Doutora Silvana rodou a baiana Quando recebeu notificação formal para se apresentar ao Conselho de Ética do PMDB, no plenário da Assembleia Legislativa do Ceará, a deputada Doutora Silvana perdeu a paciência, que por sinal já é pouca. Cresceu pra cima do partido e gritou aos quatro ventos que ninguém expulsa”…esta serva de Deus lavada no sangue do Senhor”. Doutora Silvana bateu no peito e disse que sua ficha no PMDB havia sido assinada por Paes de Andrade, do PMDB de Ulysses Guimarães. A contou uns segredos que poucos sabiam. Ela disse que o senhor Gaudencio Lucena, presidente em exercício do partido no Ceará, ligou pra ela e disse que se ela continuasse votando a favor do fim do TCM teria seu mandato suspenso. E mais: veio lá de dentro do PMDB um aviso de que eu não seria líder do partido e que só o seria se tivesse a conquista dos parceiros, lá dela. Doutora Silvana pegou pesado ainda, quando disse que entrou no partido com seus pés e que sairia assim.   “E podem até me expulsar, mas sairão todos desmoralizados”. Foram 30 minutos de ranger de dentes, sem lágrimas, mas com uma raiva que parecia adormecida ou atormentada. Dirigindo-se a Gaudencio Lucena, a deputada apontou pras câmeras da TV Assembleia e disse: “Olhe, senhor presidente, quem precisa ser expulso do PMDB é o senhor! O senhor precisa sair de um partido honrado, onde passou Ulysses Guimarães!”. E lançou um repto: vocês querem me expulsar do PMDB, pois expulsem primeiro o Michel Temer! Eu não perco o mandato por isso, não. Eu vou até o Supremo e digo lá o que estou dizendo aqui, perorou. Olhe, eu não quero sair do PMDB, não. Eu quero transformar o PMDB, falou ainda com o dedo em riste. Na verdade, depois do discurso de Silvana, vai ficar difícil o partido segurá-la. Mas diria meu saudoso Tio José Ferreira, o Ferreira Gullar de todos nós: se correr o bicho pega; se ficar, o bicho come.