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Quarta, 17 Outubro 2012 06:45

Coluna Política

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  O protagonismo no 2º turno “O Heitor Férrer vai vencer o segundo turno?” A pergunta partiu do outro lado da linha, feita por um amigo que hoje mora no Interior, mas que conhece e acompanha com interesse a política da Capital. E ele não se referia à quixotesca tentativa jurídica que o terceiro colocado empreende para disputar o segundo turno. O que lhe chamou atenção foi o protagonismo na campanha e no noticiário assumido por ele. De fato, quem observa à distância haverá mesmo de estranhar os espaços dedicados a quem nem mais chance tem de virar prefeito, salvo reviravolta judicial absolutamente insólita. Dez dias após ter sido derrotado, embora com votação bem superior à que lhe indicavam as pesquisas, e já na metade da campanha no segundo turno, o candidato do PDT permanece o principal assunto da eleição em Fortaleza. Na segunda-feira, foi personagem da peça de propaganda que demarca novo momento neste segundo turno. À sua revelia, a propaganda de Elmano de Freitas (PT) se valeu de entrevista de Heitor para, pela primeira vez, trazer o Governo do Estado para o ringue eleitoral. Aquele momento demarcou o primeiro ataque frontal desferido pela candidatura petista, até então resignada como alvo dos adversários. Diante dessa situação, o pedetista também autorizou que Roberto Cláudio (PSB) usasse sua imagem, para nivelar a situação. O mais incrível é o prestígio e a dimensão de que Heitor passou a desfrutar, a ponto de ser alvo de disputa ferrenha entre os dois candidatos mais votados, mesmo sem declarar apoio a nenhum. É provável que nunca os concorrentes que disputam um segundo turno tenham sido relegados a função tão secundária numa eleição. Elmano e Roberto Cláudio não conseguem se impor como protagonistas. É como se a eleição estivesse restrita a uma guerra pelo eleitorado do pedetista. Não é, evidentemente, assim, embora qualquer deles que conseguir atrair a maioria dos votos do terceiro colocado esteja muito perto da vitória. Todavia, talvez o grande equívoco seja interpretar esse voto como fruto da força pessoal de Heitor. Na verdade, o candidato do PDT é produto de fenômeno bem mais complexo. A NATUREZA DO VOTO EM HEITORComo a coluna abordou sábado, o desempenho de Heitor Férrer é da mesma família do voto que elegeu Maria Luiza, Luizianne Lins e que levou Inácio Arruda (PCdoB) ao segundo turno em 2000. Em dado momento, até Juraci Magalhães teve apoio desse eleitorado, quanto incorporou o sentimento anti-Cambeba. Em eleições presidenciais, tais setores já respaldaram de Leonel Brizola (1989) a Marina Silva (2010), passando por várias eleições de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não é necessariamente voto ideológico, de esquerda. Mas é segmento de classe média – o resultado por bairro mostra bem isso –, geralmente insatisfeito e, fundamentalmente, sem amarras. Eleitor com esse perfil não é do tipo que vota por indicação. Por isso, a adesão do PDT a Roberto Cláudio (PSB) tem peso bem menor que a votação obtida pelo candidato do partido. E, mesmo se o próprio Heitor optasse por um dos lados, também não seria capaz de direcionar todos os seus votos para PT ou PSB. Esse eleitor é numeroso e diverso. Capaz de decidir a eleição, ele precisa ser conquistado com mais que apoios políticos ou ataques mútuos. O segmento que votou em Heitor já rejeitou Elmano e Roberto Cláudio no primeiro turno e sabe a razão pela qual o fez. Para atrai-lo, os candidatos precisarão mostrar mais. ESTILO PARA ALÉM DO PARTIDOO grito de independência manifestado por Heitor Férrer em relação ao apoio do PDT declarado a Roberto Cláudio (PSB) tem tudo a ver com a história do deputado. Ele é pedetista de longuíssima data, mas suas posturas sempre foram pautadas pela sua consciência individual. Independentemente do que pensa o partido, ele sempre defendeu o que julgava certo e criticou o que achava errado. Era assim quando havia pedetistas no governo Lúcio Alcântara e continua hoje que o partido tem representação na gestão Cid Gomes (PSB). Heitor nunca se guiou por coletivos. Sua ação é fundamentalmente individualizada. A dúvida agora é como cuidará do seu capital político, que o deixa bem maior do que era antes da eleição. QUANDO HEITOR QUASE FOI PARA O PSOLEpisódio que pouca gente lembra: Heitor Férrer disputou a Prefeitura em 2004, sem chamar muita atenção, e tinha planos para concorrer em 2008 de novo. Mas viu os planos ficarem mais distantes quanto Patrícia Saboya se filiou à sigla, com o mesmo objetivo. Então, Heitor cogitou, pela primeira vez, deixar o PDT. E recebeu convite de João Alfredo para se filiar ao Psol e concorrer a prefeito pelo partido. O pedetista ficou agradecido, chegou a balançar, mas acabou decidido por ficar na legenda à qual pertencia havia mais de duas décadas. No ano seguinte, Heitor levou a voto sua intenção de ser candidato, mas foi vencido por Patrícia.
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