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Segunda, 25 Junho 2012 06:52

ENTREVISTA-"Queremos um governo sem ilusão"

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  Por Carol AvendañoDa Redação O candidato do PDT à Prefeitura de Fortaleza, o deputado Heitor Férrer, diz que, caso eleito, fará uma administração sem “ilusão ou ficção”, com foco principalmente no que considera os principais gargalos da Cidade: a baixa qualidade da Educação e Saúde públicas e o trânsito caótico. O candidato falou também a respeito da importância de se realizar uma gestão transparente e promete levar à Prefeitura os mesmos compromissos e postura que adota na Assembleia Legislativa. Heitor mostrou-se insatisfeito com a atual administração municipal, classificando-a de “insuficiente”, e disse que Fortaleza terá orgulho de chama-lo de “meu prefeito”. HEITOR FÉRRER - Quais suas principais propostas para melhorar a vida do fortalezense?O ESTADO - Não queremos vender uma administração com ilusões ou ficção aos moradores de nossa Cidade. O nosso compromisso é com a verdade e aquilo que prometemos, vamos executar. A nossa primeira prioridade será fazer toda uma reestruturação nos nossos postos de saúde, equipando-os com um modelo padrão: com médicos, dentistas, gineco-obstetrícia, fisioterapia, como um posto de saúde deve funcionar. Porque a maior reclamação do povo de Fortaleza - do qual metade está na linha de pobreza - é o péssimo atendimento na Saúde Pública. Saúde será prioridade número um, sem vender ilusão ou ficção. Sou médico, tenho curso de Saúde Pública, então eu sei do que estou falando. O segundo ponto: nós achamos que Fortaleza precisa de escola pública de qualidade em tempo integral e integrada à sociedade. As pessoas que buscam a escola pública estão praticamente condenadas ao fracasso. Elas não têm como competir com os nossos filhos, que detêm poder econômico para disputar os cargos na máquina pública, dentro do Poder Judiciário, Executivo, Legislativo, porque a escola que lhes é ofertada é de péssima qualidade. Tanto é que Fortaleza tem a segunda pior escola pública do Estado do Ceará. Queremos que a criança passe o dia na escola, com atividades de reforço e extracurriculares. H.F. - Com os recursos que o município tem, é possível oferecer uma escola em tempo integral?O E. - Então, você tem que me perguntar quantas eu quero fazer. E, novamente, sem vender ilusões, prometendo apenas o que é exequível, respondo que a primeira escola pública será construída com recursos próprios ou com parcerias com os governos Estadual e Federal. Vamos tentar criar uma cultura de escola pública de qualidade e um modelo do CIEP – Centro Integrado de Educação Pública – no Rio de Janeiro. A escola pública tem que ser compromisso de todos os prefeitos porque lá é onde está a diferença entre o fracasso e o sucesso. E as pessoas que nos pagam para sermos prefeitos, deputados, vereadores ou juízes não estão recebendo os seus direitos, principalmente no que se refere a uma escola pública de qualidade. Seremos muito transparentes em relação aos salários dos profissionais da Educação, da Saúde e dos demais segmentos. Seremos bem claros e colocaremos na mesa os tostões que nós recebemos e os tostões que gastamos, observando também a Lei de Responsabilidade Fiscal para que a nossa administração seja transparente, dizendo em que gasta e o quanto gasta, e em respeito às categorias e aos seus direitos. Nós defendemos bons salários para os professores, médicos, dentistas, engenheiros, para todos os setores. H.F. - Fortaleza tem outras urgências também...O E. - Sim, como a questão da reurbanização das favelas. É inaceitável o contingente de pessoas que vive em condições sub-humanas. O PAIC prometeu a entrega de 90 mil casas em Fortaleza e ano passado foram entregues 352 casas. É um quadro difícil, mas temos que enfrentar. Planejamos fazer a reurbanização das favelas com a utilização de pré-moldados em conjunto com o Governo do Estado. O Município dando a casa e o Estado dando a infraestrutura de saneamento básico e água, poderemos transformar a vida dessas pessoas. Outro compromisso nosso é com a realização de uma gestão técnica para, por exemplo, redesenhar a engenharia do trânsito de Fortaleza, melhorando as condições de mobilidade urbana na nossa Cidade. Sabemos que, todo mês, Fortaleza tem mais 4.500 carros. Não tem sido feito um viaduto, um túnel, um elevado, imagine qual a consequência disso com mais 4.500 veículos nas ruas todo mês? E também queremos realizar a pavimentação de 100% das ruas de Fortaleza, não abrirei mão disso. H.F. - Como o senhor avalia a gestão de Luizianne Lins?O E. - Só direi que a minha avaliação é a mesma da população fortalezense, na qual 68% desaprovam. E este é o sentimento, ou seja, é uma administração insuficiente. H.F. - O que o senhor tira de lição para um eventual mandato de prefeito com a sua experiência de atuação na oposição?O E. - Trago comigo o compromisso de não mudar os meus princípios, principalmente o da transparência. A minha maior cobrança hoje com o Governo tem sido a transparência e a eficiência, e eu prometo 100% de transparência e eficiência, caso eleito. Inclusive disse no pré-lançamento do meu nome que vou administrar a cidade de Fortaleza com técnicos. Obviamente que darei o direito aos partidos políticos de me trazer estes técnicos. Por exemplo, os diretores das escolas não podem ser uma indicação puramente política. Tem que haver um concurso para qualificar e ver se eles têm condições para gerenciar uma escola. Será que as escolas particulares colocariam estes gestores que temos nas nossas escolas públicas na posição de dirigi-las? Claro que não. A seleção tem que ser feita para assegurar a qualidade do gestor. Ele tem que ter aspectos mínimos que o qualificam para gerenciar uma escola, quer seja pública ou privada. H.F. - Como vê a ruptura da aliança entre PSB e PT?O E. - Essa ruptura já existia há muito tempo. Porque a prefeita nunca se utilizou deste enorme benefício que poder trabalhar com o Governo do Estado como parceiro. E para trabalhar com o Governo não se precisa estar institucionalmente ligado a ele. A Prefeitura de Fortaleza faz parte do Estado do Ceará. A responsabilidade do gestor municipal é a de ter, com o governador, uma relação extraordinariamente amistosa, amigável, porque nós queremos ter prefeitura de resultado. E isto significa ser inconcebível que o prefeito não busque o governador sempre que necessário para solucionar problemas na Cidade. De maneira independente e altiva, claro. Não é necessário estar sob uma aliança política para ter acesso ao governador do Estado. O prefeito de uma capital ou do interior, ele tem a obrigação de buscar o governador para ajudá-lo na administração pública. E aí você pode me perguntar: “mas o senhor não faz oposição ao governador Cid Gomes?” O que eu faço é fiscalização, tenho posições firmes em relação à postura do governador em alguns aspectos. Em alguns, criticando severamente e, em outros, elogiando. Inclusive, já elogiei publicamente várias políticas públicas que Cid implantou no Estado do Ceará, por exemplo, o Centro de Convenções, o Centro de Eventos, os hospitais regionais ou as policlínicas, que eu inclusive critiquei quando foram inauguradas e estão sem funcionar. Então, eu, enquanto fiscalizador das ações do governador e do Governo, sou obrigado, como representante popular e em compromisso com o meu mandato, de ser exemplo. É inaceitável que Governo do Ceará, com um déficit em habitação de 300 mil moradias, resolva fazer uma “casa pra peixe”, que é o Aquário do Ceará. Um equipamento que não tem retorno econômico financeiro e onde nós veremos os empregados do aquário alimentando os peixes com peixe. Isso é uma afronta à pobreza no Estado do Ceará. Se eleito, no outro dia agendarei uma audiência com o governador e vamos conversar sobre a cidade de Fortaleza com a obrigação de construir uma Prefeitura de resultados. E, a partir daí, eu não tenho mais a obrigação constitucional de fiscalizar os seus atos, pois isso cabe aos senhores deputados. E finalizo reafirmando que não serei um prefeito “puxadinho” no anzol do governador ou da presidência da República. Serei autônomo e independente, um prefeito que Fortaleza irá chamar de ‘seu’. “Fortaleza terá orgulho de dizer: ‘Este é o meu prefeito’”.
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