Compartilhar A campanha dos quatro candidatos ao Governo do Ceará ainda está em fase de ajustes, mas pelo menos um aspecto já está bem delineado nos bastidores de cada coligação: a escolha dos nomes que darão as cartas, os “cabeças” do jogo – personagens que, por sua força política, estarão na linha de frente das decisões e, em algumas situações, terão mais relevância que os próprios candidatos na condução da disputa. A função costuma ser incorporada pelo coordenador-geral da campanha. É o caso da candidata Eliane Novais (PSB), que tem o irmão, Sérgio Novais (PSB), como peça-chave no pleito. Ex-vereador em Fortaleza e ex-deputado federal, ele assumiu o planejamento das atividades, lidera equipe de pelo menos 30 pessoas e promove a articulação local da campanha de Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República. No lado do senador e também candidato ao governo Eunício Oliveira (PMDB), a proa é compartilhada entre o coordenador-geral, Gaudêncio Lucena (PMDB), e o próprio candidato. “Há uma equipe que executa, e eu faço o planejamento de estratégias, de logística, de tudo. Me reúno com ele todo dia. Na parte de politica, há um conselho. A gente discute, sugere. Mas o comando politico é o candidato”, explica Gaudêncio, que é vice-prefeito de Fortaleza. “A gente só tem de conversar com ele sobre comando politico. O que faz, o que não faz, como vai fazer...”, completa. O modelo de colegiado político é também adotado na campanha do candidato petista à sucessão do governador Cid Gomes (Pros), Camilo Santana. Embora os dirigentes dos dois principais partidos da coligação tenham assumido a coordenação-geral do pleito, O POVO apurou que é o “triunvirato” formado por Cid, seu irmão Ciro Gomes (Pros) e o deputado federal José Guimarães (PT) que detém o apito que orienta a equipe. A rotina do trio ainda não teria sido estabelecida, mas a expectativa é que os três não estejam fisicamente no dia a dia do comitê de Camilo, liberando-se para o trabalho de articulação política. Perguntados pelo O POVO, lideranças das três candidaturas – Camilo, Eunício e Eliane – disseram que trabalharão com pesquisas de opinião como balizadores das estratégias de campanha. Decisões coletivas A equipe do candidato do Psol ao Governo, Ailton Lopes, diz não funcionar com nomes que, individualmente, terão a prerrogativa de conduzir rumos. “Trabalhamos com vários coletivos: de comunicação, de finanças, de mobilização e cultura. Não tem uma pessoa que defina o posicionamento geral da campanha. Todo mundo tem voz, mas é natural que o próprio Ailton tenha um grau maior de autonomia”, explicou Livino Neto, coordenador de Comunicação da coligação. Ele ponderou, no entanto, que a opinião de personagens com experiência eleitoral são naturalmente “levadas em conta”. Os “cabeças” na disputa pelo Governo do Estado Ailton Lopes (Psol). As decisões na campanha são discutidas em grupo, por meio de coletivos, disse o coordenador de Comunicação, Livino Neto. Os coletivos têm representantes que se organizam em outra esfera de decisões, e o próprio candidato também tem autonomia para definir questões como temáticas abordadas, agenda etc. Livino negou que haja personalização das decisões, mas explicou que a opinião de líderes como Renato Roseno e o vereador João Alfredo (ambos do Psol) são levadas em conta. Camilo Santana (PT). Os presidentes estaduais do PT, De Assis Diniz, e do Pros, Danilo Serpa, foram escolhidos coordenadores da campanha, e estarão fisicamente presentes na rotina do comitê. O “coração” político da candidatura, porém, será formado por Cid e Ciro Gomes e por José Guimarães. A rotina de trabalho do comando ainda estaria sendo montada. A meta é chegar a visitar até seis cidades do Interior do Estado por dia , a partir de agosto. Eliane Novais (PSB). A definição logística, estratégica e política da campanha ficou nas mãos de seu irmão, Sérgio Novais. Engenheiro Químico por formação, ele acumulou 20 anos de mandato como vereador e deputado federal, além de ter assumido funções de direção partidária. Sérgio Novais coordena não só a campanha de Eliane, mas também as de candidatos a cargos proporcionais, com o suporte de equipes na parte técnica, de planejamento e de mobilização. Eunício Oliveira (PMDB). Tem como braço-direito o coordenador-geral, Gaudêncio Lucena, cuja trajetória é ligada à direção partidária no PMDB. A primeira e única experiência de Gaudêncio como candidato foi em 2012, quando disputou e conquistou o cargo de vice-prefeito de Fortaleza. Reúne-se diariamente com Eunício, e diz que o próprio candidato comanda a estratégia política de sua campanha, com ajuda de um núcleo que sugere.