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Tin Gomes: a hora de compensar o pouco tempo na TV - QR Code Friendly
Quarta, 28 Setembro 2016 04:37

Tin Gomes: a hora de compensar o pouco tempo na TV

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Logo nos primeiros passos da caminhada pelas ruas do conjunto Pequeno Mondubim, no bairro José Walter, Tin Gomes (PHS) parou na frente de um grupo de seis jovens que observavam a algazarra de carros de som, fogos e bandeirolas agitadas. O candidato se postou diante de um deles e ofereceu a mão, como fizera algumas dezenas de vezes até ali. Com cabelos levemente desgrenhados, ele entrega o santinho tão laranja quanto a camisa suada e sugere: “Bora bater uma foto aqui, bora?”     O pedido aconteceu na última sexta-feira, 23, quando eu e o fotógrafo Júlio Caesar acompanhamos uma ação da campanha de Tin. Percebemos que, em uma caminhada como aquela, o candidato precisa estar disposto. Primeiro, para enfrentar o trajeto de, pelo menos, 2 km saracoteando de um lado para o outro da rua na insistente busca de convencer indecisos a votar nele. Depois, para ouvir as demandas de quem só se acostumou a ver a representação do poder público em tempos de eleição.     Tin Gomes nunca está só. Há sempre um conjunto de 30 garotas aguardando o momento certo de balançar as bandeiras, entregar panfletos e distribuir sorrisos coordenados à sombra do candidato. Se o carro de som não consegue passar pelos becos e vielas empoeiradas, as meninas também funcionam como coral, de improviso. A uma só voz, cantam o jingle pensado para esse pleito.     “Quem é esse aí?”, quis saber uma moradora quando viu o movimento incomum na rua. Uma das meninas de laranja ajuda: “É o Tin”.     O candidato não é, por assim dizer, uma figura que arregimenta tantas emoções por onde passa. Consegue, isso sim, colecionar um punhado de reclamações destinadas, principalmente, à gestão municipal.     “Já faz mais de 20 anos que a gente peleja por asfalto nessa rua”, reclamou Rosa Alves, que precisa conviver com um esgoto a céu aberto na frente de casa. “Rapaz, diminua esses fogos porque as crianças se assustam e, se precisar do posto (de saúde), não tem remédio”, ralhou outra moradora mais à frente.     Devagarzinho, entrando em comércio, batendo na porta das casas, agachando-se para afagar as crianças, Tin Gomes cumpriu a obrigação de se apresentar como opção para os moradores do bairro. No jargão político, essa atividade de encarar o eleitorado de modo mais próximo chama-se “corpo a corpo”. O candidato do PHS diz que a campanha, neste ano, tem se concentrado nessas ações, principalmente, pelo curto tempo de televisão no horário eleitoral gratuito. Na TV, Tin só dispõe de ligeiros 22 segundos para defender suas propostas. “Por isso eu tenho que fazer mais isso aqui”, justificou o candidato.     Tin também amarga uma situação desfavorável nas pesquisas de intenção de voto. Em todas as três rodadas do O POVO/Datafolha, o candidato oscilou entre 1 e zero ponto. E ainda é considerado o 2º com o maior índice de rejeição entre eleitores. Sobre isso, Tin tem uma opinião contundente. “As pesquisas são manipuladas”, defende-se.     A rejeição, ele completa, também não representa o que é observado no dia a dia de campanha. “Nas minhas caminhadas, eu falo com 400 pessoas. Dessas, uma não dá a mão porque essa não dá pra ninguém. Rejeição, pra mim, é zero”, rebate, comparando a receptividade dos moradores ao percentual de eleitores que disseram não votar “de jeito nenhum” no nome dele.     De fato, durante mais de uma hora de caminhada, vimos poucas pessoas recusarem os cumprimentos de Tin. Mas elas existiram. Pelo menos dois eleitores balançaram a cabeça negativamente quando o candidato estendeu a mão para o aperto.     Para compensar, outros três declararam voto no número de Tin espontaneamente. Um deles foi um motociclista que chegou próximo ao candidato e disse, com o capacete pousado sobre o braço: “Meu voto é no senhor!”. Tin comemorou. “Eu talvez tenha falado tanta verdade na minha proposta que quem escuta, se agrada. Você mesmo viu voto meu aí nessa caminhada”.   Traquejo   O contato com o eleitor impõe certo cuidado. Sabendo disso, Tin Gomes tenta tratar cada pessoa de um jeito diferente, personalizado. “Meu amor”, aqui; “meu querido”, acolá, ele vai tentando conquistar uns segundos apressados de atenção. Uma frase, porém, repete-se na maioria das abordagens: “Se gostar, pode confiar”.     A expressão surge como um convite para o eleitor, ainda atordoado pelo volume de correligionários na calçada e dos carros de som, possa se ater ao panfleto em que se debulha o resumo do programa de Tin Gomes para a Prefeitura de Fortaleza. A segunda expressão com mais uso é “analise com carinho”.     Assim, repetindo promessas e indicando soluções com o indicador no panfleto, Tin Gomes cumpriu percurso previsto para o bairro. Com a noite posta, a saída foi alumiada pelas lâmpadas amarelas e oscilantes da iluminação pública. Ligeiro, Tin se aprumou no carro de bancos de couro e ar-condicionado e se dirigiu para a Parquelândia. Lá, um candidato a vereador o aguardava para uma carreata. Aquele dia ainda não acabou.       Bastidores     1 A reportagem não pôde acompanhar toda a agenda do candidato. Pela manhã, ele tinha reunião com lideranças da coligação.     2 O percurso proposto para a caminhada foi indicado por um candidato a vereador do bairro que apoia Tin Gomes.     3 Uma moradora permitiu que o candidato entrasse em casa para ver medalhas do marido, que participa de competições de triatlo. Tin também entrou em uma pizzaria.     4 O repórter e o fotógrafo foram até a Parquelândia no carro de Tin. Em uma praça, na rua Érico Mota, o candidato se serviu de churrasquinho e ofereceu ao jornalista, que aceitou.     5 Durante o percurso até a Parquelândia, Tin disse que apoiará, no segundo turno, o candidato que “se alinhar as nossas propostas”. A expectativa do próprio candidato é de alcançar 3% dos votos.       VÍDEO     Assista ao webdoc com o dia de campanha de Tin Gomes no link:   www.opovo.com.br/videos   CALENDÁRIO - 29/09     Logo nos primeiros passos da caminhada pelas ruas do conjunto Pequeno Mondubim, no bairro José Walter, Tin Gomes (PHS) parou na frente de um grupo de seis jovens que observavam a algazarra de carros de som, fogos e bandeirolas agitadas. O candidato se postou diante de um deles e ofereceu a mão, como fizera algumas dezenas de vezes até ali. Com cabelos levemente desgrenhados, ele entrega o santinho tão laranja quanto a camisa suada e sugere: “Bora bater uma foto aqui, bora?”     O pedido aconteceu na última sexta-feira, 23, quando eu e o fotógrafo Júlio Caesar acompanhamos uma ação da campanha de Tin. Percebemos que, em uma caminhada como aquela, o candidato precisa estar disposto. Primeiro, para enfrentar o trajeto de, pelo menos, 2 km saracoteando de um lado para o outro da rua na insistente busca de convencer indecisos a votar nele. Depois, para ouvir as demandas de quem só se acostumou a ver a representação do poder público em tempos de eleição.     Tin Gomes nunca está só. Há sempre um conjunto de 30 garotas aguardando o momento certo de balançar as bandeiras, entregar panfletos e distribuir sorrisos coordenados à sombra do candidato. Se o carro de som não consegue passar pelos becos e vielas empoeiradas, as meninas também funcionam como coral, de improviso. A uma só voz, cantam o jingle pensado para esse pleito.     “Quem é esse aí?”, quis saber uma moradora quando viu o movimento incomum na rua. Uma das meninas de laranja ajuda: “É o Tin”.     O candidato não é, por assim dizer, uma figura que arregimenta tantas emoções por onde passa. Consegue, isso sim, colecionar um punhado de reclamações destinadas, principalmente, à gestão municipal.     “Já faz mais de 20 anos que a gente peleja por asfalto nessa rua”, reclamou Rosa Alves, que precisa conviver com um esgoto a céu aberto na frente de casa. “Rapaz, diminua esses fogos porque as crianças se assustam e, se precisar do posto (de saúde), não tem remédio”, ralhou outra moradora mais à frente.     Devagarzinho, entrando em comércio, batendo na porta das casas, agachando-se para afagar as crianças, Tin Gomes cumpriu a obrigação de se apresentar como opção para os moradores do bairro. No jargão político, essa atividade de encarar o eleitorado de modo mais próximo chama-se “corpo a corpo”. O candidato do PHS diz que a campanha, neste ano, tem se concentrado nessas ações, principalmente, pelo curto tempo de televisão no horário eleitoral gratuito. Na TV, Tin só dispõe de ligeiros 22 segundos para defender suas propostas. “Por isso eu tenho que fazer mais isso aqui”, justificou o candidato.     Tin também amarga uma situação desfavorável nas pesquisas de intenção de voto. Em todas as três rodadas do O POVO/Datafolha, o candidato oscilou entre 1 e zero ponto. E ainda é considerado o 2º com o maior índice de rejeição entre eleitores. Sobre isso, Tin tem uma opinião contundente. “As pesquisas são manipuladas”, defende-se.     A rejeição, ele completa, também não representa o que é observado no dia a dia de campanha. “Nas minhas caminhadas, eu falo com 400 pessoas. Dessas, uma não dá a mão porque essa não dá pra ninguém. Rejeição, pra mim, é zero”, rebate, comparando a receptividade dos moradores ao percentual de eleitores que disseram não votar “de jeito nenhum” no nome dele.     De fato, durante mais de uma hora de caminhada, vimos poucas pessoas recusarem os cumprimentos de Tin. Mas elas existiram. Pelo menos dois eleitores balançaram a cabeça negativamente quando o candidato estendeu a mão para o aperto.     Para compensar, outros três declararam voto no número de Tin espontaneamente. Um deles foi um motociclista que chegou próximo ao candidato e disse, com o capacete pousado sobre o braço: “Meu voto é no senhor!”. Tin comemorou. “Eu talvez tenha falado tanta verdade na minha proposta que quem escuta, se agrada. Você mesmo viu voto meu aí nessa caminhada”.   Traquejo   O contato com o eleitor impõe certo cuidado. Sabendo disso, Tin Gomes tenta tratar cada pessoa de um jeito diferente, personalizado. “Meu amor”, aqui; “meu querido”, acolá, ele vai tentando conquistar uns segundos apressados de atenção. Uma frase, porém, repete-se na maioria das abordagens: “Se gostar, pode confiar”.     A expressão surge como um convite para o eleitor, ainda atordoado pelo volume de correligionários na calçada e dos carros de som, possa se ater ao panfleto em que se debulha o resumo do programa de Tin Gomes para a Prefeitura de Fortaleza. A segunda expressão com mais uso é “analise com carinho”.     Assim, repetindo promessas e indicando soluções com o indicador no panfleto, Tin Gomes cumpriu percurso previsto para o bairro. Com a noite posta, a saída foi alumiada pelas lâmpadas amarelas e oscilantes da iluminação pública. Ligeiro, Tin se aprumou no carro de bancos de couro e ar-condicionado e se dirigiu para a Parquelândia. Lá, um candidato a vereador o aguardava para uma carreata. Aquele dia ainda não acabou.       Bastidores     1 A reportagem não pôde acompanhar toda a agenda do candidato. Pela manhã, ele tinha reunião com lideranças da coligação.     2 O percurso proposto para a caminhada foi indicado por um candidato a vereador do bairro que apoia Tin Gomes.     3 Uma moradora permitiu que o candidato entrasse em casa para ver medalhas do marido, que participa de competições de triatlo. Tin também entrou em uma pizzaria.     4 O repórter e o fotógrafo foram até a Parquelândia no carro de Tin. Em uma praça, na rua Érico Mota, o candidato se serviu de churrasquinho e ofereceu ao jornalista, que aceitou.     5 Durante o percurso até a Parquelândia, Tin disse que apoiará, no segundo turno, o candidato que “se alinhar as nossas propostas”. A expectativa do próprio candidato é de alcançar 3% dos votos.       VÍDEO     Assista ao webdoc com o dia de campanha de Tin Gomes no link:   www.opovo.com.br/videos   CALENDÁRIO - 29/09     Capitão Wagner (PR)   Reportagem com Capital Wagner estava prevista para hoje, mas precisou ser adiada para esta quinta-feira.     João Alfredo (Psol)   No segundo mandato como vereador de Fortaleza, é a primeira fez que João Alfredo disputa o comando da Capital. (PR)     Reportagem com Capital Wagner estava prevista para hoje, mas precisou ser adiada para esta quinta-feira.     João Alfredo (Psol)   No segundo mandato como vereador de Fortaleza, é a primeira fez que João Alfredo disputa o comando da Capital.
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