Após perder a indicação para a Comissão dos Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa e ter o nome envolvido em uma polêmica nos últimos dias, a deputada Drª Silvana (PMDB) ocupou a tribuna, ontem, e respondeu às duras críticas feitas pelo secretário da Cidade, Ivo Gomes (Pros), que usou seu Facebook para refutar a indicação da parlamentar, que é evangélica, para a vaga. Quarenta e duas organizações também reivindicaram, na AL, a retirada do nome da deputada Silvana da presidência. “Não sou homofóbica e nem fundamentalista”, retrucou a parlamentar. A polêmica fez com que a Mesa Diretora declinasse da decisão. No último domingo (8), o presidente da Casa, José Albuquerque (Pros), reuniu-se com parlamentares do PMDB e indicou Silvana para a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido.
“Assembleia Legislativa do Ceará e o PMDB preparam-se para repetir a história. Terão um Marcos Feliciano pra chamar de seu. Numa demonstração de absoluto desprezo pela sua Comissão de Direitos Humanos, estão a caminho de entregá-la a uma parlamentar evangélica fundamentalista e homofóbica”, afirmou Ivo Gomes em seu Facebook.
De acordo com a parlamentar, seu posicionamento de nunca se acovardar com relação a temas delicados, justificou o convite para presidir a comissão de Direitos Humanos. “Não estou magoada com esta Casa, nem com a imprensa, nem com as reivindicações das 42 organizações que, de forma democrática, solicitaram o recuo do meu nome da presidência. Entendo que aqui não é uma arena de guerra, mas sim um lugar de debate e de exercício da democracia”, afirmou.
Para a imprensa, Silvana destacou ainda que terá tempo, no decorrer dos quatro anos, de mostrar seu desempenho parlamentar. “Nenhum cristão é homofóbico. Eu não sou fundamentalista, sou uma pessoa que tenho minha fé, não deixo de falar em Deus em meus pronunciamentos”, assegurou.
Apoio
Durante o pronunciamento da peemedebista, vários parlamentares a apartearam em apoio, como o tucano Carlos Matos, Ely Aguiar (PSDC), Danniel Oliveira (PMDB), João Jaime (DEM), além do líder do PMDB da Casa, deputado Audic Mota, que assegurou a legenda ter brigado até o fim para que Silvana permanecesse na presidência.
Audic Mota enfatizou o apoio dado pelo partido a qualquer decisão que a deputada tivesse tomado. “Estamos sempre ao seu lado, seja qual for o seu pleito”. O peemedebista ressaltou que a parlamentar foi vítima de preconceito. “Com isso, pode mostrar ao Estado inteiro que a senhora foi vítima de preconceito dos que se acusam de sofrer preconceito.”
O deputado Tin Gomes (PHS) explicou que a deputada não chegou a perder a presidência, tendo em vista que a comissão só é destinada a um deputado depois de haver votação no próprio colegiado. “O que essa Mesa tem feito, exaustivamente, é, há mais de 10 dias, montar o projeto da Mesa Diretora, para atender democraticamente a todos os partidos e blocos formados na Casa”, disse.
Segundo Tin, não é justo que os parlamentares apontem que a Mesa não teve “altivez” em permanecer a parlamentar à frente da CDHC, haja vista que foi por meio de um consenso que a decisão foi acertada, além de que a parlamentar ainda não tinha sido homologada para assumir o cargo.
Sem visibilidade
Para Silvana, a decisão de José Albuquerque não foi na intenção de desmerecê-la, mas na função de pacificar a sociedade. “Eu não me sentiria bem de ver aqui o auditório repleto [de protestantes], isso me daria uma visibilidade sim, mas eu não quero essa visibilidade que atrai o ódio, a perversidade”, ponderou, dando conta de que continuará com suas posições polêmicas, mas a mesma coragem de dizer que não concorda, por exemplo, com união homoafetiva.