EVALDO LIMA (PCDOB)Secretário da Cultura. Licenciado da Câmara Municipal, Evaldo vai se candidatar à vaga na Assembleia Legislativa
MOSIAH TORGAN (DEM)Secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho. Filho do vice-prefeito Moroni, vai tentar se eleger deputado estadual
QUEIROZ FILHO (PDT)Chefe de Gabinete. Advogado, se filiou ao PDT em outubro e é um dos nomes cotados para uma vaga a deputado estadual
JOSÉ ALBUQUERQUE (PP)Secretário da Regional VI. Filho do presidente da AL, Zezinho, deve se candidatar a deputado federal
Pré-candidatos na gestão Camilo
DEDÉ TEIXEIRA (PT)Secretário do Desenvolvimento Agrário. Deverá retomar o posto de deputado na Assembleia para tentar reeleição
MAURO FILHO (PDT)Secretário da Fazenda. Mauro foi candidato ao Senado, em 2014, sendo derrotado por Tasso Jereissati. O chefe da área econômica do governador Camilo Santana (PT) vai tentar vaga na Câmara dos Deputados
JESUALDO FARIAS (PPS) Secretário das Cidades. Ex-reitor da Universidade Federal do Ceará, Jesualdo vai tentar vaga de deputado federal
NICOLLE BARBOSA (PSC)Presidente da Agência do Desenvolvimento do Ceará (Adece), foi também secretária do Desenvolvimento Econômico. Nicolle vai buscar vaga como deputada federal
JOSBERTINI CLEMENTINO (PDT) Secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social. Foi diretor do Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude do MTE. Vai trabalhar para se eleger deputado estadual
FERNANDO SANTANA (PT) Chefe de gabinete adjunto do governador, Fernando já se movimenta no interior para tentar se eleger deputado estadual.
WAGNER MENDES