O parlamentar disse que ouviu de uma manifestante que há oito meses aguarda o atendimento de um pedido do raio x de um punho. “As políticas públicas não lhe dão direito. Muitos morrem nas filas dos hospitais. Por isso as pessoas estão cobrando de nós todos aquilo que está faltando, e tem de cobrar mesmo”, disse.
Heitor afirmou que há inúmeros exemplos concretos dessa insatisfação, como o protesto que fechará a CE 075 em defesa da água do açude Flor do Campo, em Novo Oriente. “A população vai às ruas porque não aceita que a água que tem lá vá para Crateús. E por que lá não tem açude também? Porque o Governo foi negligente”, pontuou.
De acordo com o pedetista, o governo Cid Gomes não priorizou a açudagem. “O governador entende que é mais importante a construção de um aquário do que atender a população do governo. O fato é que hoje o povo está batendo com o seu pé na rua e usando a voz para dizer basta à inversão de prioridades”, ressaltou.
Heitor Férrer expôs, em seu discurso, as contas de governo, que, segundo ele, são números irrefutáveis. Conforme explicou, foi previsto no orçamento R$ 384 milhões para transferência hídrica, porém só foram aplicados R$ 24 milhões. Na rubrica acumulação hídrica, houve a previsão de R$ 55 milhões, porém foram executados 6 milhões, enquanto que, para a seca, o orçamento prevê R$ 712 milhões e executou R$ 78 milhões, segundo o parlamentar. .
Heitor lembrou ainda que o Governo irá gastar no Aquário de Fortaleza cerca de R$ 400 milhões. “O povo tem de ir para rua e dizer que não quer aquário, mas água para Crateús”, disse.
O parlamentar salientou que, em todo Estado, apenas três municípios não estão em estado de emergência. “No entorno do açude Castanhão, os municípios estão desabastecidos porque não há adutoras. Houve um grande investimento para levar a indústria para o Pecém, o que é muito importante, mas antes disso é preciso levar para quem mora perto dos Crateús”, disse.
Em aparte, o deputado Roberto Mesquita (PV) considerou que há uma inversão de prioridades. “A maioria das casas legislativas são puxadinhos do Executivo. Por isso, deixam de fazer o debate, para se esconder atrás do manto governista. É o que acontece. O movimento das ruas mostra o fracasso das políticas públicas, que aqui são votadas e aprovadas com folga”, opinou.
O deputado João Jaime (PSDB) criticou a transferência de recursos públicos para ONGs que irão construir cisternas. “Tem ONG com R$ 5 milhões em caixa. Se não aplicar nas obras previstas, o Governo vai ficar a ver navios”, alertou.
JS/CG