Cid ao chegar ontem para reunião que deveria selar destino
FOTO: TATIANA FORTES
Sete meses atrás, Cid Gomes, defensor do apoio do PSB à reeleição de Dilma Rousseff (PT), opinava que a legenda deveria sair do governo, se Eduardo Campos quisesse mesmo disputar a Presidência da República em 2014. Hoje, é Cid quem se vê praticamente obrigado a abandonar o PSB. Movimentos nacionais e incursões de Campos no cenário local tornaram a permanência do grupo político no PSB quase insustentável, segundo admitiram aliados próximos. Cenário cujos desdobramentos definirão o desenho da política cearense para 2014.
No cerne da questão está a relação entre a cúpula do poder cearense e o Governo Federal. A base de sustentação do Palácio da Abolição tem como principais integrantes PT e PMDB - respectivamente, o partido da presidente da República e o do vice-presidente Michel Temer.
Já há um peemedebista em intensa movimentação para concorrer à sucessão estadual - o senador Eunício Oliveira. O rompimento com os petistas no âmbito nacional provocaria fratura irremediável na base de sustentação cearense. Situação na qual a perspectiva de Cid emplacar ou não seu sucessor na eleição do ano que vem ficaria seriamente comprometida.
A pressão para Cid se intensificou a partir de Brasília, na semana passada, quando o PSB decidiu entregar os cargos na administração federal - em decisão na qual o governador cearense foi o único voto contrário. Com isso, na prática a legenda rompeu com Dilma e tornou muito complicado para Cid manter a aliança com a presidente se ficar na sigla.
Incômodo ainda maior Cid demonstrou diante de convites, que partiram de membros da direção nacional, para a filiação de dois dos mais viscerais adversários do governador: o deputado estadual Heitor Férrer (PDT) e a ex-prefeita de Fortaleza e ex-aliada Luizianne Lins (PT).
Pressão do tempo
Outro fator a pressionar Cid Gomes é o tempo. Não diretamente para ele, mas para seus aliados. O prazo para trocar de partido a tempo de ser candidato no próximo ano vai até 5 de outubro próximo - um ano antes do pleito. Com isso, a definição não só sobre a saída, mas também sobre o destino precisa ocorrer até a próxima semana.
Parlamentares do PSB ouvidos pelo O POVO dizem que o tempo é suficiente para acertar o destino político do grupo. “Estamos acostumados com essas situações de última hora”, afirma o deputado estadual Welington Landim. “Nada que quatro, cinco noites conversando não resolvam”, acrescenta o deputado federal Antônio Balhmann.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
A iminência de troca de partido do grupo que governa o Ceará há quase sete anos deverá provocar rearranjo de forças, com radical redesenho da política no Ceará.
Saiba mais
PSB rompe com o PT também no governo do Rio Grande do Sul
Enquanto o PT tenta manter os cargos que ocupa em estados comandados pelo PSB, o diretório gaúcho do PSB decidiu seguir o exemplo nacional e deixar a base do governo petista no Estado.
A ruptura foi comunicada ontem ao governador Tarso Genro (PT). Com a decisão, o partido perde a pasta da Infraestrutura, uma das mais importantes no Estado. Em carta a Tarso, o presidente do PSB-RS, Beto Albuquerque, citou a “responsabilidade com o projeto nacional”.
No Ceará, o PT nem cogitou sair do governo. Em Pernambuco, Espírito Santo, Piauí e Amapá, petistas também decidiram ficar nos governos do PSB.