O presidente do Inesp, Ilário Marques, explicou que o projeto prevê três meses de atividades e busca constituir um banco de som e de imagens, com relatos e depoimentos do período, criando um acervo para ser utilizado por pesquisadores ou qualquer interessado, “no uso adequado dessa memória”.
Primeiro a relatar sua história, o ex-deputado estadual Amadeus Arrais foi eleito em 13 de março de 1963 e teve o mandato cassado em 9 de abril de 1964. O mesmo ocorreu com os então deputados Blanchard Girão, Anibal Bonavides, Ivan Barroso de Oliveira, Pontes Neto e Fiuza Gomes.
Amadeus lembrou que eles foram apresentados à 10ª Região Militar e encaminhados para o 23º BC. “Lá ficamos incomunicáveis por 30 dias e presos por nove meses e vinte e um dias. Não fui torturado fisicamente, mas passei por terrível tortura mental e psicológica”, recordou. Ele acredita que sua cassação ocorreu por pressões políticas e de empresários a quem contrariou “por violarem direitos dos trabalhadores.”
No encontro mediado pelo jornalista Paulo Verlaine, presidente em exercício da Associação 64/68 Anistia, o ex-vereador cassado Manoel Aguiar Arruda também prestou depoimento.
Participaram ainda do evento, Mário Albuquerque, conselheiro da Comissão Federal de Anistia do Ministério da Justiça; Cláudio Regis Quixadá, ex-reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e presidente da Comissão de Justiça e Paz; e Francisco Candido Feitosa, ex-líder sindical.
LS/AT