Roberto Mesquita lembrou que, se a obra não foi terminada, haverá colapso de abastecimento de água no Ceará, já que o Estado vislumbra mais um ano de seca. Ele acrescentou que, em 1993, a situação era menos preocupante, mas ainda assim o então governador Ciro Gomes, para auxiliar no abastecimento, determinou a construção do Canal do Trabalhador, de 114 quilômetros de extensão, que foi executada em 90 dias.
O parlamentar ressaltou que é opositor político de Ciro Gomes, mas não pode deixar de reconhecer a coragem do então governante. “Ele enfrentou todas as críticas, realizando a obra com dispensa de licitação diante da gravidade do problema. A coragem é a qualidade que deve acompanhar todo homem público”, comentou.
Segundo o deputado, há um trecho de 146 quilômetros precisando ser finalizado. “Mas há covardia por parte do ministro da Integração Nacional (Hélder Barbalho), que não faz uma dispensa de licitação. Por isso, 12 milhões de nordestinos irão ficar sem água”, asseverou.
Roberto Mesquita revelou que Barbalho declarou ter recursos para a realização da obra, porém a empresa que ganhou e foi chancelada pelo Ministério da Integração faliu, conforme explicou. “Há R$ 500 milhões no orçamento, mas a empresa não tem dinheiro para tocar”, advertiu.
Para o deputado, chegou a hora de recorrer ao Exército para, em 60 dias, terminar o trecho inconcluso. “Faltam somente algumas estações elevatórias e 50 metros de túnel, que poderiam ser concluídos em 50 dias. O ministro vai deixar a pasta e ser candidato no Estado dele, e nós ficamos precisando de um homem com coragem”.
BLOQUEADORES
Roberto Mesquita considerou ainda que está faltando coragem para a instalação de bloqueadores de celular nos presídios. Ele lembrou que, em 2002, a então secretária de Justiça, Sandra Donde, apontou para a necessidade de implantar equipamentos desse tipo, cortando as ligações entre líderes de facções criminosas e seus liderados em liberdade. “Em 2013, um promotor pediu a instalação dos equipamentos. O juiz Hortêncio Nogueira determinou, em liminar, que o Estado instalasse em 180 dias os bloqueadores. No entanto, o Estado pediu o indeferimento da determinação, alegando falta de dinheiro”, relatou ele.
Em aparte, o deputado Heitor Férrer (PSB) avaliou que falta coragem para certas coisas, “mas sobra para outras, como desvio de recursos públicos”. Ele lembrou que a transposição, inicialmente orçada em 4,1 bilhões, hoje, está em 12,4 bilhões, devido a supostos desvios de recursos.
JS/PN