O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, afirmou, ontem, que, pela primeira vez, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reconheceu suas limitações, apontando a burocracia estatal e a necessidade de uma logística melhor, lembrando da necessidade de dispensa de licitação, o que acabou não ocorrendo.
Segundo ele, em decorrência desses fatos “tivemos duas reuniões com o governador Cid Gomes, quando colocamos a questão da sustentabilidade do nosso rebanho, alertando que dentro de 90 dias o nosso plantel de bovinos morrerá de fome”.Flávio Saboya - que esteve semana passada em Brasília para discutir a transferência de milho para o Estado do Ceará -, só a bovinocultura representa R$ 4,5 bilhões, e que esse rebanho foi feito com muito sacrifício, durante décadas, pelos produtores, que agora vê de perto uma das maiores secas dos últimos 40 anos.
Ao tomar conhecimento desse fato, o governador apresentou uma proposta para que uma cooperativa do Paraná vendesse ao Ceará 50 mil toneladas de milho, que deverão chegar aqui através do Porto do Pecém.
EMERGENCIALCom relação à alimentação do rebanho, a proposta emergencial de forragem foi apresentada pela Faec, em uma reunião no perímetro de Morada Nova, quando os produtores desejaram comprar a produção. “Para que haja efetividade, precisamos de crédito”, enfatiza Saboya. Nesse sentido, ele informa que o Governo, após contato com o Banco do Nordeste (BNB), obteve uma proposta de crédito de R$ 200 mil por produtor, com prazo de cinco anos de carência para pagamento. “Precisamos plantar em abril, para ter a forragem em junho e estamos visitando vários perímetros irrigados, como Morada Nova, Apodi e Icó. Todos estão esperando este crédito”, defendeu Saboya.
Outra ação apontada pelo presidente da Faec foi um projeto denominado de Seguranca Alimentar Anual – através de um contato com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra -, para cessão de áreas pertencentes ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A perspectiva é de 21 mil hectares a serem implantados no projeto.
INSATISFAÇÃONa reunião do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense (Agropacto), promovido pela Faec e realizada ontem, o deputado estadual Hermínio Rezende, presidente da Comissão de Agropecuária da Assembleia Legislativa, reclamou sobre a definição de critérios dos bancos no tocante a empréstimos para pequenos e médios produtores. Além disso, ele também reclamou do montante que um produtor terá direito para plantar forragem, dentro do programa de segurança alimentar sugerido pela Faec.
Já o presidente da Federação reclamou da burocracia, da exigência de um projeto técnico e de um atestado de emergência do município, na hora da contratação do projeto de custeio para a propriedade rural, justamente num momento emergencial, onde as coisas deveriam acontecer com total prioridade. Flávio Saboya lembrou da criação de uma Câmara de Compensação entre o BNB e os produtores, e sugeriu montar uma equipe para analisar, no máximo em 72 horas, a aprovação da proposta.
De acordo com o superintendente regional do BNB, João Robério, um programa de formatação para atender ao projeto da Faec, através de recursos do FNE, foi colocado. Segundo ele, o BNB já criou uma ponte entre a Faec e os sindicatos para acompanhar o financiamento desses projetos, e o crédito está concentrado nas mãos dos pequenos produtores, participantes do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que são os mais atendidos.