A participação de segmentos religiosos nas campanhas eleitorais, ainda que não seja fator determinante do pleito municipal, tem sido cada vez mais utilizada por candidatos que, muitas vezes, se apropriam de um discurso que garanta o voto deste setor da sociedade. Em Fortaleza não tem sido diferente e, neste segundo turno, os postulantes Capitão Wagner (PR) e Roberto Cláudio (PDT) têm dedicado esforços para agradar grupos evangélicos e católicos que estão cada vez mais envolvidos na disputa.   Dentre as bandeiras levantadas por tais segmentos cristãos estão a criminalização do aborto, a desaprovação da descriminalização da maconha e, com mais intensidade nas discussões municipais, o debate sobre a inclusão dos temas de gênero e sexualidade nas escolas, o que eles denominam de "ideologia de gênero".   Para atrair cada vez mais esse eleitorado, Roberto Cláudio e Capitão Wagner têm contado com políticos com mais proximidade com os segmentos, que têm a função de convencê-los da importância do voto no postulante que apoiam.   Uma das principais vozes da Igreja Evangélica na Assembleia Legislativa, a deputada estadual Silvana Oliveira (PMDB), por exemplo, afirma que resolveu entrar na campanha em apoio a Capitão Wagner com mais intensidade neste segundo turno, e por isso está mobilizando lideranças e envolvendo pastores de diversos ministérios em Fortaleza. "Fiz material justificando meu voto no Capitão Wagner, meu marido, que é pastor, tem dado depoimento em apoio a ele. Para mim é importante escolher um candidato que se alinhe com nossos princípios cristãos".   Motivação   Segundo Silvana, o fato de Wagner ter se colocado contrário à "ideologia de gênero" aumentou sua vontade de participar da campanha. "Esse é o calo político de evangélicos e católicos hoje em dia. Ele disse ser totalmente contra isso, e contra o preconceito. Não podemos favorecer o preconceito a qualquer pessoa, independente de sua escolha e preferência sexual", afirmou.   Por outro lado, conforme informou José Sarto (PDT), muitos líderes evangélicos estão apoiando Roberto Cláudio. Ele, junto aos vereadores evangélicos Antônio Henrique (PDT) e Elpídio Nogueira (PDT), tem debatido a importância da manutenção do atual prefeito no cargo, dadas as conquistas obtidas nos últimos anos.   O deputado federal Ronaldo Martins (PRB), por sua vez, mesmo tendo obtido muitos votos de membros da Igreja Universal do Reino de Deus, afirmou que não há qualquer movimento para pedir votos de fiéis. Ele foi candidato a prefeito no primeiro turno, ficando na quinta posição, e agora apoia Roberto Cláudio. No entanto, José Sarto afirmou que, querendo ou não, há uma adesão dos integrantes da igreja com a participação de Ronaldo na campanha do pedetista.   'Vantagem'   "Temos lideranças importantes na campanha, como Jecer Goes, da Assembleia de Deus Canaã; o Costa Neto, da Videira; o Carlos Queiroz, da Igreja de Cristo. Tem a Igreja do bispo Luiz Martins, que está apoiando. E você sabe que em pese o apoio da Assembleia de Deus à Silvana, o (vereador) Martins Félix é do PDT e está apoiando Roberto Cláudio com outras lideranças da Assembleia de Deus. A candidatura do RC tem vantagem bem expressiva sobre os votos dos religiosos", disse José Sarto.   Segundo Walter Cavalcante (PP), a Igreja Católica tem princípios religiosos e jamais votaria em político que tenha posicionamentos que vão de encontro aos princípios da instituição. "O eleitor religioso analisa todo o passado da pessoa, o que eles fazem, dizem e defendem", disse.   O parlamentar destacou que, por meio do movimento Encontro de Casais com Cristo, tem buscado apoio para a candidatura à reeleição de Roberto Cláudio. "Várias pessoas que participam do Evangelizar, da Caminhada com Maria, Shalom, Face de Cristo e Comunidade Obreiros da Tardinha que vão votar no prefeito", garantiu Cavalcante.