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A briga de partidos pequenos pelo poder - QR Code Friendly
Segunda, 01 Dezembro 2014 06:51

A briga de partidos pequenos pelo poder

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  O sistema de governo partidário existente hoje, no Brasil, apresenta-se em colapso, de informação que não é mais nenhuma novidade. Criaram-se tantas agremiações, ao todo 32, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que no governo de coalizão, não dá mais para atender a interesses de tantos. O fato novo é de que, apesar de só se especular nos bastidores, agora, partidos de oposição, como Solidariedade (SD) e Democratas (DEM), em busca de mais expressividade na Câmara Federal e no Senado, em efeito contrário, querem se fundir, para barganhar mais poder. O deputado estadual João Jaime (DEM) comunga da ideia de que “não existe mais ideologia”. O que existe, segundo ele, é um aglomerado de partidos, que se fundem e que se criam para atender a interesses momentâneos, de apoiar o governo ou de fazer oposição. “Esse sistema de governo partidário de hoje, propicia exatamente que isso aconteça”, disse, dando conta de que a informação da fusão do SD e o DEM até agora gera especulações. “Não há nada mais de concreto sobre a fusão. O DEM diminuiu. O que eles estão alegando, é juntar para fortalecer. Porque os partidos com poucos deputados não teriam muita força no Congresso. Mas, os partidos têm poucos deputados justamente por conta dessa fragmentação partidária”, reconheceu. Atualmente, na Câmara dos Deputados, o DEM detém um quadro de 28 parlamentares; já o Solidariedade, 22. No Senado, a representatividade é bem menor, sendo quatro parlamentares democratas, e apenas um do Solidariedade. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA No cenário cearense, João Jaime frisa que, na Assembleia Legislativa do Ceará, para o quadriênio 2015/2019, pela primeira vez, 22 partidos estarão representados. “Nunca houve uma composição como essa. Então, você tem uma fragilização. Os partidos estão obrigados a se formarem em blocos, para terem direito a indicar cargos à Mesa Diretora e às Comissões Provisórias”, diz, ponderando que cada partido tem um a três deputados, o que dificulta ter expressividade. Já o deputado estadual Fernando Hugo (SD) salienta, também, que a fusão, a rigor, é tudo especulação. Porém, admitiu que, se a ideia for à frente, assegura ser favorável à decisão.”Se pedirem minha opinião, eu serei favorável a melhorar quantitativamente os dois partidos. Nós temos 15 deputados eleitos para a Câmara Federal, e sem dúvida, junto com o DEM, poderíamos criar um partido mais tonificado, mais forte, e isso é bom para as lides políticas partidárias”, defendeu. Questionado sobre como seria a atuação do DEM junto ao SD, Fernando Hugo defendeu apenas que seria um partido de oposição ao governo federal.”Tanto Democratas e Solidariedade votaram no Aécio, e sempre tiveram posições completamente contrárias aos desacertos comportamentais do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff (PT). Desse modo, teríamos mais solidez na oposição com esse quadro de fusão caso venha a ocorrer”, afirmou. Em 4 de novembro, quando se encontrou com a presidente Dilma, após o resultado das últimas eleições, o governador do Estado do Ceará, Cid Gomes (Pros), observando o cenário dividido no Brasil, que se expressou nas urnas, além da crise financeira e dos escândalos que envolvem a Petrobras, sugeriu à presidenta a criação de uma frente de esquerda no Congresso Nacional, para minimizar a atuação do PMDB, que pode resultar, no futuro, na criação de mais uma agremiação. Justificando a criação do bloco, Cid assegurou que objetivo central é dar governabilidade a Dilma, como nas aprovações de matérias significantes, além de reduzir “pressões” do PMDB, que, segundo pontuou, “beira até a chantagens”. O bloco seria formando por parlamentares do Pros, PDT, PCdoB, PSB e até Psol. Atualmente, o bloco formado na Câmara Municipal entre PP e Pros detém de 60 deputados. BALAIO DE GATOS O deputado José Sarto (Pros), líder do governo na Assembleia Legislativa destaca que a criação e fusão de agremiações é tema bastante antigo, com relação à reforma política. Segundo aponta, a proposição do Cid baseia-se na conjuntura atual de que, hoje, os partidos são extremamente descaracterizados, não tendo unidade de pensamento, ideologia e de programa partidário. “Nessas últimas décadas, eu diria, virou um balaio de gato. Hoje, vemos políticos com mais afinidade com pessoas de outros partidos do que o seu próprio”, disse. Sarto avalia que, no fundo, o governador do Estado do Ceará quer puxar para a discussão da reforma política. “Enquanto não chega, a ideia do Cid é formar um bloco de partidos, com um mínimo de coerência ideológica para dar sustentação à presidente, ao governo”, ponderou. O analista político Uriban Xavier ressalta que, depois da queda do Muro de Berlim, os partidos ficaram sem formulações ideológicas. Segundo frisa, o que fomenta a política é a ideia da lógica do mercado, no sistema representativo liberal moderno, onde salienta estar em crise, além de a reorganização partidária ser, majoritariamente, em função do poder. “Os partidos pequenos que estão presos em ideologias, eles têm muita dificuldade, porque a eleição é cara, as pessoas sempre querem estar junto do rei e esses partidos não detêm dessa força”, diz. CONTRA A MARÉ Para Uriban, só os partidos que conseguem nadar contra a maré são legendas com ideologias, como o Psol e PSTU, presos ao marxismo tradicional. Para o cientista, partidos como estes, parecem estar moldando uma possibilidade de se ter uma nova ideologia contemporânea sobre mundo, em virtude de terem uma luta voltada para o ambientalismo e feminismo. “Essa situação revela uma situação de anomia, é um momento em que valores que davam liga à sociedade, que orientavam as pessoas, normatizavam os comportamentos na concepção de sociedade, eles faliram. Estamos em uma passagem em que os que seriam os novos valores não conseguem se configurar com clareza, como se estivessem sendo construídos, mas ainda não regem o comportamento das pessoas”, pontua.
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