Você está aqui: Início Últimas Notícias Deputados vão propor novo projeto para disciplinar venda de bebidas em estádios
Ely Aguiar e Gony Arruda querem aprovar a venda de bebidas alcoólicas em estádio de futebol, sob a alegação de que diversos estados brasileiros já autorizaram esse comércio. Os projetos, entretanto, diferem. O de Ely Aguiar quer a venda apenas de chopp em copos de plástico, enquanto o de Gony Arruda limita o acesso às bebidas com 10% de teor alcoólico.
Para Ely Aguiar, a proibição não faz sentido. De acordo com ele, o argumento de que a bebida aumenta as possibilidades de violência não funciona, considerando que o álcool é lícito e permitido em todo tipo de evento social. “Casamentos, confraternizações, até nas festas promovidas pelo Governo tem bebida. Por que só nos estádios não pode?”, indagou.
Ele argumentou, ainda, que a violência praticada em virtude dos jogos de futebol acontece principalmente no entorno dos estádios, e é planejada previamente via redes sociais. “São sempre os mesmos elementos que provocam essas brigas, sendo parte ou não de torcidas organizadas”, apontou.
Da mesma forma, o deputado Gony Arruda considerou que não há estudos que associem a violência nos estádios ao consumo de álcool. De acordo com ele, a Copa do Mundo no Brasil provou isso. “Foi normatizado o consumo de álcool na Copa, e não foi registrada uma briga durante os jogos. O povo quer ver o jogo. Quem quer apenas beber, vai para outro lugar”, defendeu.
Evandro Leitão, outro defensor da ideia, disse que a aprovação da venda de bebidas alcoólicas irá acabar com essa “hipocrisia”. De acordo com ele, não dá para comparar o álcool com a maconha e outras drogas. “Estamos falando de uma bebida lícita. Estamos proibindo uma bebida lícita, e isso é muita hipocrisia”, criticou.
Na contramão desse discurso, a deputada Mirian Sobreira (PDT) criticou os dois projetos e disse ser contra qualquer iniciativa que estimule o consumo de álcool. Para ela, o álcool é a droga mais perigosa de todas, e é ele que abre o caminho do jovem para outras drogas.
Ainda de acordo com ela, a relação com o álcool deve ser tratada a partir da família. “Às vezes a própria família estimula o consumo de álcool pelos jovens, já que é lícito”, observou. A pedetista reforçou que a venda de bebida deve ser realmente proibida, mesmo em se tratando de uma bebida lícita. “Temos que ter muito cuidado com o que aprovamos, até porque não temos condições de fazer uma triagem e verificar quem pode beber sem fazer mal a ninguém e quem não pode”, lembrou.
Durante a audiência, a presidente da Comissão de Políticas sobre Drogas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Rossana Brasil, também disse ser contrária à venda de bebidas alcoólicas nas arenas. Ela divergiu do diretor de relações institucionais da OAB, presente ao debate, Pedro Bruno Amorim, que se posicionou favorável à lei que normatiza a venda de bebidas alcoólicas.
Participaram também do debate os deputados Jeová Mota (PDT) e Walter Cavalcante (PP); o vereador de Fortaleza Benigno Júnior (PSD), autor de projeto que também disciplina a venda de bebidas nos estádios, e representantes das secretarias Municipal e Estadual de Esportes, do Ministério Público do Ceará, da Polícia Militar, da Associação Profissional de Cronistas Desportivos do Estado do Ceará, da Federação Cearense de Futebol, do Tribunal de Justiça Esportivo do Ceará e da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC).
PE/CG