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Exibicionismo e transgressão via redes sociais - QR Code Friendly
Quarta, 12 Fevereiro 2014 06:41

Exibicionismo e transgressão via redes sociais

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O fácil acesso à Internet e a pulverização da redes sociais revolucionaram a produção de conteúdos pelos quatro cantos do planeta. Os conceitos de emissor e receptor, antes moldados pelo domínio restrito dos meios de comunicação, hoje estão totalmente redimensionados. Com apenas um clique, qualquer um vira fonte de informações que, rapidamente, já estarão sendo compartilhadas para outras milhares de pessoas. Do celular você grava um vídeo que em segundos pode se tornar o mais novo sucesso da rede mundial de computadores. É a era do instantâneo. Um fenômeno sócio-cultural que desafia estudiosos e conseguiu romper barreiras antes ditas intransponíveis. Comunidades das mais diferentes origens interagem, novos sujeitos vêm à tona, identidades são forjadas. Teias interligadas e em constante movimento. A mais forte das globalizações. A reboque desse processo, a oportunidade de anônimos conquistarem alguns minutos de fama. Democratizou-se o estrelato. Da vida comum para o Olimpo num estalar de dedos. E como a concorrência é das mais altas, está valendo de tudo para a chamar a atenção. Da dancinha engraçadinha à prática de atos ilegais. Porque só a ânsia desenfreada de aparecer, e logo existir diante de uma sociedade cada vez mais vinculada à imagem - justificaria determinadas postagens no meio virtual. No Ceará, dois exemplos chocaram a população. Em um deles, um jovem aparece numa gravação dirigindo um automóvel e segurando uma arma. Depois, fala na maior tranquilidade: “Tô doido. Vou meter bala agora. Não sei em quem. Bora simbora, menino?”. É então que aponta o revólver pela janela e dispara um tiro em plena via pública. Na imagem, é possível observar algumas residências. No fim do vídeo, ele finaliza: “Papoca, menino!”. Frase que, pasmem, já inspirou música de forró e é repetida nas rodas de conversa e redes sociais. A banalização da violência virou “meme”, classificação dada para algo muito propagado na web. No outro caso, também em vídeo, o filho do deputado Welington Landim (Pros), o médico Gilvan Landim, surge ingerindo bebida alcoólica enquanto dirige. Ele chega a tirar as mãos do volante enquanto abre uma garrafa de cachaça e canta uma música de forró. As duas situações estão sendo investigadas pela Polícia. O exibicionismo e o voyerismo são próprios da humanidade e ganharam força com o advento da Internet. Compreensível. Mas quando a matéria-prima para essas vitrines populares rompe os limites da legalidade, chega a hora de parar e refletir sobre os rumos da nossa existência. Que necessidade de contemplação é essa que coloca em risco a vida das pessoas e compromete o futuro dos seus autores? Já seria um absurdo as atitudes e a gravação desse vídeos. Disponibilizá-los para o acesso público é algo inacreditável. O ápice da falta de bom-senso alimentando um sistema que já carece de bons exemplos. Não restam dúvidas de que houve espécies de realizações pessoais com essas exposições voluntárias que, é preciso destacar, se proliferam pela Internet. A um custo muito caro, diga-se de passagem. Fora o desgaste que ambos já sofreram, espera-se das autoridades punições à altura dos erros cometidos. Que a impunidade não ajude a criar outros “papocos” por aí. Que as novas tecnologias não sirvam para o fortalecimento de transgressões doentias. CADÊ O DINHEIRO?E falando em impunidade, começou ontem o julgamento de um dos casos mais graves de corrupção envolvendo o Ceará: o escândalo do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Cerca de R$ 28 milhões teriam sido desviados num esquema que, de acordo com as investigações, teria contado com a participação de servidores e empresários. Obras mal feitas ou sem conclusão se espalharam pelas estradas do Estado. Segundo a denúncia, feita ainda em 2010, uma série de crimes foram cometidos: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato, etc. Quatro anos depois o processo finalmente chega à fase de audiências com testemunhas. Antes tarde do que nunca. Entretanto, um questionamento se faz necessário. E todo esse volume de recursos, onde foi parar? Algo foi ressarcido aos cofres públicos? Até agora, não se tem notícia. Entretanto, caso haja condenação, alguns dos réus vão ter de esvaziar os bolsos. A Lei de Improbidade prevê que, em caso de dano ao erário, a multa é de duas vezes o valor surrupiado. A GOTA D’ÁGUAA morte do cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, precisa ao menos servir de alerta para os movimentos sociais sérios deste País, que cumprem um papel importantíssimo para a promoção das necessárias mudanças. Ataques aos patrimônios público e privado promovidos por alguns integrantes - destaque para os black blocs - já eram algo inaceitável. Entretanto, quando ações chegam ao ponto de ceifar a vida de um trabalhador em pleno exercício de sua profissão, a gravidade se multiplica por mil. Violência não combina com manifestação . Pelo contrário: deslegitima. Não pode ser tolerada, venha do lado que for. Ou os setores organizados também tomam alguma providência para coibir a participação dos vândalos extremistas, ou correrão o risco de serem todos criminalizados e de perderem o apoio da sociedade. Uma vitória para as alas mais reacionárias do País à espreita de qualquer falha para virem com seus discursos moralistas e atitudes que representam um sério risco à democracia.
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