De lados opostos quando da briga política que resultou na extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) em 2017, os candidatos a deputado estadual Domingos Filho (PSD) e Heitor Férrer (SD) vão disputar voto na mesma chapa.       Parte da base aliada do governador Camilo Santana (PT), que concorre à reeleição, a coligação de Domingos e Heitor é formada, além de PSD e SD, por MDB, PRB, Podemos, Avante, PHS e PSC.       Hoje conselheiro em disponibilidade do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que incorporou as funções do antigo TCM, Domingos entra na corrida por um assento na Assembleia Legislativa do Ceará depois de se reaproximar do governismo.       O ex-presidente da Corte de contas municipal rompeu em 2016 com o grupo de Cid Gomes (PDT), de quem foi vice-governador. Apeado do TCM, ensaiou voo oposicionista ao lado dos senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (MDB).       Em maio deste ano, porém, no mesmo dia em que o tucano lançava o General Theophilo ao Governo, Domingos anunciava entendimento com Cid.       Para o candidato, a derrota na queda de braço travada com o Palácio da Abolição é uma querela passada. "Isso é assunto superado, não me preocupo mais com isso", disse ao O POVO.       Questionado se o incomodava integrar a mesma composição partidária de Heitor, autor do projeto de lei que pôs fim ao TCM, o postulante afirmou que o "deputado foi mero instrumento naquele momento (na extinção do TCM)".       Em seguida, porém, Domingos cutuca o algoz. "Ele vai disputar voto comigo, o que é bom. Mas agora vamos nos encontrar pelo voto do povo", contou. "O destino colocou a gente de novo, um no caminho do outro."       O conselheiro acrescenta: "O Heitor deveria fazer um partido só pra ele. Porque nunca está satisfeito e nunca acompanha o partido em que está. Seria o 'PHF'", brinca, fazendo alusão às iniciais do parlamentar.       Candidato a novo mandato na AL-CE, Heitor admite que vai "disputar com quem há pouco tempo estava brigando", mas faz questão de lembrar a condição precária do adversário, que depende de liminar da Justiça para concorrer a cargo eletivo.       "O Domingos não reúne condições de candidatura porque ele é juiz", disse o deputado ao O POVO. "A justiça vai impugnar a candidatura dele. Tanto que estão inscritos os dois: ele e a esposa."       Domingos é casado com a ex-prefeita de Tauá Patrícia Aguiar, também é candidata e mãe do deputado federal Domingos Neto, ambos do PSD.   Então no PMB, Patrícia disputou as eleições no município em 2016, mas foi derrotada por Carlos Windson (PR), vitorioso com 50,14% dos votos - a adversária obteve 49,86%.       Um só   O registro das candidaturas de Domingos Filho e Patrícia Aguiar pelo PSD deve-se a estratégia para garantir que um dos dois esteja na disputa. Há dúvidas quanto à elegibilidade dele, já que a situação dela, garante Domingos, não tem qualquer pendência legal.       HENRIQUE ARAÚJO