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Heitor Férrer defende técnica na administração pública - QR Code Friendly
Quinta, 17 Outubro 2019 05:49

Heitor Férrer defende técnica na administração pública

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Ojornal O Estado conversou com o deputado estadual Heitor Férrer, que recentemente anunciou sua pré-candidatura à Prefeitura de Fortaleza, em 2020, pelo Solidariedade. Além das expectativas para o pleito, o deputado falou também sobre sua atividade parlamentar e os rumos da política no Brasil desde as eleições de 2018. Confira:   O Estado. Na última semana, você apresentou um projeto para isentar as Santas Casas da cobrança do ICMS da energia elétrica no Ceará. O que mais você destaca de sua atuação recente na Assembleia? Heitor Férrer. Estou com um projeto de lei que trata da obrigatoriedade de o governador do Estado enviar para a Assembleia Legislativa os valores repassados pelo governo para os municípios cearenses. Ou seja, se o governador abre uma transferência voluntária para o município de Lavras da Mangabeira, precisaria comunicar aos deputados o valor enviado, para a gente acompanhar. É uma agenda positiva, quando o governador libera recursos para os municípios ele está se fazendo presente nesses municípios, e nós deputados, que somos representantes desses municípios, devemos ter o conhecimento dessas ajudas e dessas transferências. Outro projeto que estou apresentando é para que a Assembleia receba do governador todos os recursos que a União encaminha para o Ceará. Não é receita carimbada, não é FPE [Fundo de Participação dos Estados], são convênios que estados e a união têm. São dois projetos que considero de extrema importância porque vão na direção da transparência do dinheiro público.     OE. Você anunciou que é pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza em 2020. A cidade está acostumada a vê-lo na figura do fiscalizador, cobrando no Legislativo; como pretende convencer a população de que conseguirá também ocupar a posição de administrador? HF. Quem quiser administrar bem tem que ser bem assessorado. Se você tem um gabinete que tenha um assessoramento nas mais variadas áreas técnicas, você faz um bom mandato, e eu faço esse assessoramento.   O reflexo do administrador são seus colaboradores. E aí a preocupação de que se deve colocar nas pastas técnicos competentes e capazes para administrar as áreas que o município requer: educação, saúde, infraestrutura, finanças, trânsito e políticas públicas e sociais. Então, se o gestor é um fiscalizador – e eu sou um pré-candidato que atuou muito na fiscalização –, eu chegando ao Executivo tenho que primeiro não negar minhas cobranças, segundo ter um governo de técnicos, e assim certamente farei um bom governo.     OE. Uma preocupação que surge, em meio a isso, é se seu atual partido, o Solidariedade, vai poder oferecer a estrutura necessária para a candidatura. Em que pé está isso? HF. Se você tem respeito a uma cidade como Fortaleza, com 2,5 milhões de habitantes, se você pretende ser candidato com seu partido e se você não se estruturar, está desrespeitando a cidade e seu eleitor. Então conversei com Genecias [Noronha, deputado federal pelo SD], ele falou com Paulinho [da Força], presidente nacional, e ele pediu para que eu fosse a Brasília para ter minimamente a noção de como serão os gastos de campanha. Não sou inocente de imaginar que uma campanha para disputar a quinta capital do País seja fácil, preciso minimamente de uma estrutura para poder fazer a campanha caminhar.     OE. Considera mudar de partido, caso ele não consiga oferecer essa estrutura? HF. Não. Se o partido tiver condição de me dar estrutura, farei todos os esforços para que eu seja candidato. Se não tiver condição, continuo com o partido. Não vou mudar por conta disso. A pretensão é de que tudo dê certo, mas jamais sair do partido porque não reuniu condições para uma candidatura.   OE. O que considera que aprendeu de mais importante nas duas candidaturas anteriores que poderá ser levado para essa nova? HF. Que precisa ter uma estrutura mínima. Eu não tive estrutura no PSB. O PDT me deu uma estrutura muito boa no que diz respeito aos valores humanos, naquela época muito com Flávio Torres [coordenador da campanha], com André Figueiredo, presidente do partido, apoio bom da executiva, do diretório e dos militantes. Então eu tinha uma estrutura não de recurso, mas tive muita boa vontade dos companheiros.   OE. As eleições do ano que vem devem ser bem diferentes, com as novas regras sobre as coligações partidárias. Como avalia que isso deve mudar o cenário? HF. Somos buscados por algumas pessoas que pretendem se candidatar a vereador pelo partido, mas existe algo que me deixa extremamente entristecido, que é quando a pessoa já pergunta o que a gente vai dar em termos financeiros.   E se deveria ingressar num partido pensando numa candidatura com relação a ter caráter, boa vontade, teor ideológico – não é ideológico de esquerda ou de direita, que isso tende a se acabar, caminha para isso, e sim caráter ideológico de ajudar as pessoas, ajudar uma boa gestão. E eu tenho sentido que, quando as pessoas vêm, elas vêm pensando no que o partido tem para doar para suas candidaturas, não é que ele queira doar seu nome e seu trabalho para a candidatura do partido.   OE. Você mencionou a dualidade de esquerda e direita. Como avalia o avanço dessa lógica no Brasil, como vem acontecendo de 2018 para cá? HF. Ficou agora porque temos um presidente que não virou a página da campanha, continua no palanque, e temos uma oposição que vai para essa disputa também. Mas vejo que isso tem dividido o País e isso é muito ruim. Passado o processo eleitoral, cabe ao presidente e ao governo a unidade nacional, para administrar o País para todos e não escolher quem são os seus aliados e tentar enfatizar que dirige contra os que lhe foram adversos. Então, se eu fosse próximo ao presidente, eu diria “vire a página, vamos administrar o País, unir o País e dar resultados, que é isso o que o povo quer”.   OE. Acredita que isso vai atingir o Ceará também, no cenário local? HF. Certamente irá, na campanha para prefeito, deverá polarizar também. E essa polarização às vezes anula os demais, porque ela, quando é ideológica, não se submete aos conhecimentos, não se curva à racionalidade. Não querem pensar em ética, querem apenas ganhar, a meta é a vitória. E para chegar nessa vitória, a ética e a moral devem ser respeitadas.   OE. Na última terça-feira, o caso do desabamento do prédio no Dionísio Torres chegou a interromper a sessão na Assembleia. Qual você considera que é o papel do Legislativo em uma situação como essa? HF. O papel do Legislativo é fazer com que suas leis sejam cumpridas, mas existe um papel pedagógico, que é o seguinte: não vamos esperar que a Prefeitura venha ao nosso prédio cobrar o certificado de vistoria predial.   A Prefeitura tem obrigação de fazer, porque está na lei, mas quem tem seu patrimônio deve zelar por ele. É como quem tem um carro e quer ter aquele patrimônio por toda a sua vida, tem que fazer as reformas, as vistorias, porque a preservação depende disso. O prédio, que é um patrimônio incalculável, esse é que deve ser zelado. O que aconteceu com o edifício Andréa prova mais uma vez que, infelizmente, o poder público tem que estar presente na vida das pessoas cobrando, porque o afrouxamento do cumprimento do dever da Prefeitura leva a isso.
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