O deputado Zezinho Albuquerque (PDT) foi reeleito para o seu terceiro mandato consecutivo no comando da Assembleia Legislativa
FOTO. TATIANA FORTES
Uma semana após Zezinho Albuquerque (PDT) ser reeleito presidente da Assembleia, governo Camilo Santana (PT) segue trabalhando para reparar impactos da vitória na base aliada. Adversária política de Agenor Neto (PMDB) há décadas, a deputada Mirian Sobreira (PDT) protesta hoje contra aproximação do peemedebista com a base aliada.
Depois da saída de Sérgio Aguiar (PDT), candidato preterido pelo governo em prol de Zezinho na disputa da Assembleia, agora é Sobreira que ameaça deixar o governo. A deputada é adversária história de Agenor em Iguatu, base eleitoral de ambos. Na eleição deste ano, Mirian derrotou o peemedebista – após 12 anos na oposição – com a eleição de Ednaldo Lavor (PDT).
“O que vou dizer para as pessoas que confiaram em mim? A gente passa doze anos sofrendo nas mãos deles, aí agora vamos nos juntar? Não existe a menor possibilidade de ter qualquer aliança”, disse Mirian ao O POVO. Ela reforça, no entanto, que não prevê – inicialmente – deixar o partido ou a base aliada.
“Permaneço no PDT e na base aliada sim. Agora, se essa aproximação nos afetar, eles tiverem cargos, vamos ter que sentar para conversar”, disse ao O POVO.
Em entrevista a uma rádio local de Iguatu, no entanto, a deputada foi mais ríspida, chegando a chamar Agenor de “traíra” e o comparar com uma prostituta.
A “traição” de Agenor – o deputado era dado como voto certo para Sérgio Aguiar até a véspera da votação –, no entanto, é considerada importante para vitória de Zezinho. Nos bastidores, se comenta que Agenor estaria negociando a indicação de Aderilo Alcântara, prefeito de Iguatu que perdeu a reeleição, para um cargo no governo do Estado.
“Se ele quer colocar o ex-prefeito em uma Secretaria, que coloque. Mas aí quem sai sou eu, isso eu garanto ao povo de Iguatu”, disse Mirian na entrevista de rádio.
O POVO procurou Agenor Neto para comentar o caso, mas não obteve resposta.
Fontes próximas ao governo, no entanto, afirmam que a situação da deputada deve ser resolvida “internamente”.
Oposição
Além do caso de Agenor, outro deputado do PMDB deve deixar o ninho de oposição. É o caso de Audic Mota (PMDB), que também votou por Zezinho na disputa da AL. Neste caso, no entanto, o que incomodou foi a aproximação do bloco opositor com o grupo político do conselheiro Domingos Filho, adversário político de Audic na Prefeitura de Tauá.
“Saímos de um processo traumático não só na Assembleia, mas na política do Ceará como todo. Vamos analisar a movimentação política e ver o que vai acontecer, tomar uma decisão serena”, diz Audic, que aponta a aproximação de Domingos Filho como “decisiva” para sua insatisfação. “Eu era líder do partido, e acabei recebendo esse gesto complicado”, diz.
Sérgio Aguiar, por outro lado, já confirmou que deverá adotar postura mais “independente” com relação ao governo do Estado, podendo migrar para a oposição. Ele criticou condução de Zezinho Albuquerque do processo eleitoral e disse ter sido prejudicado pela atuação do governo no caso.
Saiba mais
Além de Audic e Agenor, também “traíram” Sério Aguiar após intervenção do governo os deputados João Jaime (DEM), Osmar Baquit (PSD), Augusta Brito (PCdoB) e Carlos Felipe (PCdoB). Reeleito, Zezinho foi para o terceiro mandato consecutivo na AL-CE. Na manhã de ontem, o presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, chegou a se reunir com deputados da base aliada na hora do almoço. A assessoria de imprensa da Casa, no entanto, afirma que as conversas são “rotina” do deputado e desmentiu boatos de que elas buscavam “reaproximar” a base aliada.