Deputados que tentam reeleição para a Assembleia Legislativa sentiram o desgaste da classe política nos primeiros dias de campanha eleitoral. De acordo com eles, apesar de uma apatia de parte do eleitorado, a população tem cobrado cada vez mais empenho dos representantes, visto o descrédito que o homem público vem acumulando ao longo dos últimos anos.
A campanha teve início, oficialmente, no último dia 16 de agosto e segue até 4 de outubro, três dias antes do pleito deste ano. Para Osmar Baquit (PDT), a campanha tem sido marcada por uma apatia do eleitorado, que não demonstra interesse pelas candidaturas. "Esta é uma campanha com menos tempo nas ruas, mas não pegou para ninguém. Não tem grandes mobilizações, e acredito que isso vai acontecer só para o final, com pouca participação do eleitor".
O deputado João Jaime (DEM), por sua vez, acredita que há uma resistência maior aos deputados federais que tentarão reeleição, visto o desgaste que tiveram com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e com ações impopulares do Governo Temer (MDB). "Tenho visto um desgaste bem maior para os deputados federais, e não tenho encontrado resistência à minha pessoa ou a do governador e senadores", disse.
Já Renato Roseno (PSOL) afirmou ter verificado que há um descrédito generalizado da classe política, que, conforme avalia, leva ao crescimento "de um populismo autoritário, que é perigoso para a democracia". Ele tem buscado mostrar o que fez no atual mandato, defendendo a necessidade de uma "oposição programática" no Legislativo.
Outro deputado, que preferiu não se identificar, reclamou dos pedidos de dinheiro feitos por eleitores que se aproveitam do descrédito da classe política para aumentar o valor do voto vendido. "A faca está grande", ironizou o parlamentar. Heitor Férrer (SD), por outro lado, disse que não ouviu críticas ou decepção do eleitorado. "Estou surpreendido com o carinho com que recebem e pedem 'santinhos', dizendo conhecer meu trabalho. A decepção existe, sim, mas achava que seria pior".