Na ocasião, será inaugurado também o sistema de acessibilidade nas instalações do Museu. A partir de agora, pessoas com deficiência auditiva ou visual terão acesso ao acervo da exposição permanente, uma vez que todas as informações estarão disponíveis por meio do projeto de áudio-descrição em Libras e Braille. A Escola de Ensino Fundamental e Médio Renato Braga, especializada na educação de deficientes auditivos, foi convidada a participar da inauguração.
De acordo com o presidente do Malce, Osmar Diógenes, tornar público o debate sobre a cultura inclusiva e as políticas para acessibilidade em ambientes culturais é uma perspectiva que se adéqua ao trabalho que o Memorial da Assembleia Legislativa do Ceará vem realizando desde sua reformulação, em 2010. “Tem sido nossa meta constante refletir sobre as políticas públicas, a produção acadêmica e as demandas da sociedade voltadas para o campo museal”, afirma Diógenes.
O terceiro volume da série “Cadernos Tramas da Memória”, com o tema Acessibilidade e Linguagens” atende a essa perspectiva do Malce de abrir um amplo debate com a sociedade. “A obra faz parte do nosso projeto de publicações, voltadas para a discussão dos grandes temas definidores das práticas museológicas”, explica o presidente do Memorial.
A proposta, segundo ele, é realizar um grande debate sobre a “acessibilidade cultural”, no qual foram convidados alguns dos principais especialistas na área, para levantarem questões fundamentais que pautam as discussões contemporâneas.
Nomes como o de Amanda Tojal, José Geraldo Silveira Bueno, Carla Cazelato, Márcia Bitu Moreno, Maria Cecília de Moura, Rogelio Martínez Abellán e Virgínia Kastrup, referências no Brasil no tema abordado, constam na autoria dos artigos do livro.
Segundo os historiadores do Malce, Daniel Gonçalves e Paulo Roberto Marques, a noção de acessibilidade, presente não só nos museus, mas em outros discursos e práticas sociais, adere-se facilmente ao Braille, Libras, aos objetos adaptados ao tato, às rampas, à tecnologia de áudio-descrição etc., quase como se esses meios produzissem uma relação causal, linear, imediata, de conhecimento entre os sujeitos e o espaço museológico. “Mostrar e fazer compreender a complexidade dessa relação, para além do ‘físico’ e do tecnológico, é um dos objetivos centrais desta publicação. Para encarar esses problemas, foram acionados pelos autores conceitos da semiótica, da comunicação, da linguística e das “ciências da linguagem” em geral”, afirmam eles.
RW/CG