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Inácio defende volta da aliança após as eleições - QR Code Friendly
Terça, 18 Setembro 2012 06:03

Inácio defende volta da aliança após as eleições

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Inácio Arruda foi o quinto candidato a ser entrevistado na sabatina da Hora da Verdade Inácio Arruda foi o quinto candidato a ser entrevistado na sabatina da Hora da Verdade FOTO: SARA MAIA
  O candidato do PCdoB a prefeito de Fortaleza, Inácio Arruda, afirma que, passadas as eleições deste ano, grande parte dos partidos envolvidos na disputa pela Prefeitura da Capital deverá voltar a compor aliança na gestão. Inácio foi sabatinado ontem por uma equipe de jornalistas na série “A Hora da Verdade”, do Grupo de Comunicação O POVO. O candidato afirmou ser “um risco” eleger “aventureiros ou iniciantes” para o comando da Capital. “Não podemos colocar principiantes na Prefeitura”, destaca. Inácio declarou também que o ex-presidente Lula (PT) pressionou a base aliada a votar a favor da taxação dos inativos, na época em que foi votada a Reforma da Previdência. Ele afirma que votou contra esse ponto do projeto, mas que teria sido vítima de “campanha mentirosa”. Leia os principais trechos. Claudio Ribeiro: O senhor vem criticando abusos cometidos pelos candidatos apoiados pela máquina pública, mas contou com esse amparo na sua eleição para o senado em 2006.Inácio Arruda: Ao contrário, eu empurrei a porta. Empurrei a porta e entrei na disputa pelo Senado, quando todos lutaram para impedir que eu fosse candidato. Fui candidato empurrando a porta, e garanti nossa eleição na rua. Érico Firmo: Mas a partir do momento em que a candidatura ficou definida, o governador Cid Gomes deu todo o apoio, em 2006. Inácio: Evidente, porque eu me transformei no candidato da chapa. Mas foi uma disputa até o último dia, para que eu pudesse ser candidato. Érico: O senhor falou das duas máquinas, mas no caso do governo do Estado, o PCdoB ainda está na administração.Inácio: PCdoB, PT, PSB, PDT... Todos estão na máquina do Estado. Não tem ninguém fora da máquina. Cláudio: O eleitor ouve o senador Inácio Arruda falando isso agora, mas aí caso o senhor não vá para o segundo turno, o senhor vai voltar e vai compor com algum deles, provavelmente. O senhor não acha que isso é um pouco que engabelar o eleitor? Inácio: Não, pelo contrário. Nós temos candidato de diversos partidos. Não é nada disso, não tem ninguém enganando ninguém, o que nós temos são projetos diferentes para a cidade. E nós temos que apresentar o nosso projeto, essa é a hora. Essa eleição é a mais importante para que os partidos se apresentem, e nós estamos apresentando a nossa candidatura, porque se trata de gente que tem história na luta política e social da cidade de Fortaleza. Claudio: Mas o senhor acha que essa composição de aliança entre os partidos vai voltar, passada as eleições?Inácio: Claro que vai voltar, mesmo depois dos atritos da campanha. Acho que é o caminho natural.. Magela Lima: O senhor tem falado no seu programa de TV, que não “chegou agora nem mora longe”. O que o senhor acha mais grave, o candidato que é alheio à cidade, ou os que acabaram de chegar?Inácio: Eu acho que o candidato tem que ter muita ligação com a cidade. Tem que ter história na cidade. Eu acho que sempre que você busca um aventureiro, um principiante, você corre risco na cidade, porque não aproveita as oportunidades. Você imagina o grau de oportunidades que nós tivemos na cidade de Fortaleza nos últimos oito anos. Magela: Moroni, Elmano e Roberto Claudio são, então, um risco para a cidade? Inácio: Não sei, o que eu estou dizendo é a minha opinião. Inácio e Chico Lopes têm história, estão fincados aqui na cidade. O eleitor nos conhece, sabe da nossa história, sabe das nossas lutas com os trabalhadores. Érico: Nas últimas pesquisas, o senhor teve muita rejeição entre os mais idosos. O senhor acha que isso ainda é desgaste do seu voto na reforma da previdência, em 2003?Inácio: Com certeza, porque nós tivemos uma reforma da previdência pública. No entanto, na campanha de 2004 foi contratado um cidadão para fazer campanha contra o Inácio, chamado Antônio Vidal, do PCO. Ele fez essa campanha e depois denunciou que foi comprado, que foi corrompido, embora o Ministério Público não tenha se movimentado para averiguar o que é que aconteceu naquela época. É bom que se esclareça esse episódio: na reforma da previdência, muitas coisas precisavam ser corrigidas, e teve uma votação que tratou da votação da cobrança dos inativos. Tem uma matéria do próprio jornal O POVO, de 8 de outubro de 2003, que diz que cinco deputados do Ceará que votaram a favor dos aposentados. Mas um mentiroso, Antônio Vidal, do PCO, insistiu na campanha eleitoral, para criar uma marca, que eu tinha votado contra os aposentados nessa votação. Érico: Mas o senhor votou favorável no texto final. Inácio: O texto final era obrigatório, senão você negaria toda a reforma. Porque nela acertamos o teto, o subteto, para ninguém ganhar mais que um ministro do Supremo Tribunal Federal, para ninguém ter cinco aposentadorias no serviço público, porque isso acontecia. Érico: O Lula lhe pressionou?Inácio: Pressão na base do governo. E era uma proposta do Lula, porque quem mandou cobrar dos inativos foi o presidente Lula. E nós votamos contra. O que houve foi uma campanha mentirosa. Érico: Você acha que perdeu para a Luizianne por isso?Inácio: Não. Acho que esse foi um ingrediente. O problema da eleição é que você tem muitos movimentos. Você vê que o PMDB se movimentou na eleição, que o Aloísio Carvalho foi abandonado. Para onde foi o voto do PMDB? Então, todo mundo disputou a eleição usando armas de todo o tipo. Ruy: O senhor mesmo tem justificado seus votos mais polêmicos dizendo que o seu voto era para ajudar o presidente Lula. Nós podemos entender que o que interessa era ajudar o presidente em um determinado momento, e o povo que se dane? Inácio: Olha, no caso da reforma da previdência, o PCdoB votou contra a taxação de inativos, contrariando o presidente Lula. Nas matérias que eram polêmicas, nós nos posicionamos, na maior parte, a favor do presidente da República, mas isso não era contrariando o interesse da população. Cláudio: E sobre a sua relação com José Sarney, nas denúncias de atos secretos no Senado? Na época, o senhor se manifestou dizendo que achava que o Congresso deveria manter uma boa investigação, mas que não seria aquele o momento dele ser afastado. Ruy: O senhor chegou a dizer que Sarney era o artesão de uma nova política progressista.Inácio: A oposição não tinha interesse em apurar nada. A denúncia se tratava era de uma batalha política, para se tirar José Sarney da Presidência do Senado. Era uma ação política para tentar desestabilizar a base política do presidente Lula. Esse pessoal era o mesmo que derrubou a CPMF, que não deixou que a saúde tivesse dinheiro. Que não deixou a gente botar os postos de saúde para funcionar na cidade de Fortaleza. Que não deixou que os Frotinhas e Gonzaguinhas pudessem se transformar em instrumentos que ajudassem a população de Fortaleza. Se nós tivemos todos esses prejuízos com a queda da CPMF, imagina se a base do presidente Lula fosse desestabilizada, deixando a turma da oposição, da direita, tomando conta? Ruy: Mas candidato, não se trata de desestabilizar a base do presidente. Denunciar as irregularidades de Sarney na Presidência do Senado era ser golpista? Francamente, senador. Inácio: Nós não temos aliança nenhuma com o Sarney. Inclusive, lá na terra do Sarney, no Maranhão, quem enfrentou o Sarney foi o PCdoB, não foi ninguém mais não. Tivemos lá a candidatura do Flávio Dino, do nosso partido. Então vamos colocar as coisas no seu devido lugar. O que nós tratamos no Congresso foi de não desestabilizar o governo do presidente Lula. Érico: Em nome da estabilidade, vale encobertar as investigações?Inácio: Não queira iludir o povo: nós não apoiamos Sarney. Lá no Maranhão nós enfrentamos Sarney. Agora, no Congresso Nacional, quando se tratou de defender o projeto nacional de defender o presidente Lula, que é o principal eleitor dessa cidade, que não querem nem que eu use a imagem dele nas eleições. Este cara eu tive coragem de defender, quando muita gente do seu partido não teve essa coragem. Tentaram derrubá-lo, e eu disse “de jeito nenhum”, derrubar o presidente. Érico: E o que faz com as denúncias nessa hora? Engaveta? Inácio: Não, denúncia você apura, mas ali não tinha esse problema de denúncia. Ali era uma guerra política, você sabe muito bem disso. Cláudio: Mas haviam denúncias de atos secretos no Senado, lobismo do Renan Calheiros. Era um cenário com materialidade, o senhor poderia ter pedido uma investigação.Inácio: Que atos secretos? A oposição não queria investigar irregularidades, ela queria desestabilizar o governo, é isso que ela queria. Érico: Os outros senadores cearenses na ocasião, Tasso Jereisatti (PSDB) e Patrícia Saboya (PDT), declararam voto em relação ao Renan Calheiros. Inácio: E você viu o voto? O senhor me desculpe, mas a votação era secreta, e ninguém sabe como cada um votou. Cláudio: Mas o PCdoB não é um partido que joga aberto?Inácio: Você me desculpe, mas eu não vou aceitar esse tipo de hipocrisia. Você declarar o voto, quando o voto é secreto? Quem é que vai investigar se você votou dessa maneira mesmo? Quem garante? Érico: Mas no Senado, alguns se posicionaram, como a Patrícia, com relação ao Renan Calheiros. Inácio: não me posicionei na época com relação ao Renan, porque o que eu estava discutindo no Senado era como ajudar o meu Estado, como trazer recursos para ajudar o governo Lúcio Alcântara, como quando trouxemos R$ 40 milhões para reformar o Hospital Geral de Fortaleza. Magela: Qual a relação do senador Inácio Arruda com a prefeita Luizianne Lins?Érico: Qual era o papel do PCdoB na Prefeitura? Era só ocupar os cargos? Inácio: A gente sempre teve muita dificuldade em ter um debate permanente entre a administração e os secretários. Alaécio Flor (internauta): O senhor acredita em pesquisas de opinião? Por que tentou proibir a última?Inácio: Não tentei proibir. Eu tentei buscar que fosse cumpridos os critérios, que estão na lei, de garantir que todos tenham os mesmos direitos com relação à pesquisa. Tudo que for perguntado sobre um candidato, tem que ser perguntado sobre todos os candidatos. Nós somos a favor das pesquisas, mas queremos isonomia nas pesquisas, que ninguém seja excluído de nenhuma pergunta. Magela: Ter ido para a gestão Luizianne Lins foi ruim para o PCdoB? Inácio: Acho que não, porque nós temos um grande legado. O único Cuca que está em funcionamento foi exatamente na regional I, em trabalho do Mariano de Freitas, extraordinário gestor, médico. Érico: Mas não foi a Regional que fez o Cuca.Inácio: Quem lutou para que tivesse aquele projeto foi o Mariano de Freitas. É muito importante que se diga isso. Claro que você tem que ter recurso, tem que ter meios, mas não pode negar a participação que houve ali. Quem ENTENDA A NOTÍCIA O senador Inácio Arruda, candidato pelo PCdoB, criticou os abusos que vem sendo cometidos pelas candidaturas das máquinas do Estado e da Prefeitura de Fortaleza, mas defendeu que no futuro voltem a compor uma aliança, considerando isso como fato normal na política. O candidato afirmou ser “um risco” eleger “aventureiros ou iniciantes” para o comando da Capital. “Não podemos colocar principiantes na Prefeitura”, disse Durante a entrevista, Inácio mostrou-se ressentido com a imagem criado sobre ele, de que votara contra os aposentados. “um mentiroso, Antônio Vidal, do PCO, insistiu na campanha eleitoral, para criar uma marca, que eu tinha votado contra os aposentados nessa votação” Bastidores Inácio chegou à redação do O POVO acompanhado pelo deputado estadual Lula Morais e pelo deputado federal João Ananias. O vice, Chico Lopes, chegou depois, minutos antes do início da entrevista. Entusiasmado com a entrevista, Inácio pediu que os entrevistadores “não pegassem” leve com as perguntas. “Se pegar leve, eu chuto a mesa”, disse. Lula Morais não escondeu o desconforto durante os momentos mais tensos da entrevista. Por diversas vezes o deputado levantou de seu assento, gesticulando preocupado e assoprando respostas para Inácio Arruda. O deputado estadual avaliou a entrevista como muito positiva, mas questionou o caráter incisivo de alguns dos questionamentos. Lula e os outros que acompanharam o senador se mostraram incomodados particularmente no caso envolvendo Inácio e José Sarney. Inácio Arruda também considerou positiva a sua participação na entrevista. “Foi ótima, deveria ter uma dessas todo dia”, diz. Próximo candidato Seguindo a ordem da penúltima pesquisa O POVO/Datafolha, o convidado de hoje do A Hora da Verdade é o candidato do Psol à Prefeitura de Fortaleza, Renato Roseno. O candidato será sabatinado pelos jornalistas Erick Guimarães, diretor adjunto de Redação, Jocélio Leal, editor executivo do Núcleo de Negócios, e Henrique Araújo, editor adjunto de Cotidiano. MultimídiaConfira a íntegra da entrevista no portal O POVO Online, em www.opovo.com.br O projeto “A Hora da Verdade” é transmitido pela rádio O PO VO/CBN AM 1010 e portal O POVO Online Ouvintes podem participar, enviando perguntas pelo telefone (085) 3066.4030 Acompanhe a repercussão entre os internautas na página do O POVO Online no facebook. Confira o Documento Debate em http://bit.ly/RH5M2E Entrevistadores Da esquerda para a direitaÉrico Firmo é titular da coluna Política desde 2011. Antes, escreveu a coluna Menu Político, aos domingos, por cinco anos. É também editor adjunto do Núcleo de Conjuntura desde 2007. Aos 30 anos de idade, há oito escreve sobre política nas páginas do O POVO. Participa neste ano de sua quinta cobertura de eleições.Povo, da rádio OPOVO/CBN. É comentarista político. Magela Lima, Magela Lima, 31 anos, é natural de Várzea Alegre, mas deixou o Interior pela Capital ainda pequeno. Desde 1994, vive as alegrias e dificuldades de Fortaleza. É jornalista formado pela Universidade Federal do Ceará e mestre em teatro pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. No O POVO desde 2009, é editor-executivo do Núcleo de Cultura e Entretenimento, onde mantém coluna quinzenal com crítica de espetáculos; e ainda articulista de Opinião. Cláudio Ribeiro, 41, é formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Em 21 anos de profissão, já trabalhou em diversas investigações jornalísticas sobre desvio de dinheiro público. Está no O POVO desde 1995, onde já foi repórter, subeditor e editor de Cidades, repórter de Ciência&Saúde, editor de Primeira Página. Atualmente, é um dos editores do Núcleo de Reportagens Especiais.
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