O ex-governador cearense Lúcio Alcântara, atual presidente estadual do PR no Ceará, transferiu o domicílio eleitoral de Fortaleza para o Município de São Gonçalo do Amarante, e sinalizou o desejo de disputar a prefeitura nas eleições de 2016. Embora ele alegue ser decisão que ainda precisa ser amadurecida, o ex-gestor não afasta a possibilidade de participar do pleito como candidato ao cargo majoritário. A mudança de domicílio eleitoral de Lúcio Alcântara motivou divergências entre aliados do ex-governador Cid Gomes. O atual prefeito, Cláudio Pinho (PDT) queria ficar com o PSD, mas a deputada Bethrose (PRP) de mudança para o PDT e adversária de Cláudio Pinho reivindicou para o seu marido, ex-prefeito daquele Município, Walter Ramos, o controle do PSD. Pinho chiou, mas perdeu. A ideia dos líderes governistas estaduais é ter dois candidatos a prefeito para tentar inviabilizar uma vitória de Lúcio Alcântara. A Prefeitura de São Gonçalo já é uma das mais ricas do Estado. Ela só perde em Imposto Sobre Serviços (ISS) para a Prefeitura de Fortaleza. O crescimento da área do Porto do Pecém promete mais riquezas para o Município, daí a perspectiva de uma disputa acirrada pela Prefeitura, no próximo ano. De acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o município de São Gonçalo do Amarante conta com aproximadamente 37,6 mil eleitores que passarão pelo recadastramento biométrico a partir de dezembro, com conclusão prevista para março do próximo ano. Quando questionado sobre quais seriam as razões de ter feito a transferência do domicílio eleitoral, a primeira resposta de Lúcio Alcântara é que a motivação foi principalmente afetiva, mas não descartou a influência política no processo. "Eu mudei por razões afetivas, mas que podem ser transformadas em política", frisou. Além de Lúcio Alcântara, os dois filhos do ex-governador do Estado, a arquiteta Maria Daniela Alcântara e o ex-deputado Leonardo Alcântara, também transferiram o domicílio eleitoral para São Gonçalo do Amarante. "Estou voltando às minhas origens. Quando eu fui deputado federal meu domicílio era em São Gonçalo", lembrou. O primeiro mandato executivo de Lúcio Alcântara foi entre 1979 e 1982, na Prefeitura de Fortaleza, quando já era deputado federal. Em 1983 voltou à Câmara Federal. Já entre 1991 e 1994, o ex-governador chegou ao Palácio da Abolição como vice do então governador Ciro Gomes. Em 1995, voltou ao Congresso Nacional como senador e permaneceu até 2002, quando foi eleito governador. Eleição A última eleição em que Lúcio Alcântara participou como candidato foi em 2010, quanto tentou retornar ao cargo de governador. Na época, foi derrotado pelo ex-governador e antigo aliado Cid Gomes. Antes, em 2006, o atual presidente estadual do PR tentou a reeleição para o Governo do Estado, porém, também foi derrotado por Cid. Após tentativas sucessivas de conquistar algum cargo eletivo, em 2012 e em 2014, Lúcio Alcântara não disputou nenhuma vaga, acompanhando os pleitos apenas à frente da presidência estadual do PR. Questionado se a mudança para São Gonçalo do Amarante também fazia parte da estratégia de fortalecer o PR na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), ele afirmou ser necessário esperar. "Vamos ver como as coisas andam, vamos ver o que vai dar daqui para frente", pontuou o ex-governador. Lúcio Alcântara revelou, porém, que a movimentação do PR de olho em 2016 é intensa. O ex-governador frisou que o partido tem realizado diversas reuniões, campanhas de filiação e formação de comissões provisórias para fortalecer a agremiação, principalmente no Interior. Quanto ao retorno de Roberto Pessoa para o PR, o ex-governador Lúcio Alcântara explicou que ainda não há data oficial para a solenidade que marcará a volta do ex-presidente de honra. "Não tem data, mas ele retornará para o PR", assegurou o presidente estadual da legenda. Além de Lúcio Alcântara, outras lideranças políticas aproveitaram até o último dia 2 de outubro, prazo permitido pela legislação, para transferir o domicílio eleitoral e se tornarem aptos para as disputas municipais. O deputado estadual Ivo Gomes mudou o título para Sobral, enquanto o deputado federal José Airton para Caucaia.