Para o parlamentar, enquanto se cria uma cortina de fumaça para que a sociedade acredite que o real perigo está em temas como “ideologia de gênero” e a solução na redução da maioridade penal, “a velha cantilena política prossegue”.
Renato Roseno apontou como exemplos dessa política a falta de debate de medidas, como o rebaixamento de status do Ministério do Trabalho e a escolha de uma ruralista para o Ministério da Agricultura. “Basta observar a composição do novo Governo para vermos quem serão os maiores beneficiados com essa suposta mudança de cenário”, sugeriu.
Conforme o deputado, a sociedade passa a compreender que o que lhe afeta não é a economia, não é a falta de investimento público em saúde ou educação, e sim questões direcionadas por uma disputa hegemônica sobre a moral social e as convicções filosóficas, éticas e religiosas da sociedade.
Renato Roseno considerou uma possível redução da maioridade penal, tema que voltou a ter destaque com a eleição do próximo presidente da República, Jair Bolsonaro, como exemplo. De acordo com ele, não se discute um plano de segurança bem planejado que realmente reduza a epidemia de homicídios. Em vez disso, “usam mais uma vez o artifício da guerra cultural e a opinião pública, julgando que a melhor solução é ampliar a massa carcerária”.
O pronunciamento, de acordo com o parlamentar, é um alerta. Ele cobrou que a população acompanhe, sobretudo, o texto subliminar dessas discussões. “Quais interesses econômicos seriam mais beneficiados com a montagem do novo Governo e sua agenda?”, questionou.
O parlamentar afirmou ainda que luta por uma sociedade democrática e plural, em que os direitos humanos sejam garantidos, assim como a punição aos que o agridem. “Enquanto as minorias sofrerem, deve haver educação voltada para o respeito aos direitos humanos”, disse.
Em aparte, o deputado Carlos Felipe (PCdoB) lembrou os 30 anos da Constituição de 1988 e a principal conquista, que, conforme observou, consiste no “respeito à democracia”. Ele considerou que a intolerância e o ódio nunca foram tão fortes quanto hoje em dia. “Essa Casa deve ser firme na garantia dos direitos das minorias e, da mesma forma, contrária a qualquer tipo de discriminação e ameaça”, afirmou.
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