O assunto da mudança de partido do grupo político liderado pelo governador Cid Gomes voltou a gerar discussões entre os deputados na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa. Enquanto aliados enalteciam e apontavam propostas programáticas ao novo partido, a oposição criticava a postura do ex-ministro e atual secretário de Saúde, Ciro Gomes.
Na última terça-feira, após uma reunião a portas fechadas, o grupo de Cid decidiu pelo ingresso ao recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Na semana passada, eles haviam deixado o PSB, depois de avaliarem a saída da legenda da gestão Dilma Rousseff.
A deputada Eliane Novais (PSB), por exemplo, chegou a classificar a declaração de Ciro Gomes contra Eduardo Campos de “oportunista”, uma vez que “sua aventura pessoal é ser candidato à presidência da República”. “Em nosso entendimento, oportunismo é pular de partido em partido, de posições ideológicas diversas, sempre com o objetivo de se manter no poder, para viabilizar um projeto pessoal de disputa para a presidência da República”, afirmou a parlamentar, acrescentando que o ex-ministro nunca soube o que é fazer oposição ao governo.
Por sua vez, o líder do governo, deputado José Sarto (PROS), disparou: “acho que a deputada fala pelo fígado, e não pela boca. Porque seu desejo e do irmão dela [Sérgio Novais] é de que o grupo ligado ao governador Cid Gomes saísse do PSB. O desejo foi realizado e ela deveria estar de bem com a vida”. Para ele, o PSB “apequenou-se” no Ceará com a saída do grupo político de Cid Gomes. E, portanto, propôs que a deputada se candidate ao Governo do Estado.
Disse, ainda, que, após a decisão do grupo, as lideranças irão sugerir ampliação das bases programáticas do novo partido, no intuito que possam defender teses progressistas e propostas socialistas de um Estado forte, para que possa ser combatida a desigualdade social no Brasil, especialmente no Nordeste. Por conta disso, não vê problema de filiar-se a um partido pequeno. “Não tem problema. O PT começou pequeno e, hoje, já conquistou um grande espaço”. E rechaçou qualquer movimento contrário a possibilidade de inviabilizar a candidatura do senador Eunício Oliveira. Para ele, as críticas feitas ao grupo cidista são questões pessoais, alfinetando a deputada Eliane Novais.
“PÁGINA VIRADA”
O deputado Welligton Landim (PROS) também reclamou, dizendo que se faz necessário fazer discursos mais concretos e, portanto, enfatizou ser necessário acabar com as picuinhas. Segundo ressaltou, o povo ocupou as ruas cobrando mais rapidez nos serviços públicos. E disse a Eliane Novais: “a página está virada. Cada um tem um sentimento que já foi calcificado e absolvido. Não tenha dúvida que o prejuízo foi enorme para este grupo político”. E completou: “nesse país, partido político é uma acomodação generalizada”.
DESCONFORTÁVEL
Paralelo a isso, Mauro Filho (PROS) disse estar desconfortável com as informações incoerentes sobre o grupo político liderado pelo governador Cid Gomes. Segundo ele, ao ingressar no novo partido, as lideranças irão debater um discurso programático para a legenda, aperfeiçoando o seu programa, inclusive, segundo ele, o assunto já foi debatido com os membros da Executiva Nacional. O parlamentar assegurou que um dos compromissos do partido é com a redução da carga tributária brasileira. Ele revelou também que o PROS tem discussão para acelerar o processo de redução da desigualdade social.
LAURA RAQUELDa Redação