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Decepcionado, Hugo diz que Assembleia perdeu qualidade - QR Code Friendly
Segunda, 27 Julho 2015 04:07

Decepcionado, Hugo diz que Assembleia perdeu qualidade

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O deputado Fernando Hugo diz que a maioria dos parlamentares prioriza só o número de projetos assinados, desprezando a qualidade O deputado Fernando Hugo diz que a maioria dos parlamentares prioriza só o número de projetos assinados, desprezando a qualidade FOTO: NATINHO RODRIGUES
  Atuando na Assembleia Legislativa há sete legislaturas consecutivas, com afastamento da Casa durante apenas um mês ao longo dessa trajetória, o deputado estadual Fernando Hugo (SD) não hesita ao avaliar que houve queda crescente, ao longo dos últimos períodos, na qualidade dos perfis que compõem a Casa. O deputado revela, em entrevista ao Diário do Nordeste, análises críticas contra o desempenho atual do Legislativo, lamenta o pouco diálogo no Solidariedade e afirma ter se decepcionado no último processo eleitoral. Fernando Hugo ressalta que, apesar de ainda existirem parlamentares "brilhantes" no exercício do mandato, o conjunto que forma a atual legislatura é qualitativamente inferior a outros períodos da Casa. "Eu não posso deixar de dizer que, qualitativamente, nesses 25 anos que estou presente e sempre bem presente, sem nenhuma semana de licença para qualquer tipo de função que o regimento permite, a Assembleia de hoje é inferior qualitativamente a muitas outras", reforçou. Fernando Hugo argumenta que o nível dos debates se tornou muito raso e destaca que esse cenário é facilmente notado tanto nas discussões travadas em plenário quanto nas reuniões das comissões técnicas. "Nesse quantitativo da Assembleia na atualidade, poucos destacam-se nessa missão de imbricamento intrínseco com o bom desempenho parlamentar. Nas comissões, alguns poucos também debatem. Porém, a representatividade de parlamentares que estão lá foi escolha do eleitor. Então, vamos obedecer às regras eleitorais e bater palmas às escolhas que foram feitas lá no outubro de 2014", frisou. Reflexo do eleitorado Questionado sobre as razões que levaram a Assembleia a assumir esse perfil, Hugo afirmou ser reflexo do próprio eleitorado. "Os deputados estaduais, federais, vereadores são votados, e pesquisas provam que, dois ou três meses depois das eleições, o eleitorado não sabe sequer o nome do candidato que votou nem o que é que ele vai fazer, seja em Brasília, na sede do Legislativo cearense ou em qualquer Parlamento do País", analisou. O parlamentar também disparou contra a produção legislativa da Assembleia ao ressaltar que os deputados terminam por se concentrar na apresentação de projetos mais para ampliar o número de proposituras submetidas, deixando a preocupação com o verdadeiro impacto de cada matéria para segundo plano. "A produção legislativa, quando é analisada sob a ótica da numerologia, não sei quantos mil requerimentos, não sei quantos projetos de Lei, não sei quantos projetos de indicação, não sei quantas mil audiências, assusta positivamente quem está fora. Eu, que já estou há 25 anos corridos lá dentro, não me assusto, porque são atos legislativos regimentais que, na realidade, muito pouco ou quase nada importam para modificações políticas e administrativas no Estado. Fernando Hugo alega que esse comportamento existiu durante as sete legislaturas em que ele foi deputado. "Sempre foi assim. Eu já fiz isso. Tirávamos aquele soldo quantitativo de proposituras e mostrava na comunidade. Está aqui, fiz tantos projetos de Lei, de Indicação, tantos requerimentos. E o povo dizia: 'deputado Fernando Hugo é uma beleza, é bom. Isso, na realidade factual, é pirulito em boca de criança", reconheceu. O deputado também destaca que o Legislativo se tornou submisso ao Executivo, comportando-se mais como uma secretaria do Executivo e pouco independente. Ressalta que essa característica é encontrada em nível municipal, estadual e federal. "Quase sempre encontramos as câmaras, as assembleias, a Câmara Federal e o próprio Senado submissos como verdadeiras secretarias. Essa é uma coisa ruim para eu dizer, mas estou expressando a verdade. São verdadeiras secretarias do governo presente, seja de que partido for, seja de que ideologia, de esquerda ou de direita", considerou. Indagado se corrobora com a avaliação do secretário de Relações Institucionais, Nelson Martins, que revelou ao Diário do Nordeste que lidar com a Assembleia impõe hoje mais dificuldades, Fernando Hugo concordou. "É bom lembrar ao Nelson, com quem tive magníficos debates, que, naquela época em que ele liderava o governo Cid, o PT mandava, casava e batizava no País. Era diferente. Nelson liderava o governo Cid, um governo apoiado, aplaudido. Era diferente. Por isso tudo era mais fácil. Existiam seguidores cegos que votavam até na madrugada se fosse preciso", comparou. Ausência de diálogo Na esfera partidária, o ex-tucano hoje filiado ao Solidariedade lamenta a ausência de mais diálogo na legenda. "O Solidariedade é um partido pequeno, totalmente diferente do que era o tucanato há 10,15 anos. É um partido de pouco diálogo, em que o presidente, deputado Genecias Noronha, é o verdadeiro gestor maior das ações, porque é ele que se imbrica em Brasília. É um partido que não convive muito. Eu e Marcos Cals sentimos muita falta", admite. A saída de Fernando Hugo do PSDB se deu sob a justificativa de sobrevivência política, mas o parlamentar chegou à atual legislatura apenas como suplente. Ele nega arrependimento, mas fala em decepção. "Tenho certeza que, se tivesse ficado na oposição, eu teria sido eleito. A minha decepção é porque o que foi contratado na fala não foi cumprido pelos Ferreira Gomes. Sei que meu amigo Zezinho (Albuquerque) chorou lágrimas grandes porque não fui eleito", disse. "Eu não poderia votar no candidato do PT e disse isso para o Camilo. (...) Aí eu fui completamente desprezado, sem sequer receber dos Ferreira Gomes uma ligação", acrescentou. Alan BarrosRepórter
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