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Aos 88 anos, morre o ex-deputado Paes de Andrade - QR Code Friendly
Quinta, 18 Junho 2015 06:08

Aos 88 anos, morre o ex-deputado Paes de Andrade

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  Deputados e familiares despediram-se do ex-deputado Paes de Andrade. O ex-parlamentar faleceu na tarde de ontem, em Brasília, aos 88 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Na última semana, ele havia passado por uma cirurgia para implantação de uma sonda gástrica e ficou em recuperação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Paes será enterrado hoje, após velório no Salão Negro do Congresso Nacional. Paes de Andrade era um dos únicos políticos cearenses ainda vivo a ter participado da sessão que declarou a vacância da presidência da República por volta das 3 horas da madrugada há exatos 50 anos. A presidente Dilma Rousseff manifestou pesar em nota oficial. “Desejo expressar meu pesar pela morte de Antônio Paes de Andrade. Ex-presidente da Câmara dos Deputados e embaixador do Brasil em Portugal, foi importante liderança no PMDB e ativo participante da vida política do País. Perdem o Ceará e o Brasil com a partida de Paes de Andrade. Manifesto meus sentimentos a sua família, amigos e correligionários”. Nascido em Mombaça, no sertão do Ceará, foi eleito deputado federal de 1963 a 1999 e exerceu a Presidência da Câmara de 1989 a 1991. Durante o período, assumiu a Presidência da República interinamente por onze vezes. De 1968 a 1989, publicou mais de 15 livros e, entre 2003 e 2007, exerceu o cargo de embaixador do Brasil em Portugal, além de advogado e professor. Iniciou seus estudos superiores em 1949 na Faculdade de Direito do Distrito Federal (no Rio), formando-se em 1953. Foi eleito deputado estadual no Ceará pelo PSD em 1950 e reeleito em 1954 e 1958 até 1962. Eleito pela primeira vez para o cargo de deputado federal em 1963 e reeleito em 1966 pelo MDB por causa da institucionalização do bipartidarismo. Foi, por várias vezes, reeleito, sempre representando seu estado natal, o Ceará. Foi presidente da Câmara dos Deputados de fevereiro de 1989 a fevereiro de 1991. Foi filiado desde 1980 ao PMDB, do qual já foi presidente nacional no ano de 1994. Paes de Andrade foi também presidente do PMDB, em 1994, cinco anos depois de ter assumido a Câmara no lugar do ex-deputado Ulysses Guimarães. Paes de Andrade, atualmente, era presidente de honra do PMDB e o sogro do senador Eunício Oliveira (PMDB) e do deputado federal Danilo Forte (PMDB). O partido emitiu nota lamentando a morte do político, ressaltando que Paes “exerceu com competência e abnegação os mais diversos cargos públicos”. O legado de Paes de Andrade, para mim, está sintetizado em uma frase que um dia o ouvi falar: ‘O que eu vou deixar para meus netos e meus filhos são as minhas mãos limpas e a minha honra’”, disse o senador Eunício Oliveira. Homenagem Assim que a notícia da morte de Paes de Andrade foi divulgada, diferentes políticos manifestaram, pesar. Em Brasília, parlamentares ressaltaram a trajetória política do cearense que virou uma referência no processo de redemocratização do Brasil. Líder do Governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT) disse que o ex-parlamentar deve ser lembrado como “um âncora” das lutas democráticas, citando algumas bandeiras defendidas por Paes de Andrade, como a luta pela anistia. “Em nome do governo da presidente Dilma Rousseff, quero render nossa homenagem a esse grande brasileiro, que presidiu este Parlamento e que prestou importantes e relevantes serviços ao nosso país e à democracia brasileira”, disse o petista, durante discurso na Câmara Federal. “Foi um dos parlamentares mais atuantes na luta contra o regime militar, em defesa da democracia, na luta pela anistia. E ele foi um dos parlamentares que sempre esteve na trincheira da luta em defesa das grandes causas do Brasil e do Ceará”, lamentou o coordenador da bancada cearense, deputado José Airton Cirilo (PT). Alguns senadores também expressaram pesar pela morte do ex-deputado. O senador Fernando Collor de Melo (PTB-AL) lembrou que conversava quase diariamente com Paes de Andrade quando era presidente da República, e ele, presidente da Câmara. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) ressaltou a firmeza democrática do ex-deputado e sua luta contra a ditadura militar. “Eu tinha, por Paes de Andrade, um enorme apreço. Um apreço com base em suas virtudes: um homem culto, de grande cultura jurídica, de grande cultura histórica. Paes de Andrade integrava a ala dos emedebistas mais intransigentes na luta pela democracia”, afirmou. Cearenses destacam compromisso de Paes O plenário da Assembleia Legislativa tinha poucos deputados, na tarde de ontem, quando o deputado Danniel Oliveira (PMDB) divulgou o falecimento de Paes de Andrade. O peemedebista lembrou a trajetória do político, sendo aparteado pelos parlamentares presentes. Após o comunicado, Danniel Oliveira, que presidia a sessão plenária, levantou os trabalhos em homenagem a Paes de Andrade. Como é de praxe na Casa, quando um ex-deputado falece, um integrante da atual legislatura solicita, através de requerimento, o cancelamento dos trabalhos do dia em homenagem póstuma ao ex-colega morto. Em nota, o presidente da Casa, José Albuquerque (Pros), destacou o legado do político cearense, que, segundo ele, teve a trajetória confundida com a do próprio Poder Legislativo. Luto O governador Camilo Santana (PT) decretou luto oficial no Estado por três dias.
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