Teodoro destacou que a Campanha da Fraternidade foi iniciada em 1962, no Rio Grande do Norte, e estendeu-se para o País em 1964, por iniciativa da CNBB e da ação de seu secretário geral, dom Helder Câmara. O parlamentar disse que cada campanha aborda um problema de relevância para a sociedade brasileira, visando minimizar os males que a afligem, notadamente as pessoas menos favorecidas. “O tema deste ano procura refletir sobre a crueldade das diferentes facetas do tráfico humano”, explicou.
Ele defendeu que a sociedade brasileira e, de modo especial os cristãos, não podem ficar alheios a esse problema que causa indignação e vergonha. “É imprescindível que saiamos do nosso comodismo e ajudemos as autoridades constituídas a enfrentá-lo, para que nossos irmãos não venham a passar por essa ignominiosa condição, privados da liberdade para a qual Cristo nos libertou”, afirmou.
Camilo Santana disse que o tema deste ano “é uma pauta bastante árida, difícil para todos nós, até mesmo cruel”. No entanto, ele acredita que deve ser discutida em profundidade e com a máxima efetividade. “E preciso se tocar nessa ferida para, em parceria com a sociedade e a própria Igreja Católica, encontrar saídas para exterminar essa prática nociva e desumana da nossa sociedade”, disse. O petista revelou que 2,5 milhões de pessoas no mundo são vítimas do tráfico humano, conforme dados da ONU. O Brasil está entre os 10 países com mais vítimas do tráfico de pessoas.
Pinheiro, que mediou o debate, ressaltou a relevância do momento, uma vez que o assunto merece ser amplamente discutido e aprofundado.
A irmã Gabriela Pinna, representante da Rede Um Grito pela Vida e da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), explicou que a rede está empenhada em enfrentar o tráfico de pessoas. A reverenda destacou o alto percentual de mulheres nessa situação. Segundo ela, 66% das vítimas do tráfico são mulheres “que caem na rede de exploração sexual, obrigadas a mudar nome e aparência para satisfazer a demanda”, disse.
Já a irmã Eléia Scariot, coordenadora da Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese de Fortaleza, abordou o perfil das vítimas e o lugar onde as pessoas podem ser aliciadas. Ela ressaltou que mais de 40% das pessoas traficadas estão em processo de mobilidade, de migração. “O que começa com o sonho pode se tornar pesadelo”, ressaltou, referindo-se ao fato de as vítimas serem ludibriadas em busca de uma vida melhor.
Participaram ainda do evento os reverendos padre Francisco Ivan de Souza, membro da Coordenação de Pastoral da Arquidiocese de Fortaleza; Ana Cristina Carneiro, advogada do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoa do Estado do Ceará e da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus); Lucas Guerra Carvalho de Almeida, advogado do Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza, além dos deputados Eliane Novais (PSB), Rachel Marques (PT) e Antonio Carlos (PT).
LS/CG