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Segunda, 15 Outubro 2012 05:48

Coluna Política

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  Sobre resultados e resistências Muito já se falou das surpresas, boas e nem tanto, que saíram das urnas no primeiro turno em Fortaleza – e que, certamente, terão impacto direto na segunda votação, no próximo dia 28. Uma delas foi destacada ontem, no O POVO: o fato de os candidatos das máquinas, vencedores do primeiro turno, Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PSB), não terem chegado a 50% dos votos. Parcimoniosos, representantes dos dois lados foram unânimes em definir o resultado como “natural”. Tanto o elmanista Geraldo Accioly quanto o robertoclaudista João Pupo chegaram a rebater a tese da “rejeição”. Accioly e Pupo são dois bons e experientes argumentadores. “Natural” até que foi, visto que a votação de cada concorrente representou o fiel resultado do esforço das candidaturas, dentro de todas as condições e circunstâncias políticas que cercam cada uma delas. Mas, ao contrário do que dizem os aliados, houve rejeição. A rigor, não, necessariamente, às máquinas, já que ambas estão com representantes no segundo turno. Isso, por si só, já diz muita coisa. Mas algum tipo de resistência deve ter havido, dentro dos sem número de motivos que levam um eleitor a escolher este ou aquele candidato a prefeito. Com a palavra, estudiosos, dirigentes partidários e “gênios” que rondam os comitês eleitorais. SER REELEITO E FAZER SUCESSOR: A DIFERENÇAToda candidatura da situação é, em princípio, a mais importante jogada no tabuleiro de uma campanha política. Tanto isso é verdade que os demais atores do jogo só se movimentam quando essa peça principal é acionada. É em função de quem será o representante do governo na corrida eleitoral que os demais nomes surgem. Alianças, coligações, acordos e estratégias nascem daí. Quando há candidatura à releição, essa linha de raciocínio é perfeita. Por isso, costuma-se dizer que, nesses casos, o pleito é uma espécie de plebiscito. Ou seja, o eleitorado vai às urnas dizer se quer ou não quer mais quatro anos daquele governo. É o “sim” ou “não”. Foi assim nas quatro reeleições mais importantes que já tivemos no Ceará, nas últimas duas décadas. Tasso Jereissati (1998) e Cid Gomes (2010), no Governo do Estado, e Juraci Magalhães (2000) e Luizianne Lins (2008), na Prefeitura de Fortaleza. Em todos esses casos, a reeleição foi, na prática, um julgamento positivo dos governos que vinham sendo tocados. Já a candidatura de um sucessor é algo mais desafiador. Ele tem de representar, ao mesmo tempo, o governo que está posto, com seus naturais focos de desgaste administrativo, com a promessa de ser inovador. Foi assim que já tivemos duas eleições do tipo: Antonio Cambraia, em 1992, e Juraci, quatro anos depois. Na Capital, fecham a lista de eleitos desde a redemocratização dois não apoiados pelo então prefeito: os rebeldes Ciro Gomes, em 1990, e Luizianne, em 2004. A BUSCA PELO TERCEIRO MANDATONascido das entranhas da atual gestão na Capital e com as bênçãos de Luizianne, o candidato Elmano tornou-se, ao longo do primeiro turno, no mais legítimo representante do legado petista em Fortaleza. Para o bem ou mal, o petista defendeu e atraiu para si, como poucos já fizeram em seu partido, os benefícios (e eventuais desvantagens) de ser o candidato governista. Foi essa ênfase e a força da máquina que o colocaram no segundo turno da disputa, desconhecido que era do grande público. Nesse ponto, o que o lulismo, o petismo e o luiziannismo tiveram em comum no palanque de Elmano? Resposta: a retórica da continuidade e dos declarados avanços dos últimos oito anos da administração municipal. Grosso modo, Elmano, mais do que candidato a prefeito, representa a busca do PT pelo terceiro mandato consecutivo na cidade. AINDA A REJEIÇÃONo último dia 7, Elmano teve 25,4% dos votos válidos. Um em cada quatro eleitores votou nele. É correto dizer, simplisticamente, que dos quatro votos, os outros três o rejeitaram? De forma direta, não. Mas, se toda disputa como essa parte do pressuposto da aprovação ou não da gestão, tendo Elmano como expoente maior dessa avaliação, então é de se supor que três dos quatro eleitores em questão quiseram, pelo menos, pensar mais um pouco. Por isso mesmo três dos quatro votos que não foram para Elmano partiram em busca de outras alternativas. Cinco das dez candidaturas concentraram 95% dos votos válidos no primeiro turno. Dois outros nomes, o próprio Roberto Cláudio e Heitor Férrer (PDT) chegaram acima de 20% dos votos. O resultado refletiu uma grande dispersão de opiniões sobre a atual administração e sobre as próprias opções de prefeito apresentadas. Nenhuma delas conseguiu convencer a contento. Em tempo: em várias colunas, aqui foi dito que o candidato da situação, por regra, terá nas urnas uma performance muito parecida com a avaliação da atual gestão. Isso, se der a lógica - o que nem sempre acontece na política. NÃO BASTA SÓ ANUNCIARPor todos os motivos já expostos no noticiário e nas análises dos últimos dias, o candidato derrotado à Prefeitura de Fortaleza Heitor Férrer tornou-se o personagem mais cobiçado nessa segunda etapa da disputa. Os dois partidos da coligação dele, PDT e PPS, formalizaram apoio ao candidato Roberto Cláudio. O DEM de Moroni Torgan e o PCdoB de Inácio Arruda têm anúncio marcado para a manhã de hoje. Na bolsa de apostas, há expectativas de que o candidato do PSB possa ser o preferido dos ex-prefeituráveis. Mas, independentemente das posições oficiais, valerá a presença em palanques, caminhadas, carreatas, rádio e TV. Por uma dessas características de nossa cultura política, o eleitor não costuma votar em partidos nem em projetos. Vota em políticos.
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