O deputado Capitão Wagner (PR) voltou à tribuna da Assembleia Legislativa cearense, ontem, para comentar os assassinatos envolvendo agentes de segurança pública. Este ano, foram registrados 31 casos. Ele fez questão de ressaltar, em mais de uma oportunidade, que existe uma “caçada” aos policiais por parte dos criminosos ligados a facções instaladas no sistema Penitenciário no Estado. “Muitos profissionais estão morrendo sim, por ordem dos bandidos. Já foram 31 mortes”, frisou ele, inclusive, rebatendo as afirmações do secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Delci Teixeira, que negou a informação.   Ele ponderou que, após declarações do secretário Delci Teixeira, o comandante-geral da Polícia Militar teria ordenado que viaturas fossem para os quartéis, temendo ataques por parte de bandidos. “É uma contradição. Se não tem essa perseguição, não deveriam temer”, avaliou ele, afirmando existir gravações telefônicas, realizadas pelo Serviço de Inteligência da Polícia, nos quais os criminosos ordenam a morte de policiais. Um dos presídios citados, segundo ele, é da Penitenciária de Pacatuba, na Região Metropolitana.   “A Secretaria da Segurança grampeou o telefone de presos, em Pacatuba, ordenando caça à Polícia. Agora pergunto novamente ao secretário da Segurança: não existe caça à polícia? Se não existe, quero que ele me desminta”, criticou. Na semana passada, o assunto já havia sido tema de comentários por parte do parlamentar, mas sem ênfase para a problemática. Disse que não queria fazer polêmica, mas que o Governo precisava adotar medidas, pois do contrário, os números da violência só aumentam.   Desta forma, o parlamentar cobrou a instalação de bloqueadores de sinal de celular nos presídios cearenses, pois, de lá, saem as ordens para práticas delituosas. O parlamentar ainda criticou a realização de audiências de custódias, que coloca nas ruas inúmeros criminosos presos em flagrante dias antes. Segundo ele, os bandidos cometem crimes, mas são soltos pela Justiça. “O cidadão mata, esfola, trafica e é solto, com uma tornozeleira eletrônica. O policial que defende a vida das pessoas nas ruas, se atirar no bandido, vai para a Corregedoria e é punido”, lamentou.   Apoio Alguns parlamentares se solidarizaram com os questionamentos. Caso do deputado Osmar Baquit (PSD), que defendeu mudanças na legislação para proteger os agentes de segurança. “Se não mudarmos essa situação, os policiais não vão mais querer agir. Eles desempenham um trabalho perigoso de defender a população, e ainda assim são apenados”, afirmou. Já Ely Aguiar (PSDC) disse que a polícia precisa ter força para combater o crime. “Vemos os policiais arriscando a vida e ganhando um salário ruim, enquanto o Governo briga para mandar um milhão de reais para o futebol”, criticou. Por outro lado, o deputado Danniel Oliveira (PMDB) afirmou que o Ceará precisa assumir a violência existente, do contrário, não conseguirá reagir. “Foram 31 policiais mortos. Imagine quantos pais e mães de família foram mortos”, questionou.   Medidas O líder do Governo na Casa, deputado Evandro Leitão (PDT), por sua vez, informou que estão sendo adotadas todas as medidas cabíveis pelo Executivo para coibir essas ações criminosas, como varreduras em presídios e capacitação de policiais. “Tudo está sendo feito, e há uma investigação a respeito dos fatos”, salientou.