O primeiro relatório, intitulado “Cada vida importa”, conforme Renato Roseno, tem a tarefa de interpretar como está se dando a tragédia. Ele destacou que, em 15 anos, Fortaleza saltou da 22ª cidade em homicídios de adolescentes para a 2ª posição entre as capitais do País.
“A primeira tarefa que realizamos foi estudar e aprofundar o conhecimento sobre os casos. Foram 24 pesquisadores, sob a coordenação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Como um censo, cobrimos todas as áreas do Estado, com grande densidade de homicídios. Foram investigadas as famílias e os adolescentes que estão com privação de liberdade”, frisou. Os consultados, segundo Roseno, responderam a 139 questões.
“Uma das perguntas era: depois que seu filho morreu, quem do Estado veio aqui? Vocês são os primeiros, foi a resposta da maioria. Esta morte não é um evento isolado é resultado de um processo e temos que compreender os sinais de alerta, que poderiam evitar a morte. Cerca de 73% aconteceram na rua do morto. Outros 60% em 40 assentamentos precários. Há a falta de um tecido sóciofamiliar, emprego, afeto. Setenta e quatro por cento dos que morreram tinham abandonado a escola seis meses antes dos assassinatos”, revelou.
O deputado considerou que a escola, mesmo com todas as deficiências, é um anteparo contra a morte. Na avaliação dele, quando o jovem abandona a escola e não se faz nada, alguém está sendo cúmplice da morte. “Sessenta e três por cento tinham contato com pai e mãe. Mas quem cuida dessa família? Cinquenta e seis por cento eram filhos de mães que gestaram adolescentes.”
De acordo com Roseno, 55% das famílias revelaram que conheciam o assassino do filho. Mas só em 10% dos casos algo foi feito. “Nem tudo é problema com drogas”, acrescentou .
Sobre a participação do Judiciário no problema, o deputado frisou que apenas em 2.047, se não houver nenhum novo caso, todos os homicídios serão julgados. “A sociedade pobre diz que a morte de seus filhos não importa ao Estado. Se fosse filho de um deputado, algo seria feito”, afirmou.
O deputado também adiantou que o colegiado promoveu 12 audiências nos territórios do Estado, considerados com maior índice de violência, com três mil pessoas ouvidas. Houve ainda dois seminários sobre mercado de drogas, cultura midiática, e o custo da violência, que conforme o parlamentar, chega a 5% do PIB nacional.
JS/AT