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Coluna Erico Firmo - QR Code Friendly
Sexta, 23 Fevereiro 2018 05:04

Coluna Erico Firmo

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A eleição com o Capitão Capitão Wagner (PR) não é aventureiro, mas tem senso de oportunidade. Entre esses dois parâmetros, a hipótese de ele ser candidato a governador balança. Agora, com viés de alta. A presença do deputado como adversário de Camilo Santana (PT) muda a disputa. Pelo simples fato de que a oposição passa a ter candidato de fato. Nada contra o Psol, partido de valor. Mas, faltam dinheiro, tempo de propaganda, alianças e maleabilidade, atributos essenciais para se ter chance numa eleição majoritária. O Capitão confere competitividade a uma disputa que caminhava para ser por WO.   Wagner é o pior adversário que o governador poderia ter. Ele personifica a maior fragilidade desta administração — e de todas as anteriores neste século e até antes. Tomou de Heitor Férrer (PSB) o posto de mais perceptível contraponto ao grupo Ferreira Gomes. Família que é principal causa de rejeição — embora, igualmente, fonte maior de apoio ao governador.   Sem dizer uma palavra, Wagner já é oposição a Camilo.   ANTÍDOTO PODE NÃO ESTAR DISPONÍVEL   Na campanha para prefeito, em 2016, Roberto Cláudio (PDT) foi feliz ao neutralizá-lo, com Moroni Torgan (DEM) como vice. O delegado aposentado quer ficar do lado do governo. Mas, o DEM nacional não gosta da ideia de se aliar a um petista. Assim como o PT terá de explicar como autorizou um de seus governadores a se juntar ao “golpista” DEM. Certo, Camilo já está agarrado a Eunício Oliveira (MDB) e nada o faz largar. Mas, o velho novo MDB está atrelado ao PT em vários outros estados. O DEM é caso mais complicado e de mais longa data. Além do que, dificilmente haverá alguém com perfil de Moroni na chapa. Nos bastidores, Zezinho Albuquerque (PDT) é pule de dez para assumir o lugar de Izolda Cela (PDT) na chapa governista. A última eleição do deputado para presidir a Assembleia, em dezembro de 2016, já deu mostras de que seu tempo de comando do Legislativo atingiu o esgotamento. Aquela disputa com Sérgio Aguiar (PDT) provocou fissura na base aliada cuja consequência, entre outras, foi a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).   Então, Zezinho buscará outro caminho e provavelmente será no Poder Executivo, ao lado de Camilo.   RISCOS E FRAGILIDADES DE WAGNER   A disposição de Wagner para ser candidato envolve aceitar riscos. Nos últimos 60 anos, dois governadores foram eleitos como opositores ao Poder Executivo de plantão. Um foi Parsifal Barroso, em 1958. O outro foi Cid Gomes, em 2006. É uma empreitada incerta e, se perder, o Capitão fica sem mandato. Camilo construiu bases sólidas para a reeleição. Costurou aliança que dá tranquilidade da qual Cid Gomes nunca desfrutou. Teve méritos, como atravessar sem sobressaltos a crise econômica na qual muitos estados foram à bancarrota. E os resultados na educação e infraestrutura são expressivos. Na saúde, conseguiu erradicar o surto de sarampo. Mas, os problemas persistem. Na segurança, há o desastre.   No saldo final, Camilo é favorito para se reeleger. Caso decida arriscar o mandato — e desistir da perspectiva de eleger robusta bancada para o Pros, seu futuro partido — Wagner sabe que será para entrar como azarão.   Essa perspectiva havia sido afastada na virada do ano e retornou porque a situação de Camilo na segurança só piora. O Capitão nem via chance. Agora, enxerga alguma.   Entre idas e vindas, Wagner criou alguns problemas para si. Um de seus grandes trunfos é a militância mais barulhenta e articulada entre todos os grupos políticos do Ceará na atualidade. O Capitão é mais arejado e esclarecido que a quase totalidade dos apoiadores — por isso mesmo os lidera. Em nome de agradar essa base, ele se abraçou ao que há de mais retrógrado e repugnante na política brasileira.   Chegou a gravar vídeo com Jair Bolsonaro (PSC-RJ), a quem chamou de presidente. A aproximação entre eles foi motivo, aliás, do afastamento de Tasso Jereissati (PSDB). O Capitão pensava fazer um giro, mas pode ter feito um girau. Na mesma época, Bolsonaro começou a ser alvo de denúncias e questionamentos sobre aumento de patrimônio e uso indevido de verbas. Além do cálculo que Wagner talvez não tenha feito: o pior desempenho de Bolsonaro nas pesquisas é no Nordeste, onde passa longe do apelo de outras regiões.   Agora, Wagner já trata de tentar se distanciar. Mas, esse tipo de movimento deixa nódoas.  
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