Embora o partido de Glauber Lacerda apoie Heitor Férrer, ele está apoiando a candidatura de sua esposa, do PMN, e de Roberto Cláudio, do PSB
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Apesar de ser um fato lamentado por dirigentes das mais diversas agremiações, a falta de ideologia partidária está presente nas candidaturas de muitos postulantes a um cargo na Câmara Municipal de Fortaleza, nestas eleições. Enquanto alguns candidatos a reeleição não aderem às orientações de seus líderes, outros que não pretendem voltar ao Legislativo apoiam familiares que estão em outra frente, defendendo a postulação de adversários políticos.
Isso comprova que as siglas estão cada vez com menos força, não podendo, sequer, impor a seus representantes a vontade maior do partido, que é a defesa de uma ideologia. Na Casa Legislativa, durante quase todo o seu mandato, o vereador Carlos Dutra, do PSDB, ao invés de seguir as orientações de seu partido em se manter oposicionista durante os embates na Câmara, muitas vezes votou com a base aliada da prefeita Luizianne e contra a bancada de oposição, na qual, em tese, deveria fazer parte.
Somente nos últimos meses, com o início do debate sobre as eleições municipais, com o candidato Marcos Cals se dizendo "a verdadeira oposição" à gestão petista em Fortaleza, foi que Dutra iniciou um discurso mais incisivo contra a atual gestão.
Outro que não atendeu aos comandos de sua sigla foi o vereador Glauber Lacerda (PPS), filiado a uma legenda que se diz de oposição à Luizianne. O parlamentar não tentará reeleição, e seu partido, atualmente, está coligado com o PDT do prefeiturável Heitor Férrer. No entanto, Lacerda apoia a candidatura de sua mulher, Fátima Sindeaux (PMN), que apoia o candidato do PSB, Roberto Cláudio.
Apoio
O vereador Machadinho Neto (DEM) não irá disputar reeleição, assim como Glauber Lacerda, e também apoia a candidatura de sua esposa, Ruthmar Xavier, que é filiada ao PR, coligado com o PT, que tem Elmano de Freitas como candidato. No entanto, o partido do parlamentar, o DEM, também tem candidato à Prefeitura de Fortaleza, que é Moroni Torgan.
O vereador Mairton Félix, do DEM, diz que seu candidato é Moroni Torgan, mas, durante todo o seu mandato na Câmara, apoiou as propostas enviadas pela Prefeitura e fazia parte da base aliada do Governo, assim como Machadinho Neto. João Batista, do PRTB, também tentará reeleição, mas mesmo tendo um candidato disputando a eleição majoritária, apoia a candidatura petista, confirmando a total falta de ideologia partidária com sua legenda. No programa eleitoral da agremiação, nenhum dos candidatos a vereador pedem voto para Valdeci Cunha.
Retorno
Marcílio Gomes (PSL) é outro que não tentará reeleição e que só não se enquadra no cenário de seus colegas porque o PTC conseguiu se manter na coligação "Para renovar Fortaleza", que apoia Roberto Cláudio. Ele, assim como os já citados, também defende a candidatura de sua mulher, Cláudia Gomes, que é do PTC, legenda que em parte apoia Elmano de Freitas, do PT. Já o partido de Marcílio, o PSL, está coligado com PSB.
Os vereadores Carlos Mesquita (PMDB) e Marcus Teixeira (PMDB) não têm aparecido na campanha eleitoral gratuita na TV, pois não aceitaram pedir votos para o candidato do PSB, Roberto Cláudio. Os dois, na verdade, apoiam o petista Elmano de Freitas, inclusive, em eventos realizados pelo candidato, Carlos Mesquita já tem apoiado e subido aos palanques.
Carlos Mesquita lamentou o fato de o partido não ter candidatura própria para a majoritária e estar disputando a proporcional sozinho, onde os sete estão "brigando" para eleger, pelo menos, três. "Quatro vereadores do PMDB de 20, 18, 17 anos de mandato vão deixar a vida pública porque essa coisa está acontecendo e estamos brigando um contra o outro, cada um buscando o seu espaço ou mais voto".