Você está aqui: Início Últimas Notícias Entidades discordam de criação do Batalhão Feminino na Polícia Militar
De acordo com a deputada Fernanda Pessoa (PR), requerente do debate, é importante ouvir a categoria sobre a questão. “Estamos aqui para expor o posicionamento das policiais militares do Estado a respeito dessa proposta, ouvindo das principais envolvidas na questão se realmente é algo positivo a criação desse batalhão”, salientou a parlamentar.
O debate foi em torno do projeto de indicação nº 88/16, de autoria do líder do Governo na Assembleia, deputado Evandro Leitão (PDT). A matéria, que está em tramitação na Casa, sugere a criação do Batalhão Feminino da Polícia Militar.
Ainda segundo a deputada, “é necessário levar em consideração todas as conquistas das mulheres dentro da Polícia Militar ao longo dos anos, e lutar para preservá-las”.
A representante do Comando Geral da Polícia Militar no Ceará (PM/CE), tenente-coronel Cléa Beltrão, disse que o projeto foi apresentado sem o conhecimento da corporação ou consulta prévia.
“Após conversarmos com o deputado Evandro Leitão sobre as particularidades e as intenções da proposta, revelamos a nossa dissidência da matéria, porque, para a maior parte do efetivo feminino da PM no Estado, não interessa que seja criado esse Batalhão”, informou Cléa Beltrão. Segundo ela, em pesquisa interna que ouviu 346 policiais femininas, mais de 97% se manifestaram contrárias à criação do Batalhão Feminino.
“Queremos o aumento do efetivo feminino na PM, mas não é do nosso interesse a separação da corporação, que entendemos como uma medida segregadora e discriminatória, e vai na contramão do desenvolvimento que temos visto no País em relação aos direitos femininos”, avaliou Cléo Beltrão.
Para o representante da Associação de Cabos e Soldados Militares do Ceará, José de Abreu, o Ceará já demorou muito tempo para formar um pelotão feminino dentro das corporações, e a proposta pode representar mais um retrocesso.
“Quando se cria uma unidade especializada, cria-se dentro de uma perspectiva doutrinária da atuação policial - como uma unidade especializada antiterrorista ou antidrogas - e não uma especialização de gênero, que considero um grande absurdo e um tremendo retrocesso”, afirmou José de Abreu.
Já a coordenadora especial de Políticas Públicas para Mulheres do Estado do Ceará, Camila Silveira, adiantou que vai apresentar as discussões e os questionamentos da audiência para a vice-governadora do Estado, Izolda Cela. Ela garantiu que o objetivo da proposta é promover ao máximo o acolhimento das policiais militares estaduais, e não segregá-las.
Também participaram da audiência a primeiro-sargento da PM/CE, Isabel Maria Silva Braga; a representante do Conselho Cearense dos Direitos das Mulheres, Fátima Bandeira, entre outras autoridades.
RG/GS