Dos dez candidatos, apenas Valdeci Cunha não participou do evento. Cada prefeiturável teve dez minutos para tratar da garantia do acesso ao esporte pela população, do pacto pela transparência nos investimentos nas obras para a Copa e da aplicação de ações para o desenvolvimento sustentável
FOTO: ALCIDES FREIRE
Os prefeituráveis firmaram compromisso para executar ações de transparência, esporte e sustentabilidade
Os dez candidatos à Prefeitura de Fortaleza foram convidados para participar ontem, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), da campanha "Copa, Olimpíadas e Eleições: qual é o legado para a sua cidade". Na ocasião, cada postulante assinou três compromissos: com o esporte, com a transparência na gestão e com a sustentabilidade.
O evento está sendo debatido em todas as capitais brasileiras que serão sedes da Copa e das Olimpíadas. O objetivo é estimular os postulantes ao governo municipal a garantir investimentos sociais como parte do legado dos megaeventos esportivos. A iniciativa partiu de três organizações: a Atletas pela Cidadania; o Instituto Ethos, por meio do projeto Jogos Limpos, e a Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, por meio do Programa Cidades Sustentáveis.
Dos dez candidatos, apenas Valdeci Cunha (PRTB) não participou do evento. Cada prefeiturável teve dez minutos para tratar dos três assuntos em que se basearam a assinatura dos compromissos, ou seja, a garantia do acesso ao esporte pela população, o pacto pela transparência nos processos de decisão e investimentos nas obras para a Copa e a aplicação de ações para o desenvolvimento sustentável.
A maioria dos candidatos não falou em seus discursos dos três temas salientados pelo evento. Um dos pontos mais citados foi a transparência. Heitor Férrer (PDT) aproveitou para criticar o modelo adotado no País para informar aos cidadãos os gastos públicos. "É tão transparente que não vemos nada", observou. De acordo com ele, se eleito, toda a movimentação dos recursos públicos da Prefeitura estará "on line" para qualquer cidadão que, conforme assegurou, terá facilidade em ver para onde o recurso foi e quanto foi gasto.
Obras
De acordo com Inácio Arruda (PCdoB), a transparência em sua gestão será baseada na Lei Geral de Acesso à Informação, que já está em vigor no País, pontuando que todas as informações sobre as obras para a Copa do Mundo de 2014 estarão disponíveis aos cidadãos.
A ideia de Roberto Cláudio (PSB) é disponibilizar, no portal da transparência da Prefeitura, um ícone específico para tratar somente dos investimentos nas obras para a Copa. O socialista defendeu ainda agilizar obras de mobilidade urbana que competem à Prefeitura de Fortaleza e que, segundo ele, estão paradas.
Além disso, Roberto Cláudio afirmou ser necessário pensar na qualificação da mão de obra para ofertar um serviço de qualidade não apenas durante o evento, mas que perdure. Por isso, disse pretender, se eleito, criar uma "força tarefa" para tratar apenas dos assuntos referentes ao evento esportivo mundial.
O candidato do PSB defendeu, em entrevistas, a realização dos jogos da Copa do Mundo em Fortaleza como forma de alavancar o potencial turístico da Capital. Segundo ele, será uma grande oportunidade para a cidade ser vitrine para o mundo. "Vamos fazer uma força tarefa com profissionais de todos os segmentos para deixar Fortaleza equipada e pronta para receber a Copa do Mundo", argumentou.
Trampolim
Já Moroni Torgan (DEM) fez questão de frisar a importância da Copa para a Capital cearense. Ele argumentou que, além de obras importantes que ficarão para os fortalezenses, como as de mobilidade urbana, o evento vai "abrir Fortaleza para o mundo". Além disso, Moroni entende que a Copa é um "trampolim" para melhorar a geração de emprego e renda, contribuindo, assim, para o crescimento econômico da cidade.
Sobre o incentivo ao esporte, Moroni Torgan alegou a necessidade de aproximar mais o esporte das escolas, pois considera uma forma de estimular a prática esportiva para crianças e adolescentes. A mesma ideia foi defendida por Renato Roseno (PSOL). De acordo com o candidato do PSOL, apenas 9% das escolas em todo o Nordeste possuem quadras esportivas. Ele defendeu a construção de mais quadras nas escolas e, principalmente, na periferia.
Saneamento
Roseno aproveitou também para criticar a política de saneamento básico da cidade e a remoção de famílias para a realização de obras. Segundo ele, metade de Fortaleza não tem coleta de esgoto, reflexo, conforme pontuou, de uma cidade que é a segunda do País em desigualdade social. Sobre a remoção de famílias, o candidato disse ser totalmente contrário a esse tipo de iniciativa que, conforme ele, não respeita a história da cidade.
Elmano de Freitas (PT) destacou as ações da Prefeitura. Disse que sobre as obras para a Copa, a gestão irá entregar à população três viadutos, três túneis e a melhoria de três avenidas, com corredor exclusivo para o transporte público. O petista admitiu ter atrasos nesses projetos, argumentando também ter atrasos nas obras do Governo do Estado, citando como exemplo o Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs), mas que isso não é culpa do gestor, mas da burocracia.
Sobre o esporte, Elmano de Freitas informou que a atual gestão municipal já investe nessa área através de programas como Espaço Oriental e Academia na Comunidade, que atende, segundo ele, cerca de 20 mil pessoas, afirmando que sua ideia é ampliar esses projetos.
Marcos Cals (PSDB) criticou vários pontos da atual administração, lamentando haver falta de planejamento em muitas áreas, dentre elas, a saúde. Segundo o tucano, sua maior meta é colocar os serviços ofertados pela Prefeitura para funcionar.