O deputado Elmano Freitas (PT) abriu o evento alertando para a urgência de uma maior consciência ambiental e mudança de comportamento da sociedade. “A Assembleia acerta muito em realizar uma discussão sobre essa temática, convidando nossos trabalhadores da reciclagem e agentes ambientais que tanto nos ensinam sobre essa cultura sustentável. Nosso maior desafio neste momento é mudar o nosso comportamento desde a produção ao consumo, preservando nossas águas e matas”, avaliou.

A primeira-dama da Casa e idealizadora do comitê, Cristiane Leitão, reforçou que a programação do Mês do Meio Ambiente tem justamente o objetivo de conscientizar parlamentares e servidores para que ações sustentáveis se expandam por toda a sociedade.

“Estamos sendo parte de uma evolução rápida da sociedade com produção desenfreada, o que gera uma quantidade de resíduos inacreditável, e sabemos que isso não está acontecendo de forma sustentável. Precisamos cada vez mais de ações de educação ambiental para o Parlamento cearense, servidores e população, com políticas públicas sustentáveis associadas ao desenvolvimento econômico com uma melhor utilização e reutilização de recursos naturais”, afirmou.

O tema “Consumo consciente e economia circular” foi abordado por quatro convidados, que destacaram o impacto do consumo e exemplos de vivências em economia circular, pontuando as possibilidades de adequação do processo da economia linear por meio de questões como a vida útil dos produtos, os materiais utilizados e os fluxos de produção. A mediação foi de Yuri Passos, engenheiro ambiental e sanitarista, assessor técnico da Célula de Sustentabilidade e Gestão Ambiental.

A primeira palestrante foi a jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, idealizadora do Eco Nordeste, Maristela Crispim, que frisou como todas as ações dos seres humanos estão conectadas com a natureza e como o progresso os afastou dela. “Com esse crescimento desenfreado, impactamos nosso mundo de forma muito negativa. O consumo consciente é uma das ferramentas que podem ajudar a recuperar o que ainda temos. Economia circular começa repensando o uso das matérias-primas, privilegiando o uso de material reciclado, revendo e reduzindo hábitos de consumo, reutilizando e recuperando. É a compreensão de que a natureza é finita e impactamos quando tiramos e quando devolvemos algo a ela”, conceituou.

Em seguida, o diretor regional adjunto do C40 de Grandes Cidades para a Liderança Climática na América Latina, Ilan Cuperstein, ponderou que o esforço para um consumo consciente junto à economia circular deve ser um compromisso mundial. “Hoje os centros urbanos do mundo são responsáveis por 70% de emissão de gás do efeito estufa. Exemplificando, se o Ceará para de produzir gases de efeito estufa, o problema não deixa de existir. É necessário que esta seja uma ação global coletiva, entendendo as perspectivas de emissão de produção e emissão de consumo para mudar a realidade em que vivemos e colaborar com o nosso planeta”, salientou.

AÇÕES SUSTENTÁVEIS

O fundador e ativista socioambiental da Be Happy Music Club e Nossa Iracema, André Comaru, elogiou a iniciativa da Alece em promover o debate de conscientização. “Fico feliz em saber que a Casa Legislativa possui um time de responsabilidade social”, destacou.

O ativista ressaltou a importância de ações como esta para preservar o meio ambiente. “Nós brasileiros temos muito o que ensinar para o resto do mundo e temos muito o que aprender também, aprender a tomar conta da nossa casa, da natureza, essa é uma oportunidade de trazer algo legal. Esse projeto é um chamado”, pontuou.

Dentre os projetos desenvolvidos estão as limpezas das praias, as artes por meio de esculturas feitas com resíduos retirados dos oceanos, palestras nas escolas, ações como a realizada na Escola João Jaime, em Acaraú, que se tornou a primeira escola lixo zero do Nordeste.

O evento contou ainda com a participação da diretora criativa e fundadora da marca Catarina Mina, Celina Hissa, que destacou a economia circular como forma de preservação do meio ambiente. “Falamos muito sobre a consciência do consumo, sobre você entender que não é apenas um copo de plástico. Quando a gente entende a economia circular, o que tem por trás do produto pode ser mais importante do que a foto da prateleira”, assinalou.

A marca cearense foi vencedora do prêmio Vogue Brasil /Ecoera em 2015 e em 2016. A diretora criativa ressaltou a importância de ter uma marca alinhada com os seus produtores. “Nenhuma marca está alinhada 100%, nós estamos educando as pessoas para pensarem um pouquinho mais como a gente, pregando a igualdade de gênero, o fim da pobreza, como temos a possibilidade de aqui no Brasil ter um ecossistema que pode ser completo”, explicou.

Celina pontuou o papel do fortalecimento dos valores repassados para o empoderamento de mulheres. “A gente busca educar, conscientizar. Temos uma artesã que foi vítima de violência doméstica e, através do trabalho, conseguiu sair dessa realidade e construir uma nova realidade. Temos que aprender as formas de partilhar o conhecimento”, afirmou.

As atividades do mês incluem ainda ações de educação ambiental, tanto na Casa Legislativa como em comunidades e espaços relevantes para a pauta sustentável, assim como oficinas, rodas de conversa e doação de mudas.

LA/JI/CG