“É a partir da implementação de políticas públicas que esses índices irão se reduzir, e não por meio da repressão policial”, apontou. Segundo ele, a sociedade recorre à polícia quando tudo falha. “Recorrem à polícia quando falta escola, moradia, saúde, sendo a polícia o último recurso do cidadão. Daí, querem colocar a polícia para resolver esse tipo de problema, que é, na verdade, de competência do Estado e dos municípios”, criticou.
Conforme Heitor, os índices de violência no Ceará iniciaram um crescimento a partir do fim do Governo Lúcio Alcântara e não diminuíram mais. “Há algumas oscilações sazonais, mas sempre volta a crescer.”
O governo Lúcio Alcântara encerrou com 1.793 assassinatos em seu último ano (2005), enquanto o governo seguinte, de Cid Gomes, encerrou com 3.840 assassinatos, informou.
No ano de 2020, por exemplo, o número de assassinatos cresceu 81% em relação a 2019. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e reportagens recentes, Heitor afirmou que o Ceará é um estado onde 51% da população é pobre, e destes, um terço é miserável.
“Temos ainda, dentro desses números, 1,2 milhão de crianças vivendo em situação de pobreza, 31% das pessoas até 14 anos de idade em situação de pobreza e 700 mil jovens cearenses que não trabalham nem estudam”, informou, ressaltando que “a relação entre pobreza e violência é direta, e cabe ao Estado e municípios combaterem esse problema”.
O deputado também reforçou que a opressão policial “não resolve”. “A sociedade esquece que a pessoa que vai presa volta para a sociedade. E ela não volta ressocializada, conforme a promessa do sistema penitenciário, porque o nosso sistema penitenciário não ressocializa, ele degenera ainda mais”, alertou.
PE/AT