Uma das coligações proporcionais que mais surpreenderam o meio político local no pleito deste ano colocou no mesmo bloco duas legendas com pensamentos ideológicos antagônicos, o PCdoB e o DEM. Os dois partidos, que apoiam a candidatura do prefeito Roberto Cláudio à reeleição, estão juntos no mesmo bloco partidário com vistas a uma das 43 vagas da Câmara Municipal de Fortaleza. Além deles, fazem parte da mesma coligação proporcional PSD e PMB, legendas mais próximas. Para membros do PCdoB entrevistados pelo Diário do Nordeste, a aliança com o DEM na capital cearense se deu apenas pelo fato de as duas agremiações acreditarem no projeto de Governo do prefeito Roberto Cláudio e para garantia de pelo menos um nome no Legislativo Municipal.    Segundo o deputado estadual Carlos Felipe, na votação para definição sobre permanência na chapa, foram sete votos favoráveis contra cinco contrários, o que ele avalia como uma escolha “apertada”. “Não tínhamos nenhuma dúvida quanto ao apoio ao prefeito, mas o partido achava que tínhamos opção para vice, como o nome do deputado (federal) Chico Lopes nos bairros periféricos”, destacou.   O parlamentar ressaltou, ainda, que sua posição era contrária ao apoio à chapa majoritária com um vice do DEM, neste caso o deputado federal Moroni Torgan. “Mas quando a maioria vota de uma forma, independente, de termos posições que são discordantes, aquilo tem que ser maioria”, declarou.   Conforme informou Carlos Felipe, a coligação com o DEM na disputa proporcional se deu para que o partido não tivesse prejuízo no número de vagas de vereadores que pode eleger.   Em âmbito federal, enquanto o DEM está na linha de frente a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o PCdoB é aliado de primeira hora da petista e do PT. Entretanto, em Fortaleza, enquanto a sigla petista está com candidatura própria, a legenda comunista segue fazendo parte da gestão de Roberto Cláudio, inclusive, com o líder do Governo na Câmara Municipal, Evaldo Lima.    Metas eleitorais   O PCdoB espera eleger entre seis a 12 prefeitos no Ceará em 2016, e aumentar o número de vereadores no Estado, que atualmente está em 80. Augusta Brito, Carlos Felipe e George Valentim são as principais lideranças políticas da sigla no Interior. “Em alguns locais em que somos cabeça de chapa, partidos como o PSDB e o DEM nos apoiam. Essa coisa de generalizar é muito ruim. Aprendi que nem todo mundo é do mal e nem todo mundo é do bem. Há bons e maus na direita e na esquerda”.    O deputado George Valentim, por outro lado, ressaltou que a discussão na sigla foi ampla no que diz respeito à decisão de estar ao lado do DEM, apoiando o candidato a vice Moroni Torgan. No entanto, segundo disse, foi levada em consideração a participação na gestão de Roberto Cláudio, com indicação para o Habitafor e a liderança do Governo, que é do PCdoB.    “Não acredito que por conta disso o partido esteja mudando. O que levou em consideração foi todo o contexto histórico com Roberto Cláudio. O prefeito não deu motivos para posicionamento diferente. O PCdoB vai caminhar junto com Roberto Cláudio, mas manterá seu pensamento ideológico, independentemente da escolha da coligação para indicação do vice”.