Mais do que um debate, o evento que reuniu seis dos dez postulantes à prefeitura de Fortaleza, na manhã de sábado, foi a afirmação de um compromisso por escrito com pelo menos 300 mil habitantes da Capital. A “Plataforma de Lutas Prioritárias do Grande Bom Jardim, Jangurussu e Ancuri” foi referendada pelos candidatos como ações fundamentais para essas regiões caso assumam o Executivo municipal em 2013. O quinto debate entre os candidatos aconteceu no bairro Canindezinho. Os prefeituráveis elogiaram o documento elaborado em conjunto pela Rede de Desenvolvimento Local, Integrado, Sustentável (DLIS) e pela Rede de Articulação do Jangurussu e Ancuri (Reajan), também promotoras do encontro. O texto sugere iniciativas do gestor para áreas de habitação, meio-ambiente, segurança, saúde e juventude. Lidas antes de iniciar o debate, algumas propostas tiveram adesão imediata da plateia, composta por lideranças comunitárias e moradores. Não utilizar a guarda municipal na repressão de jovens pobres e tratar o uso de drogas como questão de saúde pública foram ideias intensamente aplaudidas. O debateExceto Roberto Cláudio (PSB) e Moroni Torgan (DEM), os concorrentes Inácio Arruda (PCdoB), Heitor Férrer (PDT), Renato Roseno (PSol) e Marcos Cals (PSDB) disseram concordar integralmente com a plataforma. Roberto justificou que algumas ações dependem de outros poderes – e não apenas do Executivo. Moroni argumentou que fará apenas o que a lei lhe permitir. Os candidatos não travaram confronto direto. Responderam perguntas pré-formuladas e sorteadas na ocasião. O foco continuou sendo saúde e segurança, as duas maiores preocupações do fortalezense. Elmano de Freitas (PT), Valdeci Cunha (PRTB), Gonzaga (PSTU) e André Ramos (PPL) não compareceram. Onde ENTENDA A NOTÍCIA Dos cerca de 29 mil domicílios do Jangurussu e do Ancuri, apenas 24% têm acesso a saneamento básico. No Grande Bom Jardim, 491 mortes violentas foram registradas nos últimos anos. Moradores pedem atenção. SERVIÇO Para ler a íntegra do documento com as propostas assinadas pelos candidatos, acesse: www.opovo.com.br Bastidores O candidato Moroni Torgan (DEM) foi o primeiro a chegar para o debate; o último, Roberto Cláudio (PSB), apareceu quando o sorteio dos lugares na mesa já havia sido feito. Também atrasado, Marcos Cals (PSDB) veio pouco antes de Roberto Cláudio. O público foi solicitado a não manifestar opinião de desagrado. Aplaudir podia; vaiar, não. Ainda assim, o prefeiturável Elmano de Freitas (PT) não deixou de ser lembrado negativamente pela plateia quando seu nome foi chamado para assinar o documento referendado pelos outros candidatos. Enquanto os representantes da Rede DLIS e da Reajan liam a plataforma de propostas, Marcos Cals e Heitor Férrer (PDT) travavam uma conversa animada. Saiba mais O documento referendado pelos candidatos consiste em dois eixos. O primeiro propõe soluções para uma “cidade justa e sustentável”, e o segundo aposta na “segurança para a vida”. Veja algumas das sugestões para o próximo prefeito: Decreto imediato de regulação das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) e processo de criação do Conselho Gestor para implantação das Zeis do Bom Jardim, garantindo a infraestrutura e ampla divulgação para a participação popular; Limpeza periódica, arborização, urbanização, uso qualificado dos canais que compõem a bacia do Maranguapinho; Construir o Posto de Saúde do Santa Maria, João Paulo II, “demandas antigas, incluídas e ignoradas no Orçamento Participativo (OP)”; Não utilizar a guarda municipal na repressão da juventude, do movimento popular organizado, priorizando o debate e a gestão pacífica dos conflitos; Implantar creches e pré-escola para atender a demanda de crianças na região; Apoio técnico e financeiro a experiências de museologia comunitária.